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Festival do Rio | Cult nos anos 1970, o raro Ternos Caçadores é atração neste domingo (9)

Dirigido por Ruy Guerra em ilha europeia, longa tem ator-fetiche de Kubrick no elenco

RF
09.10.2016, às 12H48.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Um ano depois de sair da Première Brasil do Festival do Rio com o prêmio especial do júri por Quase Memória, ainda inédito em cartaz, o veterano cineasta moçambicano Ruy Guerra, radicado no país desde a década de 1950, regressa à maratona cinéfila carioca para uma sessão única de um clássico multinacional filmado na França, em inglês: Ternos Caçadores (Sweet Hunters).

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Sterling Hayden, o astro de Ternos Caçadores

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Produto da fama internacional adquirida pelo octogenário cineasta depois da conquista de um Urso de Prata em Berlim por Os Fuzis (1964), sua obra-prima, o longa-metragem, de 1970, será exibido unicamente neste domingo, às 17h, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), devolvendo às telas à imagem galante do ator americano Sterling Hayden (1916-1986), parceiro do mítico Stanley Kubrick em O Grande Golpe (1956) e em Dr. Fantástico (1964). Filmada em uma região insular, nas cercanias de Saint-Malo, a trama segue os passos do biólogo Allan (Hayden), um estudioso de pássaros, que se vê refém da sorte com a chegada de um prisioneiro fugitivo à sua ilha.

“Fui convidado para fazer este filme por um milionário canadense que adorou Os Fuzis e queria que eu filmasse na Europa, com incentivos do Canadá, o que, por uma série de circunstâncias econômicas daquele país, acabou atrapalhando o investimento de recursos no lançamento do longa no mundo. Ternos Caçadores foi muito mal distribuído e sequer teve uma estreia comercial no Brasil. Mesmo assim, virou um cult na francesa, onde bateu em cheio na sensibilidade dos críticos dos mais diferentes jornais do país”, orgulha-se Guerra, que, cheio de disposição, aos 85 aos, prepara-se para rodar Palavras Queimadas. “Hayden era um dos meus atores preferidos. Um dos associados chegou a levantar outros nomes, como o de Sidney Poitier, mas eu fiquei animado com a chance de termos Sterling. E acabamos fazendo um filme muito intimista.”

A projeção de Ternos Caçadores no MAM integra a seção Cinema Novo/Cinema Marginal do Festival do Rio, que resgata ainda outra gema brasileira pouco exibida: Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa (1970), agendado para esta quarta, às 17h, na Cinemateca. A direção é de David Eulálio Neves (1938-1994). Entre todos os diretores do Cinema Novo, Neves é o menos estudado e, quiçá, o menos compreendido em sua potência como realizador, em parte por ter dedicado sua vida – nos anos 1960 – a ajudar os colegas de movimento. Mas neste thriller policial, com base na literatura de Rubem Fonseca, é possível compreender todo o brilhantismo de sua composição de planos. E tem Paulo Villaça (1933-1992), o astro do cult O Bandido da Luz Vermelha (1968), numa versão (livre) do advogado e faz-tudo Mandrake, o anti-herói nº1 do escritor.

Em sua competição nacional, o Festival viu ontem a consagração da atriz Leandra Leal em sua estreia como diretora, à frente do documentário Divinas Divas. No longa, a estrela de Lobo Atrás da Porta (2013) retrata um encontro entre musas do travestismo no Brasil, como Rogéria e Eloína dos Leopardos. Mais do que ensaio antropológico sobre as raízes da cultura trans no país, o filme investiga a importância do Teatro Rival, uma casa de espetáculos musicais no centro do Rio, como um lugar transgressor na saga LGBT nacional, servindo de palco de igualdade ao longo da História das artes cênicas no país. O teatro foi do avô de Leandra e passou para sua mãe, a também atriz Ângela Leal.

Como cineasta, Leandra filma o processo de ensaio para um show de suas “divas” e coleciona causos de cada uma, trançando-os com suas experiências pessoais, o que aproxima o projeto de uma corrente documental latino-americana chamada de Álbum de Família, na qual diretores abrem suas memórias familiares mais pessoais. Sua exibição, no sábado, no Cine Roxy, foi um banho de descarrego na plateia, que se deleitou com a engenhosa fotografia de David Pacheco.

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