Emma Stone e Mark Ruffalo em Pobres Criaturas (Poor Things)

Créditos da imagem: Divulgação

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Pobres Criaturas é Frankenstein feminista com papel ousado para Emma Stone

Omelete assistiu ao filme no Festival de Veneza

Omelete
2 min de leitura
01.09.2023, às 13H50.

Você pode chamar Yorgos Lanthimos de tudo, menos de ser um cineasta padrão. É só olhar sua filmografia, que inclui Dente Canino, de 2009, A Lagosta, de 2015, e A Favorita, de 2018. Pobres Criaturas, que participa da competição do 80º Festival de Veneza, comprova a regra. O filme foi recebido com entusiasmo na sessão de imprensa.

Pobres Criaturas, baseado no livro de Alasdair Gray publicado em 1992, tem Emma Stone no papel de Bella Baxter, trazida de volta à vida pelo Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), no período vitoriano. Ele é o monstro tornado Dr. Frankenstein que salva a vida de Bella, transformando-a em criatura ao implantar nela o cérebro de um bebê.

Por isso, quando a conhecemos, Bella não consegue falar direito, usando palavras sem verbos ou atribuindo significados errados a elas. Seus movimentos são desengonçados, e a jovem não conhece nada do comportamento em sociedade. De certa forma, Lanthimos volta aqui ao universo de Dente Canino, em que os pais deixam seus três filhos, já adultos, confinados em uma casa, seguindo regras próprias, comportando-se de maneira perturbadora e usando um vocabulário particular.

Godwin quer manter Bella por perto e casá-la com o suave Max McCandless (Ramy Youssef), mas ela deseja conhecer o mundo e a vida e parte para Lisboa com o advogado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo). Cada parada representa o encontro de Bella com os verdadeiros monstros que querem domá-la e um encontro dela consigo mesma.

O roteiro é cheio de diálogos divertidos e absurdos que apontam as diferentes maneiras como se tenta moldar o comportamento das mulheres. Emma Stone se sai muito bem no papel exigente que mistura drama e comédia e inclui muitas cenas de nudez e sexo. Ruffalo também surpreende com um personagem que vai contra sua imagem de cara legal.

Lanthimos optou por dar à Inglaterra vitoriana um ar retrofuturista, que influencia o design de produção e os figurinos, no caso de Bella, nada realistas. Mas ele abusa das firulas visuais, do uso do preto e branco a distorções, que acabam poluindo um filme que se baseia muito nos diálogos e na coreografia dos atores.

Mesmo assim, Pobres Criaturas tem tudo para agradar um público que não teme um filme mais ambicioso que não exige demais do espectador em termos de compreensão da trama ou ritmo. Tem até chance de Oscar, principalmente para os atores e para categorias técnicas.

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