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"Fiz escolhas erradas, mas estou sempre em transformação", diz Jean-Claude Van Damme, destaque em Cannes

Ator deve passar pelo festival esta semana

07.05.2018, às 16H24.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Considerado o hotel mais luxuoso da Riviera Francesa, apelidado de “Morada de Deus” por hospedar os maiores astros do cinema americano, o Carlton, situado na orla de Cannes, só aluga sua fachada milionária para publicidades relativas a projetos de Hollywood nos dias de maio em que a cidade, anualmente, realiza o mais prestigiado festival do mundo do cinema.

Jean-Claude Van Johnson/Aaron Epstein/Reprodução

De fato, na véspera de o evento começar - inaugurando a competição pela Palma de Ouro nesta terça (8) com Todos Lo Saben, drama do iraniano Asghar Farhadi com Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín – estão na entrada da luxuosa hospedaria banners de Missão Impossível: Efeito Fallout e Han Solo: Uma História Star Wars. Porém, nem Tom Cruise nem o contrabandista chamam mais atenção do que Jean-Claude Van Damme. Há cartazes do kickboxer por todo lado, como protagonista. Há tempos Cannes deixou de dar bola para a existência dele, depois que problemas com drogas liquidaram sua carreira. Mas depois da série Jean-Claude Van Johnson, o jogo virou a favor dele.

"Durante anos, produtores de segunda me ferraram, pois fiz escolhas erradas. Mas estou sempre em transformação, buscando o melhor", disse Van Damme ao Omelete, em recente entrevista na França.

Embora seja desprezado em terras hollywoodianas, onde emplacou sucessos como Soldado Universal, nos anos 1990, Van Damme tem um público fiel na Europa, que renovou-se e cresceu após o seriado. E como Cannes anda torcendo o nariz para medalhões de Hollywood, apostando este ano mais revelações, nada mais justo do que as estrelas do Velho Mundo subirem de cacife. Estima-se que astro nº1 das artes marciais da Bélgica virá ao balneário nesta quarta (9), mesmo dia em que a cidade presta um tributo ao diretor americano Martin Scorsese (de Os Bons Companheiros). Ele vai ser premiado com o troféu Carroça de Ouro. Especula-se que Van Damme, seu fã, vai estar na premiação, um dos acontecimentos mais esperados da Croisette em 2018.

1968 E TERRY GILLIAM

Diante dos 50 anos de 1968, Cannes não deixou a data de fora de sua lista de documentários. O tema aparece em La Traversée, de Romain Goupil, e em A Hora dos Fornos, clássico do cinema novo argentino feito por Fernando Solanas. Fala-se de maio de 68, com seus protestos estudantis, ainda em Jane Fonda in Five Acts, de Susan Lacy. Estudiosa dessa data, a diretora alemã Margarethe von Trotta (responsável por biografias como Hannah Arendt) aborda o fim dos anos 1960 de olhos grudados no legado de um dos maiores diretores que já passaram pelo cinema em Searching for Ingmar Bergman, projeto associado ao centenário do cineasta sueco, morto em 2007.

Uma das maiores preocupações de Cannes em 2018 será resolvida nesta quarta-feira (9). Às 14h (no horário francês) será resolvido a questão judicial entre o produtor português Paulo Branco e o cineasta anglo-americano Terry Gilliam que pode (se o produtor vencer) impedir a projeção do esperado The Man Who Killed Don Quixote, no dia 19. Essa é a data do encerramento do festival, quando o longa sobre o delirante paladino seria exibido na Croisette fora de concurso, após a entrega da Palma, antes de entrar em circuito comercial, em 300 salas francesas. Branco levou Gilliam aos tribunais por divergências de orçamento, datas de finalização e direito patrimonial sobre o filme, que levou 18 anos para sair do papel. É o galês Jonathan Pryce (o alto Pardal de Game of Thrones) quem encarna o Cavaleiro da Triste Figura nesta versão pop da prosa de Miguel de Cervantes.

A data mais quente para o Brasil em Cannes são os dias 12 e 13, quando será exibido por aqui O Grande Circo Místico, de Carlos Diegues, descrito ao Omelete pelo diretor artístico do festival, Thierry Frémaux, como "um filme belíssimo". Jesuíta Barbosa, um dos destaques da superssérie da TV Globo Onde Nascem os Fortes, protagoniza a aventura ao longo de cem anos da História da vida circense brasileira. Coprodução entre Minas Gerais e Lisboa, Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos, de Renée Nader Messora e João Salaviza, tem uma torcida forte na Europa, e passa por aqui no dia 16.

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Confira os destaques desta última semana

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