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"Fiquei impressionado quando assisti Cidade de Deus", diz Ryan Coogler no Festival de Cannes

Diretor de Pantera Negra participou do evento

10.05.2018, às 13H55.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Ovacionado no Festival de Cannes por centenas de cinéfilos das mais variadas origens, ao participar de uma sabatina sobre sua forma de dirigir, Ryan Coogler, cineasta responsável pelo fenômeno Pantera Negra, ressaltou a importância de Cidade de Deus (2002) em sua formação. O papo foi realizado na Salle Bazin no Palais des Festivals, da Croisette, abordando pontos pessoais e profissionais do cineasta americano de 31 anos.

Wikimedia Commons/Divulgação

"Vi muitos filmes com minha mãe quando era criança pois ela era um IMDB ambulante que sabe mínimos detalhes de cena até de um episódio de E.R. Plantão Médico. Mas o primeiro filme estrangeiro que vi foi Cidade de Deus. A ideia de ver um filme de gângster do Brasil era atraente. E fiquei impressionado com o filme ao ver rostos como o meu, que falavam como eu, mesmo sendo brasileiros", disse o diretor no econtro com Cannes.

Paralelo à disputa pela Palma de Ouro, o evento é chamado de Leçon du Cinéma e é aberto a estudantes. Na plateia de Coogler estava o diretor haitiano Raoul Peck, do documentário Eu Não Sou Seu Negro (2016). "É muito bom chegar num lugar como este e ver rostos como o seu. Cannes mudou minha vida e me aproximou de filmes dos mais diferentes do mundo", disse o diretor, que ganhou o prêmio especial do júri na Croisette em 2013 por seu primeiro longa, Fruitvale Station, cuja edição de imagens é assinada pela montadora brasileira Claudia Castello.

Logo que o papo foi aberto, o diretor falou da referência de O Poderoso Chefão sobre Pantera Negra, cuja bilheteria beira US$ 1,3 bilhão. "O Chefão de Francis Ford Coppola é um dos maiores filmes de todos os tempos e falar da mudança radical na vida de um homem depois que seu pai morre e ele precisa assumir seu lugar de comando sobre um império. É assim em Wakanda. E eu gosto muito da dimensão de relacionamento pai e filho, incluindo a perspectiva afro-americana dela, e gosto de levá-la pros meus filmes. Vi Malcolm X e Boyz 'n' the Hood com meu pai quando era muito pequeno e eles marcaram a minha vida, mesmo não sendo filmes para crianças", contou Coogler. "Quando era menino, meus pais sairam um dia para ver O Fugitivo. No que chegaram, ela me contou o filme todo, com precisão de detalhes. Virou o meu filme preferifo de Harrison Ford. Que o povo de Star Wars não escute...".

Tratado pelo site Awards Daily como um potencial concorrente ao Oscar de melhor diretor em 2019, Coogler foi o primeiro dos quatro artistas escalados para dar uma Leçon du Cinéma na Croisette, a ser seguido por Christopher Nolan, John Travolta e Gary Oldman. Cada um vai falar sobre formas de trabalhar nos EUA e fora dele. "Logo que nós começamos as pesquisas para Pantera Negra, eu fui conhecer a África. Fui à África do Sul e tive a certeza de que quero voltar ao continente muitas vezes", disse o diretor, que estudou os filmes de 007 com Sean Connery como referência para as cenas de luta do T'Challa, vivido por Chadwick Boseman. "Disseram pra mim que o Pantera seria o James Bond dos filmes de super-herói. Chad é um grande ator que trabalha de modo bem diferente de Mike (apelido de Michael B. Jordan), que vive Killmonger. Este é um personagem que poderia ter seu próprio filme".

Não faltaram causos de bastidores sobre a entrada de Coogler na franquia Rocky Balboa. "A diretora de fotografia do longa, Maryse Alberti, não sabia que Stallone tinha feito tantos Rockys", conta o realizador. "Ela tinha visto só o I e II. Não sabia que estávamos no sétimo, concebido com inspiração na minha relação com meu pai".

"Divertido" foi seu adjetivo para definir Stallone. "Ele é um cara muito esperto, afiado em suas percepções, que tem muita coisa na cabeça, pois é ator, diretor, roteirista e produtor. E, acima de tudo isso, ele é um astro, na ativa há muito tempo, bem antes de eu nascer", diz Coogler. "Às vezes, no set de Creed, tínhamos só uma página e meia de roteiro para filmar e ele cjegana pela manhã com cinco páginas de anotações, cheio de ideias".

Em sua 71ª edição o Festival de Cannes vai até o dia 19 na Riviera Francesa.

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