Todo ano, o cinema indie dos EUA escolhe um ou dois filmes com cara de Oscar e manda para a seção Un Certain Regard do Festival de Cannes a fim de testar o gosto da crítica, como fez ano passado com Capitão Fantástico e com A Qualquer Custo. Pois coube ao roteirista deste último a missão de trazer para a Croisette un possível oscarizável: o thriller Wind River, sua estreia (e que estreia) na direção, explorando a paisagem nevada das reservas indígenas do Wyoming, o preconceito racial e o machismo. Com cenas de ação eletrizantes e denúncia social aos quilos, seu longa-metragem deixou a plateia em choque diante de um mundo onde só se nota silêncio e neve.
"Eu precisa ser o mais fiel possível às pessoas que encontrei naquela reserva pois é a alma delas que está em jogo", diz Sheridan, que, operando com base em fatos reais deu ao festival seu primeiro heroi: o caçador Cory Lambert, vivido por um inspirado Jeremy Renner.
Nas primeiras cenas de Wind River, ao patrulhar a reserva da qual é vizinho para evitar ataques de leões, Lambert encontra o cadáver de uma índia e denuncia o caso à Lei. Eis que chega a agente do FBI Jane Banner (Elizabeth Olsen), para investigar o caso. Todos, fora Lambert, são hostis a ela, até o legista. Mas, aos poucos, ela vai colhendo provas que a conduzem ao racismo local contra os indígenas - em especial as índias.
"Dei o melhor de mim nesse filme porque existe ali um universo de pessoas que precisa ser retratado", disse Renner ao fim da sessão, que terminou numa explosão de aplausos e elogios dos críticos.
Joe Bernthal, Justiceiro da Netflix, tem uma participação pequena, mas crucial para a virada do filme. Falando em Netflix - que vem causando polêmica no evento pela decisão em não lançar em circuito seus longas selecionados para Cannes -, a plataforma digital volta ao tapete vermelho amanhã com The Meyrowitz Stories, com Adam Sandler e Dustin Hoffman sob a direção de Noah Baumbach (Frances Ha). O longa, de humor, dor e família, está em aqui concurso pela Palma dourada.