Dragon Ball (Toei Animation/Reprodução)

Créditos da imagem: Dragon Ball (Toei Animation/Reprodução)

Mangás e Animes

Artigo

Obrigado, Akira Toriyama, por me ensinar a sonhar acordado

Mesmo sem me conhecer, ele me deu o meu primeiro amigo de infância

Omelete
3 min de leitura
08.03.2024, às 15H49.
Atualizada em 08.03.2024, ÀS 16H01

Eu estava me preparando para dormir quando soube da morte do mestre Akira Toriyama. Em um misto de descrença e negação, levei um bom tempo para compreender o que estava acontecendo. Até ler o pronunciamento oficial de sua equipe, eu não podia acreditar naquela história. “Não houve nenhuma notícia sobre a saúde ele, Toriyama ainda tem muitos anos pela frente”, eu pensei. Mas, infelizmente, era real. Ele se foi.

Não sei dizer exatamente qual foi o primeiro anime que assisti; eu era uma criança dos anos 2000, e cresci cercado por eles. Mas ainda assim, um foi especial. A primeira vez que senti diferença entre uma animação americana e uma japonesa foi com Dragon Ball. Uma criança sem repertório, eu não sabia dizer o que exatamente havia de errado com os outros, mas o desenho do Goku era melhor.

Na escola, minha opinião só se reforçou. Nunca me esqueço de uma das primeiras brigas que arranjei no recreio. No meu grupo de amigos, todos queriam ser o Goku ou o Vegeta na hora da brincadeira, e sempre era uma confusão danada para decidir quem seria quem. Ninguém falava de X-Men ou Liga da Justiça, apesar de todo mundo também assistir. O gostoso era imitar o Goku, fazer a “fusão” e tentar falar ao mesmo tempo, igual aos personagens.

E o motivo para tanta algazarra era familiar entre todos nós: Goku foi um dos nossos primeiro amigos. Ele era o protagonista perfeito: engraçado, divertido e mais carismático do que qualquer um. Quando brincávamos sozinhos, ele estava lá; nas rodas de amigos, Dragon Ball era o assunto. Fosse pelas batalhas contra Frieza, Cell ou Majin Boo, ou até pela catarse coletiva de erguer as mãos em nome da Genki Dama, não se falava em outra coisa.

Na época das fake news sobre “o baralho de satanás” de Yu-Gi-Oh e “o pacto” da Hello Kitty, ter um narrador gritando “Mr. Satan” na TV na hora do almoço não ajudava, mas isso não era o bastante para nos impedir de assistir ao anime. Nada parava o avanço de Dragon Ball e, a cada episódio, todos o amavam ainda mais.

O mais legal disso tudo é reconhecer que a influência de Akira Toriyama nas nossas vidas não se limitou ao tempo. Se hoje eu posso escrever sobre animes no maior site de cultura pop do país, é porque o mestre Toriyama me ensinou a amar esse universo tão saboroso. Masashi Kishimoto e Eiichiro Oda, respectivos criadores de Naruto e One Piece, também chegaram lá graças a ele, como evidenciaram em suas cartas de despedida. O mesmo vale para os milhares de artistas que começaram a desenhar tentando reproduzir o Goku perfeito.

Mais forte que a nossa tristeza, é certamente a alegria de saber que crescemos com ele. Quando ele escreveu, foi para a nossa geração, para nos fazer rir e esquecer que o mundo pode ser tão pequeno e cruel na realidade. Não importa quantos mangás e animes venham a ser criados, nada vai superar Dragon Ball.

Obrigado, Toriyama, por me ensinar a sonhar acordado com um universo de esperança. Mais longa que os cinco minutos de Namekusei, será a eternidade do seu legado a importância das histórias que você contou. Siga em paz para sua nova e eterna aventura nesse mundo além do tempo, belo e misterioso, do qual ninguém ouviu falar e que jamais foi encontrado.

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