Superman Esmaga a Klan/O Homem de Aço/Action Comics

Créditos da imagem: DC Comics/Warner Bros./Divulgação

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Não deveria ser tão difícil fazer um filme do Superman

Apesar dos rumores que indicam retorno de Henry Cavill ao DCEU, nenhuma produção solo do Homem de Aço foi confirmada

Omelete
4 min de leitura
10.10.2022, às 17H23.
Atualizada em 11.10.2022, ÀS 16H37

Quem está ligado nas redes sociais já sabe que existem rumores relativamente fortes sobre a volta de Henry Cavill como Superman ao DCEU. Mais do que os infames “insiders” que atiram para todo lado, o retorno do astro de Liga da Justiça tem sido indicado pelo próprio Dwayne “The Rock” Johnson, que vem sugerindo uma aparição do Homem de Aço em Adão Negro, próximo capítulo do universo cinematográfico da DC. Embora a chegada do Azulão pareça quase certa, várias fanpages do personagem e de sua editora divergem em relação à qual versão de Clark Kent as pessoas querem ver nas telonas no futuro. A própria Warner Bros. Discovery parece não saber muito bem o que fazer com o herói, tendo aprovado dois diferentes projetos estrelados pelo herói – mas que até agora parecem longe de sair do papel. Considerando a importância do Superman para o gênero e o número de histórias e talentos disponíveis, é um absurdo que não haja uma direção clara para seu futuro nos cinemas.

Com mais de 80 anos de histórias acumuladas em milhares de gibis, não é como se faltasse matéria-prima para roteiristas que aspiram criar uma trama relevante e cativante para o Superman. Só no século XXI, fomos agraciados com clássicos modernos como Superman: Alienígena Americano de Jock, Jonathan Case, Francis Manapul, Jae Lee, Joëlle Jones, Tommy Lee Edwards e Nick Dragotta, Superman: Para o Alto e Avante, de Tom King e Andy Kubert e, é claro, Superman Esmaga a Klan, de Gene Luen Yang, títulos que mostram o Azulão como exemplo de resiliência, esperança e bondade. Mesmo durante as divisivas fases comandadas por Grant Morrison e Brian Michael Bendis é possível sentir o altruísmo do herói e a forma como ele coloca o bem da Terra e da raça humana acima do próprio bem-estar.

Superman Esmaga a Klan
DC Comics

Apesar do movimento de desconstrução do heroísmo que dominou os filmes do gênero por quase 20 anos, passou da hora de admitir que o Superman está acima destas questões, algo que os filmes dos anos 1970 e 1980 compreendiam muito bem. A graça do Homem de Aço está em sua simplicidade: ele salva a Terra porque a ama. Desconstruir seu conceito otimista trai a própria razão do personagem existir. Mais do que isso, essa hiperanálise cínica do Azulão é completamente desnecessária, uma vez que seu papel na sociedade pode ser muito mais do que apenas entreter.

Criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, dois judeus, em plena ascensão nazista, o Superman é um personagem inevitavelmente político. Além de ser um refugiado que abraça e protege o planeta que o acolheu, Clark sempre foi um protetor dos oprimidos, já tendo protegido manifestantes de violência policial, investigado casos de corrupção governamental e, óbvio, enfrentado corporações bilionárias exploradoras, personificadas por Lex Luthor. Por mais que seja fácil se distrair com o drama (bem batido, aliás) do “deus entre homens”, passou da hora de vermos o Homem do Amanhã realmente lutando por mudanças sistemáticas nas telonas como ele já fez nas páginas.

Action Comics
DC Comics/Divulgação

Por si só, a ascensão preocupante de discursos conservadores observada em governos poderosos já seria um tema central ótimo para basear uma adaptação do Superman, um herói que nunca escondeu sua satisfação em dar uns sopapos em ditadores. Usar o personagem como símbolo de resistência frente a pautas totalitárias, como na já citada Superman Esmaga a Klan ou na recém-encerrada Saga do Mundo Bélico, de Phillip Kennedy Johnson, Sami Basri, Adriana Melo e Miguel Mendonca, é a chance de devolver o personagem ao status de maior super-herói da cultura pop, posto que ele jamais deveria ter perdido.

Por maior que seja a pressão sobre qualquer cineasta que assuma um personagem como o Superman, temos que lembrar que nenhum diretor ou roteirista precisa reinventar nenhuma roda metafórica para criar uma boa adaptação. Diferentemente de muitos heróis que sofreram mudanças drásticas ao longo dos anos, Clark segue sendo o mesmo rapaz simples e de ideais (surpreendentemente) progressistas da Era de Ouro dos Quadrinhos. Quem comandar seu inevitável futuro filme não precisará “modernizá-lo”, uma vez que as discussões que o cercam seguem absurdamente importantes e muito mais cativantes do que qualquer discussão sobre ele ser ou não uma figura divina andando entre mortais.

Ao contrário de muitos outros heróis, o Homem de Aço não precisa estrelar um blockbuster alucinante cheio de porradaria, explosões e crises existenciais para voltar a ser relevante nos cinemas. O que ele precisa é de um filme que traduza toda a esperança que ele simboliza e que deixe o espectador otimista pelo próprio futuro – e, para os fãs do Superman, isso já basta.

DC Comics

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