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Pinguim encontra o equilíbrio perfeito entre série da HBO e série de quadrinhos

Derivado de Batman não esquece o formato de TV - nem a grandiosidade do cinema - para criar um ótimo vilão

Omelete
3 min de leitura
12.09.2024, às 14H19.
Atualizada em 17.09.2024, ÀS 16H31

De primeira, Pinguim (assim como muitos derivados) parece desnecessário. Vindo de um lugar onde boa parte das séries da Marvel Studios foram responsáveis pelo desgaste do gênero, será mesmo que um seriado sobre um vilão do Batman é válido? Felizmente, sim, e ele vai além. Pinguim, que tem produção de Matt Reeves, o líder criativo do universo do Homem-Morcego nos cinemas, é uma união quase perfeita entre um drama clássico da HBO com uma adaptação de quadrinhos de cultura pop, como Marvel e DC.

Criado por Lauren LeFranc, o seriado segue a história do filme estrelado por Robert Pattinson e mostra Oz Cobblepot (Colin Farrell) tentando se tornar um nome importante no submundo do crime de Gotham, uma cidade que está fadada à destruição e caos após a morte dos Falcone e o surgimento de novos grupos criminosos. Para não ser apenas uma jornada da sua ascensão, o roteiro coloca o personagem também em duas linhas narrativas que desenham esse novo momento de vilania: um romance do passado e um aprendiz encontrado nos becos da cidade.

Estes dois desenvolvimentos nunca perdem de vista o protagonista, que é moldado por Farrell em detalhes claramente inspirados em Família Soprano e outros produtos de máfia como O Poderoso Chefão. Oz é caricato como o Pinguim da DC deve ser, mas traz traços de uma realidade hollywoodiana com o glamour de filmes como Scarface, ou dos neo noirs de Denis Villeneuve e Christopher Nolan. Não por acaso, é uma sensação parecida com a que Reeves embutiu em Batman, um longa que se pauta em dramas realistas, mas se dá liberdade de criar personagens e cenários fantásticos. No fim do dia, tanto Gotham quanto o próprio Pinguim seguem esta receita à risca.

Se estes são os pontos que tornam a adaptação em si um sucesso no viés de quadrinhos, o formato e o ritmo dos episódios são o fator que complementam o sucesso na parte da HBO. Pinguim não é um filme de oito horas, nem uma história que poderia ser apenas um longa: ela foi criada como uma série, e o espectador entende isso pelos vários núcleos, reviravoltas e - principalment - consequências que as evoluções da história trazem. Não é uma história de origem também, já que Oz está envolvido na máfia desde o início. Este é um drama sobre famílias envolvidas com o crime em uma cidade pautada pelo medo e uma eterna luta de poder, mas com uma narrativa comandada por quem está nas trincheiras do ilegal, buscando ascender ao topo e se descobrir como líder no processo.

É natural que as comparações com Soprano aconteçam, até porque é justamente essa a inspiração. A boa notícia é que LeFranc, Reeves e cia. usaram essas referências de uma maneira que potencializasse a história que eles estão contando, dando espaço para criação de uma nova versão do Pinguim e a expansão de uma Gotham que parece tão atraente quanto a dos quadrinhos - ou seja, uma cidade fantástica e soturna, que a partir de suas figuras e transeuntes transparece, de uma forma caricatural, a nossa própria história.

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