Pacificador | John Cena se destaca em episódio mais tenso da temporada
Astro dá novas camadas ao trauma e à solidão do mercenário
Créditos da imagem: HBO Max/Divulgação
Desde sua primeira semana, Pacificador tem usado seu humor como a principal arma para se comunicar com o público. Com piadas que comparam teorias conspiratórias a histórias em quadrinhos e ridicularização a visões extremistas reproduzidas por alguns fãs de cultura pop, James Gunn encontrou no humor uma forma eficiente de desenvolver suas tramas e personagens com dinamismo e inteligência. Construindo o estado emocional do protagonista com cautela ao longo dos cinco primeiros episódios, o cineasta fez do sexto capítulo, disponibilizado nesta quinta-feira (3) na HBO Max, o estopim do estresse que o inferniza desde O Esquadrão Suicida.
Acompanhando o desenvolvimento de Gunn com precisão, John Cena chega a “Queimurn Depois de Ler” entregando sua melhor performance como o Pacificador até agora. Alternando entre a introspecção quase depressiva e a raiva acumulada por seu personagem nas últimas semanas, o astro dá ao mercenário uma humanidade raramente dedicada a figuras - especialmente vilões - de baixo escalão em adaptações de gibis para o grande público. Por maior que seja o mérito do roteiro, é inegável que a capacidade e o alcance emocional de Cena são indispensáveis para transformar o autoquestionamento do protagonista em algo crível.
Além de Cena, essa virada séria do sexto episódio atinge, um por um, cada personagem de Pacificador. Ao mesmo tempo em que apresenta um grande dilema aos colegas do mercenário, especialmente Murn (Chuk Iwuji) e Adebayo (Danielle Brooks), “Queimurn Depois de Ler” também elimina os poucos personagens admiráveis da série, pegos no fogo cruzado entre os agentes da ARGUS e as Borboletas, que pela primeira vez parecem ter vantagem sobre os adversários.
Por mais que o episódio não flerte com o terror, ele é de longe o mais assustador até agora, e não só porque os alienígenas assumiram o controle da situação. Há algo especialmente amedrontador em ver os vilões supremacistas liderados pelo Dragão Branco (Robert Patrick) se organizando sem qualquer impeditivo ou tipo de punição. Sim, a tensão emocional e psicológica estabelecida faz de “Queimurn Depois de Ler” talvez o mais sério trabalho de Gunn em uma adaptação de quadrinhos, mas é a iminente ascensão do terrivelmente realista grupo neonazista que causa um perturbador arrepio no espectador.
Oficialmente em sua reta final, a primeira temporada de Pacificador se prepara para um final brutal em todos os sentidos. A única certeza deixada pelo episódio desta semana é que dificilmente alguém sairá ileso dos confrontos prometidos para os próximos capítulos.