Naomi

Créditos da imagem: CW/Divulgação

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Naomi não é sobre representatividade, é sobre normalização, diz Ava DuVernay

Cineasta diz que abordagem “cotidiana” da série é “radicalmente revolucionária”

11.01.2022, às 16H38.
Atualizada em 11.01.2022, ÀS 16H55

Naomi teve uma ascensão meteórica desde que estreou nos quadrinhos da DC em 2019. Criada por Brian Michael Bendis, David F. Walker e Jamal Campbell, a heroína teve uma rápida passagem pela Justiça Jovem e, desde 2021, passou a fazer parte da formação principal da Liga da Justiça, que ajudou a jovem a investigar suas origens. A carreira da garota ganha um novo capítulo em janeiro de 2022, quando ela estrear na CW (a transmissão no Brasil acontece ainda em janeiro e fica por conta da HBO Max) com uma série co-criada por ninguém menos que Ava DuVernay, cineasta celebrada por seus trabalhos em Selma, A 13ª Emenda e Olhos Que Condenam.

Com um currículo que conta com algumas das mais elogiadas obras sobre direitos civis dos últimos anos, DuVernay revelou em uma recente coletiva de imprensa que tratará do assunto com uma ferramenta “inovadora” em Naomi: a normalização. “[A série] não é sobre representatividade, é sobre normalização. Estamos fazendo coisas bem fortes em relação a raça, gênero e classe, mas mostrando como algo normal”, explicou a cineasta. “Quanto mais você retrata imagens sem sublinhá-las, destacá-las ou colocando um asterisco ao lado (...), começamos a tornar essas coisas em algo normal, e isso é algo radicalmente revolucionário”.

Conforme DuVernay adiantou, a normalização será aplicada para além da questão racial. Parceira da cineasta no comando de Naomi, Jill Blankenship (Sweet Tooth) revelou admirar a atitude de gerações mais novas “em relação à sexualidade e em relação a essa espécie de aversão a rótulos”. Segundo a produtora, o retrato que a série traz da juventude atual está “enraizado na realidade e nós realmente queríamos trazer isso para o programa de uma forma verdadeira”.

Essas questões aparecem ao longo da série, mas a vida é assim”, reforçou Mouzam Makkar, que vive Jen, mãe de Naomi. “A vida é assim, a vida de Naomi é assim, a vida nessa cidade é assim. As pessoas são quem são e isso não é destacado ou sublinhado ou coisa assim”. A atriz ainda celebrou a forma livre e relativamente mundana como a heroína conversa com seus pais sobre seus relacionamentos e sentimentos. “[Nossos personagens criaram] Naomi com esse pensamento e com o conhecimento de que as pessoas são quem são e que amor é amor”.

Encontrando Naomi

Com 17 anos, Kaci Walfall foi escolhida por DuVernay e Blankenship para viver Naomi na telinha. Além de ter um currículo respeitável para alguém de sua idade - com passagens pela Broadway e séries como Equalizer e Army Wives -, a atriz conquistou as roteiristas logo no primeiro teste remoto, que levou DuVernay a convidá-la para uma conversa presencial em Los Angeles. “Almoçamos em um restaurante vegano onde conversamos sobre o programa e sobre a personagem, e [DuVernay] pôde saber mais sobre mim e como comecei a atuar. Aí voltei para casa e, acho que uma semana depois, minha mãe me entregou o telefone. Era srta. Ava e ela disse ‘queria te convidar para fazer parte da família ARRAY [produtora de DuVernay] para viver Naomi’”, lembrou a atriz.

Esse encontro presencial foi importante para DuVernay, que parece já pensar a longo prazo no que diz respeito a Naomi. “Talento é fácil de encontrar. A parte difícil é [me perguntar] ‘eu quero ter uma relação com essa pessoa por, potencialmente, muitos anos?’”, lembra a cineasta. “Isso é o que achei incrível na Kaci. Para começar, ela tinha 16 anos na época, tem toda aquela experiência de teatro, a ética de trabalho, o profissionalismo, o talento, a animação, o carisma, ela tem tudo. Mas quando você se senta com ela, pensa ‘nossa, realmente gosto de você como pessoa, você é ótima’”.

Já veterana na TV, Blankenship também se impressionou com o trabalho de Walfall. A produtora inclusive afirmou que frequentemente esquece a pouca idade da atriz, que ela define como “atenciosa e madura”. “Ela é uma grande líder e, como a Ava disse, excedeu demais minhas expectativas”.

Embora não tivesse quase nenhum contato com o mundo dos quadrinhos antes de ser chamada para Naomi, Walfall não estava completamente alheia ao universo da DC. “Sou muito fã das séries [do Arrowverse]. Assistia Supergirl religiosamente quando estava no Ensino Fundamental e assisto The Flash”, disse a atriz.

Esse desconhecimento, no entanto, criou uma certa conexão entre Walfall e Naomi, com as duas descobrindo quem é a protagonista e quais são seus poderes praticamente ao mesmo tempo. “Realmente me pergunto ‘o que eu faria se tivesse poderes?’”, diz a atriz, que se identifica com as questões que cercam sua personagem no decorrer dos episódios.“Talvez eu não ficasse feliz. Acho que levo isso para a personagem, porque, à medida que a série avança, você percebe que se descobrir um super-herói não é algo exatamente entusiasmante. Talvez isso te torne diferente e [Naomi] já se sente diferente”.

Naomi se sente responsável [pelas pessoas ao seu redor], e isso pode ser algo incrível, mas também pode não ser nada bom”, seguiu Walfall. “Ela tem apenas 16 anos, então acho que ela tem dificuldades com isso. Você definitivamente a vê lidando com essa responsabilidade na série”.

Naomi começa a ser transmitida nesta terça-feira (11) nos Estados Unidos. No Brasil, a série será exibida pela HBO Max e tem estreia prevista para 27 de janeiro.

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