Um dia no set de Esquadrão Suicida

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Um dia no set de Esquadrão Suicida

Segredos, bastidores e tudo que vi do novo filme da DC

19.07.2021, às 09H15.

Era novembro de 2019, pouco menos de um mês para a CCXP (então você já imagina a correria que estava rolando). Foi quando recebi a notícia que iria para o set de Esquadrão Suicida. Nunca havia ido a um set de filme de herói, então nem fingi normalidade. Fiquei empolgado demais com a chance! 

Desembarquei em Atlanta, descansei o restante do dia e na manhã seguinte, um ônibus nos levou para o Trilith Studios, local recente, inaugurado em 2013, mas que aos poucos já ganha ares históricos. Foi ali que gravaram filmes como Capitão America: Guerra Civil, Pantera Negra, Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato. Como você já pode imaginar, esse é um espaço gigantesco, pensado para vários e diferentes sets. Contudo, nossa primeira visita foi à uma pequena sala ao final de um extenso corredor. 

O espaço era relativamente pequeno, do tamanho de uma sala de espera, mas estava toda tematizada com o filme. Ali pude ver pela primeira vez a foto do elenco com seus uniformes: Sanguinário (Idris Elba), Arlequina (Margot Robbie), Pacificador (John Cena), Bolinha (David Dastmalchian), Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), Blackguard (Pete Davidson), Dardo (Flula Borg), Capitão Bumerangue (Jai Courtney) e Rick Flag (Joel Kinnaman) e uma maquete que mostrava uma grande floresta e artes conceituais. MUITAS artes conceituais. Vale lembrar que estamos no final de 2019, a gente nem imaginava que teríamos pandemia e que esse filme seria adiado mais de um ano. Por conta disso, a maioria delas já acabou aparecendo de uma maneira ou de outra. 

O pôster com os heróis enfileirados estava ali, detalhes do Tubarão-Rei também, mas duas coisas me chamaram muita atenção. A primeira delas envolve um momento que ficou famoso no trailer: o tiroteio em que Arlequina é protagonista. Ao que tudo indica, é uma cena de fuga onde vemos o tiroteio pela visão da vilã - com muita cor e muitas flores ao invés de sangue e violência. 

Outro detalhe que me chamou atenção foram as armas do Sanguinário, o vilão vivido pelo Idris Elba. Todas as armas parecem uma espécie de extensão de sua armadura e podem ser combinadas para criar algo ainda maior, tornando-o um dos personagens mais perigosos do filme. 

Ainda estávamos olhando a sala quando pediram para que sentássemos à mesa, pois pessoas envolvidas com o longa iriam conversar conosco sobre os bastidores do filme. 

Um longa original (e produzido rapidamente) 

Um das grandes dúvidas do público sempre envolve a ligação com o primeiro filme e tanto os produtores, quanto o diretor James Gunn fizeram questão de reforçar que esse é um longa original. Apesar de contar com o retorno de alguns personagens, a ideia sempre foi fazer um filme independente que apresentasse novos vilões. Contudo, houve um ator que não conseguiu voltar: Will Smith.  

Os produtores tinham interesse no retorno do ator como Pistoleiro, mas um problema de agenda fez com que a participação da estrela ficasse comprometida. “Precisávamos começar a filmar em setembro [2019] pois sabíamos que uma hora o James Gunn voltaria para finalizar o Guardiões [da Galáxia Vol. III]. No fim das contas, foi bom pois ajudou a distanciar um pouco mais do primeiro filme”, explicou o produtor Peter Safran

Como ele explicou, a Warner sabia que eventualmente o diretor voltaria para Disney para terminar Guardiões da Galáxia. Por isso, em menos de um ano, sets gigantescos foram criados para a gravação. Ao longo da visita, pude conhecer dois deles: o primeiro foi uma floresta, com direito a um pequeno rio. Foi uma experiência assustadora entrar em uma porta e sentir o cheiro de mato, o chão barroso ao mesmo tempo que via panos verdes (que serão utilizados para aumentar ainda mais essa já densa floresta). 

O outro foi a parte de fora de uma base militar que, segundo os produtores, teria ligação com um laboratório. O mais interessante é que haviam muros gigantescos, como se fosse uma prisão, e pedaços de pedra no chão que dão a entender que uma cena envolvendo uma grande explosão havia acontecido há pouco tempo. 

Efeitos práticos 

Ao contrário da grande maioria dos filmes de herói, Gunn fez questão de trabalhar a maioria das cenas com efeitos visuais práticos. Por conta disso, a Warner deu liberdade total para o cineasta montar sua equipe e ele trouxe consigo Dan Sudick, supervisor de efeitos especiais que tem uma longa parceria com a Marvel, tendo trabalhado com o estúdio desde Homem de Ferro até hoje. Segundo Gunn, nem mesmo um nome experiente como Sudick esperava o tipo de trabalho que viria pela frente. “Ele fez mais efeitos especiais ao vivo [direto no set] neste filme do que em todos os outros filmes da Marvel juntos”.

Gunn optou por efeitos especiais práticos por mirar em uma vibe parecida com os filmes de guerra dos anos 60/70 como Os Doze Condenados e Os Guerreiros Pilantras. “Esse era um dos maiores gêneros do mundo na época e estamos pegando esse conceito e colocando o lado divertido do Esquadrão Suicida”, explica o diretor, que aproveitou uma fase específica dos personagens nas HQs para criar seu filme.

Uma das grandes inspirações de James Gunn foi a fase de John Ostrander, que trabalhou no quadrinho do grupo durante os anos 80. O cineasta fez questão de levar o quadrinista ao set e, segundo Peter Safran, ele ficou impressionado com o que viu. “Foi incrível recebê-lo aqui. Ele simplesmente amou o que o James está fazendo com o grupo”. 

Gunn, no entanto, explica que o longa não é uma adaptação da fase de Ostrander, mas uma continuação do trabalho do quadrinista. “Se a série tivesse continuado até os dias de hoje e fosse para maiores de 18 anos, seria dessa maneira”. Neste mesmo sentido, o filme focado não apenas nos personagens, mas em sua missão. 

Segundo Safran, o filme inteiro gira em torno da missão. Ele começa com a Amanda Waller (Viola Davis) juntando a equipe e termina quando a missão é completada. “Nós não vamos mostrar a casa do Tubarão-Rei ou a casa do Bolinha e ver o que está acontecendo ali. É tudo sobre a missão”. 

Uma cena do filme e um oi da Margot Robbie

Pra fechar essa visita, pude conferir a gravação de uma cena do longa. O grupo que estava comigo sentou atrás do set e tínhamos acesso a uma pequena TV que mostrava o que as câmeras estavam filmando. 

Parecia ser um momento decisivo do filme. Nele, o Tubarão-Rei (um homem vestido com uma cabeça de tubarão) estava comendo uma cabeça enquanto andava em um prédio completamente destruído. Ao mesmo tempo, Arlequina e Bolinha estavam andando pelos destroços preocupados e, em um determinado momento, foi possível ouvir a voz de James Gunn: “O chão começa a tremer!!” e os atores balançam de um lado para o outro. “MAIS”, repete o cineasta enquanto os atores sacodem ainda mais até que ele se dá por satisfeito e repete o take. 

Anotei tudo no meu caderninho e estava preparado pra sair quando ninguém menos que Margot Robbie decide parar pra dar um oi. É aquele momento em que fiquei paralizado… voltei correndo pra minha cadeira, derrubei meu celular no chão, peguei meu caderninho de volta e disse um oi junto com os outros jornalistas, com aquele rosto vermelho e suado que só a vergonha de ser completamente desajeitado pode deixar. 

Totalmente vestida de Arlequina, ela conversou conosco e, ao ser perguntada sobre seu bastão de beisebol, disse que dessa vez teria outras armas para brincar (na cena, inclusive, ela estava com uma lança que ela não confirmou, nem negou ser do Javlin). 

Ao fim da cena, encerramos nosso tour. Esse parece ser um filme totalmente diferente do que James Gunn já fez pelo simples motivo da DC ter dado carta branca total para o cineasta trabalhar. Ele pôde escolher todos os personagens que quis, criou um filme de herói inspirado em clássicos de guerra, fez isso usando na maior parte do tempo efeitos práticos e pôde fazer isso com uma classificação de maiores de 18 anos. 

Ainda não sabemos como o longa irá performar com o público, mas como o Pacificador John Cena já ganhou uma série própria, é seguro dizer que a Warner ficou bem satisfeita com o trabalho. E pelo que vi, vale a pena ficar empolgado.

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