A presença do monstro de Frankenstein em Comando das Criaturas – aqui chamado de Eric Frankenstein (David Harbour) – realmente era o que a série precisava em termos de humor, já que nosso amado G.I. Robot (Sean Gunn) não está mais entre nós (não, ainda não superei). Depois de entrar de vez na história no quinto episódio, o clássico monstro do terror gótico ganha um episódio focado em sua história e mostra que é tão perturbado quanto parece.
Se G.I. Robot usava o humor para nos desarmar até emoções de perda e tragédia, Eric Frankenstein – ou Frank, como o chama Rick Flag Sr. (Frank Grillo) – rapidamente se mostra uma ferramenta para o roteirista e criador James Gunn inserir em Creature Commandos lembretes constantes de que esses personagens não são heróis, pelo contrário. Apesar de toda a simpatia que Gunn confere aos monstros, eles ainda são monstros, e vemos isso nos flashbacks da criatura, que começam a partir do momento em que ele mata seu pai e é queimado vivo (morto?) pela Noiva (Indira Varma), indo parar nos cuidados de uma idosa cega.
Creature Commandos tem sido irregular com seus flashbacks. G.I. Robot e Doninha (também Sean Gunn) foram os melhores, enquanto os da própria Noiva sofreram com uma variação de tom que a série não estava equipada para acompanhar. Eric fica no meio termo. As cenas no passado definitivamente revelam uma natureza mais sombria, e sugerem que apesar de ter seus olhos abertos para como seus conceitos de beleza e humanidade podem estar incorretos, ele muitas vezes escolhe persistir em seu caminho, a ponto de terminar matando quem o ajudou.
É uma história trágica, e que sem dúvidas pincela a narrativa do presente, onde ele e Rick vão atrás da tal especialista em Temiscira que confirmou as profecias de Circe (Anya Charlota) só para descobrir que ela, uma professora universitária aparentemente interessada em paquerar com alunas, na verdade é o vilão Cara-de-Barro (Alan Tudyk, que também dá voz ao Dr. Fósforo), clássico inimigo transmorfo do Batman.
A luta contra Cara-de-Barro oferece uma dose okay de ação (além de uma propaganda bizarra do Xbox), e se beneficia do uso da animação para imaginar as transformações do vilão, mas é na volta das outras criaturas ao Pokolistão que o episódio realmente brilha, enfim colocando os monstros para lutar contra o exército da Princesa Ilana (Maria Bakalova). Em especial, é o outro personagem de Tudyk que se destaca. Creature Commandos não cansa de imaginar usos criativos e brutais para Fósforo, a começar pela forma como ele mata Alexei no carro.
Se tivéssemos que chutar, é exatamente isso que quem está por trás das coisas quer. Nem Ilana nem Circe parecem confiáveis no momento, e um conflito internacional pode beneficiar o verdadeiro vilão da série. Talvez seja uma delas, mas por hora parece faltar uma peça no quebra-cabeça.
Com sorte, teremos uma resposta logo. Os últimos dois episódios de Creature Commandos se beneficiaram não só de flashbacks superiores, mas de avançar de maneira interessante a narrativa dos personagens nos tempos atuais. Muita coisa acontece nesse episódio, mas quase todo o drama está nas memórias de Eric. Seja como for, a reta final está chegando. Só há mais dois episódios, e é hora de engrossar caldo.