Das antigas propriedades da Marvel abrigadas pela Fox, a única que permanecerá viva depois da compra do estúdio pela Disney é Deadpool. A franquia para maiores estrelada por Ryan Reynolds, que se tornou sinônimo do personagem, arrecadou mais de US$ 1,5 bilhão em dois filmes de orçamentos relativamente modestos (US$ 58 milhões para o primeiro, US$ 110 milhões para o segundo). Ou seja, sucesso demais para ser deixado de lado por Kevin Feige e Cia.
A grande questão é como incluir o personagem no MCU. O Marvel Studios está empenhado em buscar uma solução, um meio-termo entre os filmes de classificação livre da Disney e as tramas sangrentas do Mercenário Tagarela. Enquanto isso, os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick, de Deadpool e Deadpool 2, estão aguardando o sinal verde do Marvel Studios para começar a escrever a terceira aventura do Mercenário Tagarela. “Há muito a ser resolvido, como a forma que o Deadpool se encaixará no Universo Marvel, com os outros personagens e no cronograma de lançamentos do MCU. Os X-Men vão aparecer? O Quarteto Fantástico? Há muito a ser resolvido e acho que estamos tendo o descanso necessário do Deadpool: Ryan [Reynolds], nós e todos”, comentou Wernick.
A recente reunião de Reynolds no Marvel Studios reaqueceu a discussão. Como encaixar um personagem adulto, ainda que extremamente imaturo, em um universo cinematográfico onde não há espaço para muita ousadia? Deadpool é um personagem que funciona pelas regras das animações. A graça está na sua capacidade de extrapolar a realidade, sem que se exija uma evolução de personagem (as piores partes de Deadpool 2 são justamente as que tentam criar um arco “humano” para o mercenário). Não é como Tony Stark, que começa como um carismático playboy/milionário que só pensa em si (até na hora de criar e assumir publicamente a sua persona heróica) e termina salvando a humanidade em um ato altruísta.
Foi a própria natureza exagerada e descontrolada do mutante permitiu que Deadpool incorporasse sem questionamentos elementos da franquia X-Men, além de fazer piada com X-Men Origens: Wolverine (2009), em que Reynolds viveu uma versão “realista” do mercenário, e Lanterna Verde (2011), o filme que o ator pensou que seria a sua redenção no mundo dos heróis e se tornou um fracasso retumbante. É essa falta de amarras que poderia colocá-lo facilmente no MCU. Basta uma piada bem feita, como quando Wade Wilson cita as duas versões do Professor Xavier (a de Patrick Stewart e a de James McAvoy) no primeiro Deadpool, para amarrar qualquer ponta solta, incluindo uma possível redução na classificação indicativa.
Logo, o grande obstáculo está no próprio MCU e suas histórias interligadas. Enquanto Deadpool é incoerente por natureza, o universo cinematográfico da Marvel exige coesão (ainda que colecione alguns pontos questionáveis ao longo de 10 anos). No vídeo acima, discutimos mais sobre as possibilidades de Deadpool na Marvel. Seria o multiverso a resposta para todas as questões?