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Míriam Castro | Tentando sobreviver a um banheiro japonês

Histórias de terror dentro do cômodo mais importante da casa

14.04.2015, às 23H56.
Atualizada em 14.11.2016, ÀS 08H00

Junto com robôs, mangás, sushi, ninjas e samurais, as privadas inteligentes estão entre as primeiras coisas de que uma pessoa comum se lembra ao falar de Japão. Cada uma tem um painel de controle com diversas funções, como jatos d'água, regulação da temperatura do assento e outras opções mirabolantes. Mas elas não são atrativo suficiente para visitar um banheiro japonês. Se formos levar em conta a quantidade de lendas nipônicas relacionadas a essa parte da casa, é melhor nem entrar. São monstros, espíritos e todo tipo de coisa tentando te matar lá dentro. Corra!

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O primeiro perigo não é letal e só atinge estrangeiros: a vergonha de sair pela casa com chinelos de banheiro. Aquele costume de tirar os sapatos ao entrar se estende a esse cômodo. Ele não é considerado parte integral da casa - antigamente, ficava do lado de fora - então é preciso deixar na porta as pantufas de circular pelos corredores e calçar chinelos especiais de banheiro. Do mesmo jeito, o chinelo de banheiro não deve sair de lá - seria o equivalente a andar com as calças abaixadas. Aí seu anfitrião pode ficar bravo por você espalhar sujeira por aí, ou ao menos rir bastante da sua cara.

Mesmo com todos os cuidados, o banheiro é a parte mais suja de um imóvel. Não limpá-lo é garantir a visita do akaname, um dos youkais mais interessantes por aí. Pra quem não sabe, youkai é uma entidade sobrenatural do folclore japonês. O akaname tem o nome formado por dois kanjis: 垢 (aka), que significa sujeira, e 嘗 (name), lamber. E é exatamente isso que esse monstro faz: espera todos os habitantes de uma casa irem dormir, invade o banheiro e lambe a sujeira.

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É só isso. O akaname não machuca ninguém, nem destrói a casa, nem se transforma para enganar viajantes, como tantos outros youkais. Ele apenas lambe a sujeira do seu banheiro. Para isso, ostenta uma língua bem comprida (e provavelmente eficaz pra limpeza). Parece que a aparência do monstro é bem assustadora, mesmo ele sendo inofensivo. O medo de encontrá-lo durante uma ida ao banheiro de madrugada é maior do que a vantagem de ganhar faxinas grátis, então os japoneses acabam por manter o cômodo bem limpo. Se bem que a versão retratada em algumas mídias não é tão feiosa: em um episódio de Yo-kai Watch, ele aparece como uma espécie de goblin vermelho com a língua azul e cabelo verde.

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Crédito: http://gitoku.deviantart.com/

Uma das ameaças mais famosas é a Toire no Hanako-san, ou Hanako da privada, tipo uma loira do banheiro japonesa. Ela aparece em um monte de filmes de terror e é um dos espíritos que assombram a escola do anime Haunted Junction. Nas escolas da vida real, dizem que para encontrá-la é preciso dar três toques na porta da terceira cabine de um banheiro escolar e perguntar: "Hanako-san, você está aí?". Se ela responder (e você não sair correndo), basta abrir a porta para encontrar uma menininha de cabelos curtos e saia vermelha. Em algumas versões, ela não faz nada. Em outras, uma mão sangrenta sai da privada e arrasta o invocador pro esgoto. Eu avisei pra correr.

Pelo menos a Hanako-san precisa ser invocada. O Aka Manto, que também aparece em Haunted Junction, aparece sem ser chamado e pergunta se você quer um manto vermelho. Se você disser que sim (por que você diria que sim?), uma força invisível arranca a pele das suas costas.

Outro monstro com propósito semelhante é o Akai Kami Aoi Kami, cuja lenda geralmente se confunde com a do Aka Manto. Ele te dá uma escolha: papel higiênico azul ou vermelho? Obviamente, nenhuma opção é boa. Azul é morrer por asfixia e vermelho é ter a garganta cortada. Tentar enganá-lo com uma terceira cor não vale a pena: isso só faz um buraco se abrir e o monstro te arrastar para o submundo. Em algumas versões, dá para simplesmente dizer "não quero papel" e escapar. Mas parece que a melhor maneira de evitar um destino terrível é não ir a um banheiro japonês. Nunca.

*Míriam Castro é repórter do Estado de S. Paulo e, nas horas vagas, vê anime e fala besteira no Twitter e no mikan³.

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