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Marcelo Milici | Os 10 filmes mais assustadores de todos os tempos

Uma lista pessoal de produções medonhas; quais produções entrariam no seu Top 10?

MM
08.05.2015, às 13H07.
Atualizada em 08.05.2015, ÀS 14H39

"Para se entender o medo deve-se experimentá-lo. Se alguém aqui teme explorar novas fronteiras é a hora de sair por aquela porta" - Depois da Meia-Noite (After Midnight, 1989)

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De acordo com o professor Edward Derek (Ramy Zada), responsável pela frase acima, o medo é o nosso único mecanismo de sobrevivência. Quando acreditamos realmente que algo terrível acontecerá, visitamos o seu nível mais puro e a sua essência. Às vezes, um frio incômodo na barriga, taquicardia e falta de ar são definidos como medo, mesmo que, muitas vezes, sejam apenas sintomas de ansiedade com a adrenalina funcionando como a porta de entrada do imprevisível. Por esse motivo, para aqueles que não estão acostumados com filmes de terror, os sustos são mais comuns, já que eles não sabem quando saltarão os gatos escondidos no porão. Contudo, será que as pessoas temem mesmo os monstros gosmentos daquela produção oitentista ou temem sentir medo? A não ser que você sofra de problemas cardíacos e acredite que morrerá durante o filme, o seu temor está apenas em evitar certas sensações desagradáveis, pois, nos recôncavos da mente, entende que tudo aquilo faz parte dos argumentos de um roteirista e que você está numa sala de cinema ou no conforto de sua residência. O Omeleitor "Marvelman" disse nos comentários do último artigo que "tem medo de coisas reais da vida (como por exemplo, medo de ser assaltado, medo de sofrer acidentes etc)", algo confirmado pelo psicólogo Pedro Lobato ao comentar que "no Brasil, o monstro mais retratado é o próprio criminoso".

Com a intenção de invadir esse "porto seguro", o cineasta William Castle (1914-1977) desenvolveu os chamados "movie gimmicks", aqueles efeitos mirabolantes que acompanhavam os filmes entre as décadas de 50 e 70 como o acréscimo de esqueletos voadores ou atores maquiados durante uma sessão, levando o espectador a emoções próximas do que estaria vendo na tela. Eram comuns frases como "A criatura está solta NESTE cinema! Gritem por suas vidas!" e até notícias falsas dos bastidores sobre pessoas que morreram durante a sessão, passaram mal ou foram atacadas pelo monstro do filme maldito. Em 2007, usaram técnica similar no primeiro trailer do filme [Rec] ao explorar a reação do público na exibição-teste do longa de Jaume Balagueró e Paco Plaza, criando grandes expectativas principalmente pela futura aparição da terrível menina Medeiros. Não é à toa que esse longa, ao estilo "found footage", ocupe a décima posição na minha lista pessoal dos filmes mais assustadores, pois, ainda que eu já esteja calejado com os sustos, a sequência final realmente me perturbou.

Aliás, o verbo perturbar parece uma extensão do substantivo Medo. Um filme que permanecesse em sua retina depois que as luzes da sala de cinema acendem - e poderá voltar com força assombrosa em seu quarto com o apagar do abajur - certamente fará parte de qualquer seleção assustadora de exemplares perturbadores. Foi assim que fui acometido por uma sensação de que não existe isolamento completo com o nono lugar, curiosamente também do novo milênio, Espíritos - A Morte está ao Seu Lado (Shutter, 2004), um exemplar tailandês que o fará questionar outras possibilidades para suas dores nas costas. Fantasmas em fotografias e vingança sobrenatural fazem parte do cardápio arrepiante, ocupando uma posição de destaque ao lado de outras franquias orientais como Ringu (O Chamado) e Ju-On (O Grito).

O oitavo passageiro da nave Nostromo tem até potencial para ocupar a oitava posição de qualquer lista, mas, Ridley Scott e os fãs que me desculpem, talvez por tê-lo visto tardiamente, não senti medo da criatura alienígena no filme de 79, embora o considere obrigatório numa seleção dos melhores de todos os tempos. Ainda usando como critério os filmes perturbadores, esta posição pertence ao horror psicológico Alucinações do Passado (Jacob's Ladder, 1990), de Adrian Lyne. Tim Robbins assume a pele de um ex-combatente da Guerra do Vietnã que se vê às voltas com o seu passado assustador e as marcas profundas de suas ações. Com cenas de pesadelo misturando-se com a realidade, o filme me fez evitar uma nova conferida durante duas décadas, arrepiado pelos monstros e deformidades. Embora assustador em sua essência, o final é um pouco decepcionante, ainda que não destrua o seu conteúdo.

Por falar em deformidades, seja nas verdadeiras de Monstros (Freaks,1932) ou no Monstro de Frankenstein de Pague para Entrar, Reze para Sair (The Funhouse, 1981), a sétima posição da minha lista de filmes mais assustadores de todos os tempos pertence àquele que cuida dos perdidos. A Sentinela dos Malditos (The Sentinel, 1977) traz um casal, interpretado por Cristina Raines e Michael Lerman, que aluga um apartamento em Nova Iorque, onde no último andar vive um padre cego e recluso. Com direção de Michael Winner, o filme possui cenas aterradoras como a da figura pálida que cruza a residência até se postar num canto escuro, e a identidade monstruosa dos demais moradores do edifício. Ele e outros clássicos como O Solar das Almas Perdidas (The Uninvited, 1944), - o filme-alfa de fantasmas -, e O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby, 1968) farão você pensar duas vezes antes de se mudar e sempre questionar a natureza da nova morada.

Se Jack ponderasse um pouco mais talvez não teria aceitado trabalhar no isolado Overlook Hotel, no Colorado, com sua mulher e seu filho sensitivo. Foi durante um intenso inverno que ele descobriu o medo nos gigantescos corredores e apartamentos habitados por entidades que buscavam despertar seu lado mais agressivo. Embora bem diferente do livro de Stephen King, Stanley Kubrick fez de seu O Iluminado (The Shining, 1980) uma das obras fundamentais do subgênero casa assombrada, mesclando a inocência de um garoto e a morte violenta dos últimos moradores. O "brincar para sempre" das gêmeas do corredor, desmembradas nos cortes rápidos do diretor, ainda me incomoda, mesmo após tantas conferidas, o que justifica sua ocupação tranquila no sexto lugar.

Pensando no que o Omeleitor Luiz Lima apontou em seu comentário - "Medo de filme de terror eu deixei de sentir há muito tempo" -, dedico os primeiros cinco colocados à ingenuidade, aquela mesma que incomodou o leitor "MelDeAbelhaGibson" quando ele viu na sua tenra idade À Beira da Loucura (In the Mouth of Madness, 1994), de John Carpenter, pensando na criatura testemunhada por Sam Neill. Os olhos ingênuos captam a essência do medo em pequenos detalhes, como aqueles em que apontei no artigo anterior, mesmo que os filmes responsáveis pelos terrores noturnos já não funcionem com o passar dos anos. Um exemplo está no ótimo Não Adormeça (Don't Go to Sleep, 1982), lançado três meses depois de Poltergeist - O Fenômeno, ambos contando com a participação do pequeno Oliver Robins. Embora inferior tecnicamente até mesmo por sua condição made-for-tv, o longa de Richard Lang atrapalhou algumas noites de sono pela assombração denominada Jennifer. Vítima de uma brincadeira que ocasionou sua morte "acidental", ela parece um espírito perturbado em busca de vingança contra aqueles que simplesmente deixaram de se lembrar. Parece apenas, porque depois de algumas conferidas você percebe o que realmente vitimou os membros da família.

Com pouca distância do quinto colocado, surge um outro exemplar aterrador para impressões ingênuas. Trata-se do assumidamente fantasmagórico A Troca (The Changeling, 1980), lançado em VHS no Brasil pela Warner, mas com exibições na TV com o título sonoro Intermediário do Diabo. Após a perda da esposa e filha em um acidente, o compositor John Russell, vivido pelo excelente George C. Scott, busca numa casa antiga e abandonada o ambiente ideal para esquecer o passado e se concentrar em seu trabalho. Todavia, nessa mansão ele terá preocupações arrepiantes, envolvendo sons estranhos, movimento de objetos como uma assustadora cadeira de rodas e a voz de uma criança morta que não encontra a paz. "Esta casa não foi feita para ser habitada", diz uma senhora para o novo inquilino. É verdade. O que impede o sossego do garoto é o mesmo que atrapalhará o de um pequeno curioso que ousou assistir a esse filme na infância, incomodado pelos gemidos intermináveis do mini-fantasma na gravação em áudio. "Meu pai...me ajude!"

Gemidos também vieram de outros mortos, ainda que estivessem fisicamente perambulando por aí por conta da superlotação do Inferno! A trilogia inicial de George Romero somente habitou meus conhecimentos depois da segunda década de vida, iniciada por Dia dos Mortos (Day of the Dead, 1985). Antes disso, sabe-se lá porque, meu pai trouxe para casa Zumbi 3 (Non si deve profanare il sonno dei morti, 1974), lançado com esse nome de forma picareta posteriormente àquelas que deviam ser as partes 1 e 2, Zombie - Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead, 1978) e Zumbi 2 - A Volta dos Mortos (Zombi 2, 1979). Um casal é acusado de envolvimento em algumas mortes misteriosas e tenta provar que uma máquina agrícola é responsável por afetar o sistema nervoso e trazer pessoas recentemente mortas à vida. Com olhos vermelhos e pele branquinha, sem os exageros da putrefação, eles caminham lentamente para se alimentar dos incautos, sem pressa na refeição, sempre acompanhados pelo "som da morte". Uma cena em especial retorna com força total à memória de qualquer espectador: isolados num mausoléu, um grupo de vivos procura meios de escapar da população de mortos vorazes que ronda o cemitério. Foi lançado recentemente em DVD no Brasil pela Versátil com o título Não se Deve Profanar o Sono dos Mortos, no box Zumbis no Cinema.

É claro que numa lista das melhores produções de todos os tempos muito dos filmes mencionados acima não fariam parte; e você deve estar estranhando a ausência de clássicos como Nosferatu (1922), O Exorcista (1973), A Profecia (The Omen, 1976), Halloween - A Noite do Terror (1978), O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1981), A Morte do Demônio (1982), entre outros. Contudo, o objetivo aqui é apresentar filmes assustadores, longas que fazem parte da minha paixão pelo gênero e que, de certa forma, me incomodaram, seja na infância ou atualmente. Assim, nesta segunda posição, o filme que misturou sustos e curiosidade e fez parte da minha formação no estilo é pouco conhecido pelo público, principalmente pela sua condição obscura. Refiro-me ao Dia de Satã (Judgement Day, 1988), lançado em VHS pela Video Ban. Faz parte do subgênero "cidade com um mistério ou maldição e a chegada de estranhos" e que resume bem o argumento principal. Imagine um vilarejo condenado a ter que dedicar um dia para que o próprio demônio caminhe com seu exército de aberrações pelas ruas em busca de almas, com seus tambores em ritmo macabro! Essa procissão satânica me fazia acreditar que algo similar acontecia nas madrugadas da Vila Carioca, e inspirou diversos contos de terror que escrevi no período.

Mesmo sem citar outros fundamentais para o medo como Histórias de Fantasmas (Ghost Story, 1981), Hellraiser - Renascido no Inferno (1987) e até A Casa das Almas Perdidas (The Haunted, 1991), tenho que assumir a importância dessas produções para o horror, salvo as devidas proporções. Se a Sociedade Chowder, os Cenobitas ou luzes que cruzam a residência não poderiam ocupar o primeiro lugar, o que, então, poderia? A resposta está na base dos cinco primeiros: Os Inocentes (The Innocents, 1961). Não foi conferido na infância, nem fez parte de nenhum episódio assustador da adolescência. Esse clássico de Jack Clayton, baseado no romance de Henry James (A volta do parafuso,1898), ainda tem força para assustar, mesmo depois de mais de cinquenta anos de sua realização. A governanta contratada para tomar conta de duas crianças, na ótima atuação de Deborah Kerr, passa o pão que o diabo amassou quando se vê às voltas com presenças depressivas e a mudança de comportamento dos pequenos. Momentos pavorosos acontecem na brincadeira de "se esconder", na testemunha da senhora na outra margem e principalmente no episódio mostrado no trecho abaixo:

É isso. Consciente de que muitos não concordarão com a minha galeria pessoal de produções medonhas, deixo o convite para que o leitor compartilhe abaixo seu próprio Top 10, com a mente aberta para aceitar opiniões distintas.  Estou curioso para saber o que vocês acharam dessa seleção particular e o que têm para contribuir. Até a próxima!

Divirtam-se horrores!

Então...de que tem medo? Cobras? Fogo? Lugares escuros? Tem medo de mim? Sendo humano, sou perigoso e imprevisível” - Edward Derek, Depois da Meia-Noite (After Midnight, 1989)

*Marcelo Milici é professor, com especialização em Horror Gótico, idealizador do  Boca do Inferno, fã de rock´n roll e paçoca.

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