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Gay Nerd | A Parada do Orgulho LGBTI, Orange is the New Black e Sense8

Nova coluna do Omelete mistura nerdices aos temas LGBTI

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10.06.2015, às 09H04.

Vou começar dizendo o óbvio: sou gay e nerd. Viver nesta dupla identidade é divertido, embora em alguns momentos o lado nerd fale mais alto e determine o que vou fazer da vida: assistir um seriado, ler quadrinhos, jogar videogame ou ouvir música. É claro que o lado gay também influencia os gostos nerds, mas a maior contribuição é que ele me faz tirar a bunda do sofá de vez em quando para curtir o mundo colorido que existe fora de casa.

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Uma dessas oportunidades foi a 19ª Parada do Orgulho LGBTI de São Paulo que, sob o tema "Eu Nasci Assim, Eu Cresci Assim, Vou Ser Sempre Assim: Respeitem-Me!", reuniu na Avenida Paulista milhares de gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transsexuais e simpatizantes na luta por mais respeito e tolerância de forma divertida e cheia de cores em pleno domingo, 7 de junho.

Em anos anteriores, nunca tive interesse de participar da Parada por dois motivos. O primeiro: odeio multidões e aglomerações em geral (mas abro exceção para shows de bandas e cantores favoritos). O lado nerd sempre falou mais alto e preferi ficar em casa, curtindo meu universo particular. O segundo: o preconceito de que a luta política representada pela Parada havia se perdido e que as pessoas iriam às ruas só pelo carnaval e não pela causa. Depois deste domingo, não poderia estar mais errado.

Imaginem a minha felicidade ao receber o convite do Omelete não só para escrever esta coluna, mas estreá-la no camarote/trio elétrico do Netflix com as atrizes de Orange is the New Black. O coração nerd pulou, vibrou e aceitou o convite. Não sabia o que me esperava, tirando o fato  de poder conversar com Samira Wiley (Poussey), Uzo Aduba (Crazy Eyes) e Natasha Lyonne (Nicky Nichols) e bater algumas fotos. Fiquei feliz por ter motivos extras para celebrar uma data importante na luta por direitos dos LGBTIs, mas principalmente por aliar a ocasião ao lado nerd.

Confesso: não dormi direito na noite anterior. Estava ansioso com o dia seguinte e com a maratona de Sense8 que me mantinha alerta. Acordei cedo para me preparar. O encontro estava marcado para as 13h em um hotel da Paulista. Depois de me credenciar com o pessoal da Netflix, segui com uma turma que também iria para o trio elétrico patrocinado pela gigante dos streamings. Além de famosos como Mari Moon, estavam no grupo o pessoal do Põe na Roda, canal do Youtube sobre o universo gay, e Luba, do canal LubaTV, humorista que também levanta a bandeira para temas gays. As instruções eram claras: se manter unido ao grupo para transpor a multidão que já tomava a Avenida Paulista e subir no trio. Uma verdadeira saga épica, meus caros. Demoramos cerca de 1h30 para conseguir chegar até o caminhão, enfrentando o mar de drags, amigues, gueis e afins com a cara no sol.

Já no trio, fui em busca das atrizes de Orange is the New Black para uma breve entrevista, umas aspas bacanas para esta coluna. Queria saber como as atrizes se sentiam ao estar na linha de frente de uma série de tv inovadora que traz um retrato muito rico e complexo não somente de personagens femininas, mas de personagens femininas LGBT, algo não muito explorado na TV. Todas estavam em clima de festa, abraçando as pessoas, protagonizando selfies, dando entrevistas para os youtubers e tchauzinhos para os fãs que imploravam por atenção na avenida. Conversei com Samira Wiley, que faz Poussey, e ela disse estar muito animada com a recepção do povo brasileiro, achando tudo incrível. "Há uma semana estive na Parada de Nova York, mas essa de São Paulo é mais surpreendente", me contou a atriz.

Uzo Aduba, a Crazy Eyes, e Natasha Lyonne, a Nicky Nichols, estavam mais interessadas em mandar beijos pelas bordas do trio do que dar atenção aos jornalistas presentes. Não consegui selfie e nem um dedo de proza, além de ter levado bloqueios da assessora americana que acompanhava as atrizes. Uma pena, afinal achei que teria um tempinho com as bonitas para fazer umas perguntas filosóficas, mas o barulho, a movimentação de pessoas e a folia impediram qualquer pergunta mais complexa do que 'O que está achando do Brasil?'. Por fim, fiz a Pêssega, peguei meus bons drinks e resolvi aproveitar o trio e toda a experiência da Parada.

Foi minha primeira vez participando de uma parada do orgulho LGBTI em São Paulo. Sempre pensei que poderia colaborar melhor para a causa escrevendo sobre o assunto, levantando a bandeira da diversidade no meu dia-a-dia e nas minhas redes sociais. Desta vez, no meio do calor da festa, foi completamente diferente. Consegui entender que colocar a cara no sol é importante, assim como abraçar as pessoas com o mesmo propósito e festejar que sim, hoje temos liberdade para sairmos nas ruas e nos expressarmos como quisermos, como somos. E foi isso que encontrei nas pessoas durante o trajeto de 3 horas que fiz pela Avenida Paulista, Consolação e Praça Roosevelt, em pleno centro de São Paulo, o maior símbolo da comunidade LGBTI paulistana.

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Não bastasse a felicidade de quebrar um preconceito, tive a grata surpresa de encontrar no mesmo trio os atores Naveen Andrews (ex-Lost) e Miguel Angel Silvestre, ambos de Sense8. Lito, o personagem de Miguel, era o meu favorito por ser gay na série. O namorado de Lito, Hernando, também entra no jogo e nos proporciona cenas quentes e divertidas. Uma curiosidade? Hernando é interpretado por Alfonso Herrera, o Miguel do extinto grupo RBD. Quem não lembra, hein? Eu amava Miguel em meus sonhos adolescentes. Outra contribuição de Sense8 é trazer uma personagem trans, a Nomi, e ir além dos esteriótipos de sexualidade estabelecidos no universo televisivo atual. É influência de Lana Wachowski, também transsexual, que abre um leque para a compreensão de gênero nos veículos de massa. Lacrou!

A Parada terminou às 18h no Centro de São Paulo, onde também moro, e pude voltar feliz, alcoolizado e extremamente cansado, mas com a certeza de que foi a primeira, e melhor, da minha vida. Uni meu lado gay ao meu lado nerd e vivi horas de intensa felicidade. O aprendizado que ficou é de que às vezes vale a pena deixar uma maratona de lado para colocar a cara no sol, fazer um lipsync em plena avenida, entrar na magya coletiva e quebrar preconceitos. É para poucas a cara no sol! E eu adoray! Agora vou voltar para a maratona de Sense8 e contar os dias para a terceira temporada de Orange is the New Black.  Um bayjo e quayjo!

Adotamos a sigla LGBTI por ser a mais completa para se referir à diversidade de gênero e identidade sexual nos dias atuais. O T se refere a "TRANS" (travestis, transexuais e transgêneros) e o I a "Intersexual", pessoas com características de ambos os sexos e que podem se reconhecer como homem ou mulher, independente das características físicas. Esta definição é contribuição do leitor Vinícius.

*Gay Nerd é uma coluna quinzenal que mistura nerdices aos temas LGBTI


Isaque Criscuolo é editor do Imerso, nerd, adora um lipsync e acredita que menos é mais

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