Deu a Louca na Cinderela
Fora as personagens peitudas, animação é ruim de doer nos olhos
Você gostou de Shrek? Ou do pequeno sucesso do ano passado, Deu a Louca na Chapeuzinho? Obviamente, Deu a Louca na Cinderela (Happily N'Ever After) é uma animação 3-D que conta com esse mesmo público. Dá pra encará-la como uma homenagem aos filmes de fadas, mas falando sério... está mais para um filme-de-assalto dos piores e mais tediosos.
Na trama, o sábio Mago que é responsável pelo o equilíbrio entre o Bem e o Mal está saindo de férias, e seus dois assistentes Manco e Mambo, cometem um erro e deixam a madrasta da Cinderela, Frieda, tomar conta do seu cajado mágico. O objetivo dela: tomar conta da Terra dos Contos de Fadas, transformando todos os finais felizes das histórias em "Infelizes para Sempre". Cabe à Cinderela impedi-la, ao lado de um exército nada convencional.
Deu a louca na cinderela
A animação alemã satiriza os contos de fadas, algo que a série sessentista Fractured Fairy Tales iniciou e tornou bacana e Shrek transformou em uma mina de ouro. Como único interesse está o fato de que não se trata de uma produção comum hollywoodiana. E há pistas disso na - praticamente infinita - seqüência de créditos iniciais. Só na Alemanha os animadores dariam tanta atenção aos peitos de personagens como a madrasta malvada e as bruxas voadoras. É algo que, se exibido diante do cadáver de Russ Meyer, o faria esticar seus bracos e fazer movimentos involuntários de agarramento.
O resto de Cinderela não tem a mesma graça. É diversão inofensiva para pequenos, mas a ausência de qualquer inovação ou boa sacada é brutal aos olhos. É uma produção barata e feia, com animação no nível das piores seqüências entre fases de PS2, e lotada de supostas cenas de "aventura" e "comédia" ridículas, que dão sono. Há as velhas e manjadas piadas sobre o cabelão da Rapunzel, o problema da Bela Adormecida, um Príncipe Encantado bobão e aquela reunião de sempre dos vilões de contos de fadas que nunca se dão bem... acredite, você já viu tudo isso.
A única razão dessa porcaria ter sido poupada de uma morte cruel no mercado de home video é mesmo a certeza de que ainda há ouro nas minas abertas por Shrek e a Lionsgate - e a Playarte - também querem sua fatia do bolo.