Se existe uma característica básica que destaca Legends of Tomorrow das outras séries do Arrowverse é sua capacidade de rir de si mesma. Cercada de metalinguagem, a produção que acompanha os heróis em suas viagens pelo tempo e espaço abraça o ridículo desde sua primeira temporada, conquistando até os espectadores mais céticos do universo DC na televisão.
A estreia da quinta temporada, apenas uma semana após a Crise nas Infinitas Terras, menciona o crossover, especialmente seus efeitos sobre Sara (Caity Lotz), mas prefere focar nas consequências do final do quarto ano, quando a equipe se revelou para o público ao batalhar contra Tabitha (Jane Carr) e NeRay (Brandon Routh), e no novo status de celebridade da tripulação da Waverider.
[Spoilers de “Legends of Tomorrow – Meet The Legends” à frente]
A premissa de “Meet The Legends” é simples: procurando melhorar a imagem da equipe após alguns deslizes em rede nacional – incluindo o ataque ao senador Wellington (Paul Batten) na última temporada -, Ava (Jess Macallan) contrata uma equipe de filmagem, liderada pelo diretor Kevin Harris (Adam Beauchesne), para fazer um documentário sobre do grupo. Em uma introdução hilária, Nate (Nick Zano) é mostrado em alguns comerciais japoneses de refrigerante – no melhor estilo Joey de Friends -, Mick (Dominic Purcell) apresenta um dos prêmios do Oscar e Sara e Ava vão com os Obama a um jogo de basquete.
Em frente às câmeras, cada membro esconde seu comportamento normal, seguindo os conselhos de Ava sobre melhorar a imagem pública do grupo. Behrad (Shayan Sobhian) tenta – e não consegue - esconder seu uso de maconha, Ray (Routh) se esforça para criar um bordão e Nate se veste o tempo todo como um acadêmico, tentando impressionar a equipe de filmagem. A única que se incomoda com as câmeras na nave é Sara, ainda de luto pela morte de Oliver (Stephen Amell) durante a Crise.
Enquanto o formato de falso documentário relembre comédias como The Office e Parks & Recreation, ele também proporciona um novo olhar às aventuras bizarras das Lendas. Dessa vez, a equipe retorna à Rússia Czarista para lidar com Grigori Rasputin (Michael Eklund), que retornou dos mortos após Astra (Olivia Swann) liberar almas presas no Inferno. Assistir Nate entrevistar o sacerdote russo cercado de câmeras, ou Ray prender uma GoPro em seu traje para “acesso total à ação não violenta” proporciona os momentos mais hilários do episódio, ao mesmo tempo em que o discurso enraivecido de Sara para as câmeras dá o pontapé para uma das cenas mais emocionantes da série.
“Meet The Legends” também demonstra o quanto os atores estão à vontade em seus papéis. Routh rouba praticamente qualquer cena em que aparece como Ray Palmer/Eléktron, enquanto a atuação seca e direta de Matt Ryan faz com que seu Constantine pareça ter sido tirado diretamente das HQs. Mas, em meio ao cenário colorido e o roteiro autorreferente, Lotz e Zano brilham como os grandes responsáveis pelo drama do episódio.
Enquanto a atriz da Canário Branco demonstra com extrema facilidade o turbilhão de emoções de ter perdido Oliver duas vezes durante o crossover e sua decepção pelo mundo não perceber que ela acabara de salvar e unir o multiverso, Zano consegue fazer com que a transição da comédia galhofa tradicional de Legends of Tomorrow ao drama do desaparecimento e esquecimento de Zari (Tala Ashe) pareça natural, sem que o episódio sofra com a mudança de tom.
Exemplo clássico do formato de Legends of Tomorrow, “Meet The Legends” consegue, em uma hora igualmente emocionante e hilária, introduzir seus dois principais arcos para a quinta temporada. Um começo forte para o novo ano, o capítulo exala a marca única da série dentro do Arrowverse ao mesmo tempo em que traz um novo formato para a produção. Mais uma vez, o caminho parece tranquilo para mais uma sólida temporada a bordo da Waverider.