Exibição deslocada prejudica ótimo piloto de novo derivado de Arrow

Créditos da imagem: CW/Divulgação

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Exibição deslocada prejudica ótimo piloto de novo derivado de Arrow

Apesar de transmissão fora de ordem, “Green Arrow and The Canaries” anima fãs para nova série do Arrowverse

23.01.2020, às 20H38.

A oitava e última temporada de Arrow tinha uma difícil missão quando começou a ser exibida em 2019: introduzir o crossoverCrise nas Infinitas Terras ao mesmo tempo em que encerrava a narrativa que deu origem ao Arrowverse. Apesar de alguns pequenos tropeços no meio do caminho, a produção liderada por Stephen Amell tem se despedido com competência do público, com episódios bem escritos e uma trama focada.

Após ser o destaque da sétima temporada e praticamente dominar os episódios do último ano, era uma questão de tempo para que Mia (Katherine McNamara), filha de Oliver (Amell) e Felicity (Emily Bett Rickards), ganhasse importância maior no universo de séries da CW. Embora o anúncio de um derivado baseado na vida da personagem num futuro pós-Crise não surpreendesse, incluir o piloto na curta temporada final de Arrow foi uma escolha arriscada, especialmente pelo peso carregado nessa última leva de episódios. Embora tenha servido como um ótimo piloto para o novo derivado, Green Arrow and The Canaries infelizmente ficou deslocado entre os episódios do oitavo ano

[Spoilers de “Arrow – Green Arrow and The Canaries” à frente]

Como anunciado meses atrás, o piloto leva o público novamente para a Star City de 2040, embora em uma versão bem diferente da mostrada nas temporadas sete e oito de Arrow. Agora, o legado deixado por Oliver após seu sacrifício na Crise e a interação entre as diferentes gerações da Equipe Arqueiro mudaram o futuro a ponto de Mia e JJ (Charlie Barnett) – herdeiro do manto do Exterminador no futuro sombrio – estarem noivos, Zoe (Alexandra Sixtos) estar viva e William (Ben Lewis) cuidar do império tecnológico deixado pelo pai e Felicity enquanto a irmã caçula leva a vida como uma socialite festeira. Não bastasse, Rene (Rick Gonzalez), agora prefeito de Star City, anuncia que a cidade se tornou a mais segura do mundo, sem que nenhum crime violento seja registrado desde 2020.

É nesse cenário utópico que Laurel (Katie Cassidy), vinda do presente, aparece e tenta evitar o sequestro de Bianca Bertinelli (Raigan Harris), filha adotiva de Helena/Caçadora, cuja morte iniciaria a onda criminosa na história da cidade. Após falhar na missão, a vigilante busca por Dinah (Juliana Harkavy) que, por algum motivo misterioso, foi transportada para 2040 logo após o velório de Oliver e teve todos os registros de sua vida apagados da história.

A cena apresenta o grande – e talvez único – defeito de “Green Arrow and The Canaries”, embora seja um problema recorrente. Mesmo que o episódio em si seja muito bom e tenha atuações empolgantes, é impossível não se distrair com as várias referências feitas a eventos que só serão apresentadas na próxima semana, quando Arrow chegar ao fim. Por mais que o piloto do derivado não tire os méritos conquistados por uma boa temporada, a ordem sem sentido dificulta o envolvimento do público com a nova trama.

Ainda assim, o capítulo mostra que, caso seja oficializada, a série, que terá o mesmo nome que o episódio desta semana, tem tudo para assumir o lugar de sua predecessora, mas sem deixar a impressão de déjà-vu. Com tom diferente da produção original, Green Arrow and The Canaries tem grande parte de sua ação mostrada em ambientes mais claros, evitando cenas de lutas ocultas pelas sombras. Outra mudança em relação a Arrow está nas tomadas externas: ao invés focar em um grupo específico de pessoas ou na faixada de algum prédio, o piloto procurou expor ao máximo a Star City “perfeita” de 2040, tirando a sensação claustrofóbica criada em algumas cenas da produção iniciada em 2012.

Obviamente, a boa produção apenas reforça o trabalho das protagonistas que dão nome à série. Se Cassidy vinha numa crescente desde que começou a interpretar a versão da Terra-2 de Laurel, a atriz chega com sua personagem completamente formada à nova série e é, ao mesmo tempo, alívio cômico e catalisadora das principais tensões do episódio. Já Harkavy, deixada de lado pelos roteiristas desde que se tornou capitã da polícia de Star City, ganha finalmente a chance de desenvolver Dinah para além do seu papel de vigilante, com a “folha em branco” da Canário servindo também como uma nova chance para que a equipe comandada por Marc Guggenheim possa reconstruir a heroína.

O elenco “nativo” de 2040 também não decepciona. Embora apareçam pouco, Lewis, Sixtos e Joseph David-Jones, que interpreta Connor Hawke, mantém o charme que levou seus personagens ao presente de Arrow, enquanto Barnett explora um lado mais carinhoso de JJ, deixando para trás o homem que se tornou vilão por falta de atenção paterna. Mas, é claro, que o destaque fica com a nova Arqueira.

Protagonista da provável nova série, McNamara é outra que tem a chance de mudar sua relação com a personagem que interpreta. Vista por alguns espectadores apenas como a versão feminina de Oliver, Mia agora não é a mesma pessoa obstinada apresentada no ano anterior. Com uma mente que carrega memórias de suas experiências antes e depois da Crise, a nova vigilante passa quase todo o episódio dividida entre a vida perfeita ao lado de JJ e o futuro terrível em que viu o noivo matar sua melhor amiga. Do mesmo jeito que trouxe leveza à obscura Star City futurista na sétima temporada, McNamara entrega a crise existencial que afeta a relutante Arqueira e prova estar pronta para, assim como Amell antes dela, carregar um dos pilares do Arrowverse nos ombros. Sua química com Cassidy e Harkavy também é palpável e estabelece uma base sólida para que a CW mantenha vivo o legado de Arrow.

Exibido fora de ordem, o piloto de Green Arrow and The Canaries não é, necessariamente um episódio necessário para a oitava temporada de Arrow. Por outro lado, o nono capítulo mostra que o Arrowverse ainda tem histórias muito interessantes para contar, principalmente se continuar explorando o talento de seu elenco. Embora a série não tenha sido oficialmente encomendada pela CW, seria frustrante se a emissora desperdiçasse Mia, Laurel e Dinah após uma primeira aventura – e ganchos abertos – tão interessante.

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