Quando os irmãos Chris Weitz e Paul Weitz (Um Grande Garoto) decidiram que seu próximo projeto seria uma adaptação de Murderbot, a popular saga literária de ficção científica assinada por Martha Wells, eles sabiam de duas coisas: primeiro, não seria fácil transportar a história, narrada em primeira pessoa por um androide ansioso e largamente dependente de seu monólogo interno, para a tela; segundo, eles queriam ver mais de The Rise and Fall of Sanctuary Moon.
O título se refere à “série dentro do livro” - que agora virou “série dentro da série” - de Murderbot, objeto de adoração do personagem principal, que retrata a tripulação de uma nave exploratória envolvida nas tramas mais rocambolescas e melodramáticas possíveis no gênero. A produção do Apple TV+ expande bastante o que sabemos sobre Sanctuary Moon, e escala um elenco estrelado (John Cho! Jack McBrayer! Clark Gregg! DeWanda Wise!) para encenar pequenos trechos dela… será uma semente plantada para um futuro spin-off?
A seguir, os irmãos Weitz e o seu astro/coprodutor Alexander Skarsgard revelam esse e outros segredos de Murderbot. A primeira temporada da série segue em exibição pelo Apple TV+, com episódios semanais às sextas-feiras, até 11 de julho.
OMELETE: Olá, pessoal! Sou o Caio, do Omelete, no Brasil. Prazer em conhecê-los!
CHRIS: Prazer em conhecê-lo!
PAUL: Obrigado por nos receber, Caio!
SKARSGARD: Muito prazer em conhecê-lo também!
OMELETE: Chris e Paul, vocês são produtores, diretores e roteiristas de Murderbot. Alexander, você também produz a série, além de protagonizar. O que nessa história fez vocês quererem investir tanto nela? É um personagem especial para vocês?
PAUL: Para mim, parecia uma história muito única. Murderbot é um ótimo personagem literário, que acontece de estar em uma história de ficção científica - mas que parece totalmente reconhecível para mim, em seu cinismo. O monólogo interno dele é grande parte do livro, e acho que todos nós temos esse monólogo interno acontecendo dentro das nossas cabeças, questionando nós mesmos ou as pessoas que conhecemos. Às vezes, há um trabalho que temos que fazer, e pensamos: “Isso é horrível, f*da-se isso”. Mas mesmo assim precisamos estar presentes para aquilo, aparecer para a vida de muitas maneiras. Esse era o ponto mais importante da história para mim, e senti que através disso o personagem Murderbot também poderia ser bastante vital na tela.
SKARSGARD: Essa definitivamente tornou-se uma história muito especial para mim, mas não é algo que se originou comigo. Chris e Paul já estavam ligados ao projeto quando ele chegou às minhas mãos, mas eu me apaixonei pelo mundo, pelo personagem, logo que comecei a ler. Tinha um tom tão único, e um personagem tão diferente para mim. Foi um presente poder entrar tão cedo no projeto, ter um ano para desenvolvê-lo com Chris e Paul antes de começarmos a filmar. Isso nos deu a oportunidade de moldar Murderbot juntos, e não é isso que acontece na maior parte do tempo para um ator. Com bastante frequência, você entra bem tarde [no processo], mas esta foi uma oportunidade de moldar o tom da história, do personagem, sua aparência… eu realmente gostei desse processo.
OMELETE: Bom, eu sou um grande fã dos livros de Murderbot, e quando ouvi falar sobre a adaptação, sabia que seriam necessários muitos ajustes. Como você mencionou, Paul, muito do conflito no livro é internalizado na narração - isso foi um grande desafio para vocês? Como decidiram quais mudanças fazer?
CHRIS: Bom, para começar, nós sabíamos que a narração em off teria que existir na série, porque seria uma pena terrível perder a voz narrativa do Murderbot. Acho que essa foi uma decisão chave em termos de manter aquele espírito dos livros, para que as coisas ainda fossem vistas pelos olhos do Murderbot. A partir daí, não sentimos que tínhamos que mudar tanto - adicionamos algumas coisas, transferimos algumas coisas do monólogo interno de Murderbot para suas ações… Felizmente, Martha [Wells] não só foi receptiva às nossas contribuições, mas estava disposta a trabalhar conosco para fazer uma expansão da trama de forma que não fosse apenas preencher espaço, mas que realmente funcionasse dentro do universo dela.
OMELETE: Alexander, quando se trata de interpretar Murderbot, acho que a linguagem corporal é uma parte muito importante do personagem. Que tipo de trabalho físico você fez para se preparar? Foi muito diferente de outros personagens que você já interpretou?
SKARSGARD: Foi muito interessante... Quando estávamos filmando, tentava ter em mente que todos os movimentos dele precisavam ser intencionais, que eu devia fazer apenas coisas que fossem necessárias. Murderbot não fica inquieto, não fica mexendo no cabelo ou coçando o rosto para se distrair. Ele fica completamente imóvel, a menos que precise se mover por um motivo. E o mesmo vale para a forma como ele fala, é apenas o essencial. Ele diz o que tem que dizer, mas nada mais que isso.
Então, eu realmente quis evitar os gestos tipicamente humanos, fiquei vigiando minhas mãos, meu rosto, evitei usar o corpo quando estava falando. Eu queria meio que tirar isso de mim, ficar lá apenas imóvel e estoico. Ao mesmo tempo, tinha que mostrar que, sob essa superfície, Murderbot pode estar incrivelmente desconfortável, desesperado para sair dali. Acho que esse contraste é divertido.
OMELETE: Que incrível. Também sinto que devo perguntar: os livros de Murderbot incluem muito mais aventuras do que a que vemos aqui, na primeira temporada. Vocês planejam continuar adaptando os livros? Há planos para múltiplas temporadas?
SKARSGARD: Quer dizer, veremos. Esta primeira temporada é muito baseada em All Systems Red, o primeiro livro - mas, como você disse, há muitas aventuras pelas quais Martha Wells levou o Murderbot. E eu adorei interpretá-lo, me apaixonei pelo personagem e pelas pessoas com quem trabalhei na primeira temporada, então definitivamente toparia embarcar em outra aventura.
PAUL: Nós começamos a conversar sobre isso, e a possível segunda temporada provavelmente não será como esta, que se ateve apenas ao primeiro livro. Na próxima, se tivermos sorte de fazer uma próxima, podemos misturar alguns volumes diferentes dos livros, integrar materiais diferentes - até para continuarmos a acompanhar os outros personagens da série, além de Murderbot.
[Nota do repórter: No segundo livro da saga The Murderbot Diaries, de Martha Wells, os personagens humanos de All Systems Red - Dra. Mensah, Dr. Gurathin, etc. - não fazem aparições. Murderbot volta a cruzar o caminho deles nos volumes seguintes da saga.]
OMELETE: Por fim, obviamente quero falar sobre Sanctuary Moon. De onde veio a ideia de mostrar mais da série nessa adaptação? E quando, por favor, poderemos ver uma temporada inteira?
CHRIS: [Risos] Fico feliz que tenha gostado! Para nós, pareceu uma oportunidade de nos divertir. A gente sabe que temos alguns instintos maximalistas, alguns diriam até camp, para criar uma narrativa desse tipo de telenovela - mas elas não podiam ser expressadas no mundo que estávamos criando para Murderbot. Já em Sanctuary Moon… Nós chamamos um monte de gente com quem já tínhamos trabalho, e nos divertimos à beça.
PAUL: Sim, há muito de telenovela e ópera em Sanctuary Moon. O Murderbot ama essa série, está sentindo algo ali, e ele não é um idiota. Eu já estive em contato com o mundo da ópera, e há pessoas que enxergam nessa forma de arte o cerne do que é ser humano - mas tudo muito exagerado, é claro, com grandes expressões de emoção.
SKARSGARD: Isso [a temporada completa de Sanctuary Moon] vai acontecer, pode confiar em mim. Eu já disse para alguém que, mesmo que não consigamos outra temporada de Murderbot - e eu espero que consigamos! -, precisamos fazer mais alguns episódios de Sanctuary Moon. As pessoas merecem isso. E eu definitivamente quero ver!
OMELETE: Está prometido! Obrigado, pessoal, e parabéns pela série.
CHRIS: Obrigado!
PAUL: Muito obrigado, Caio!
SKARSGARD: Obrigado!
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