Não é só Junji Ito: Conheça Kanako Inuki, a rainha dos mangás de horror

Créditos da imagem: Divulgação

Mangás e Animes

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Não é só Junji Ito: Conheça Kanako Inuki, a rainha dos mangás de horror

Mangaká que surgiu no mesmo período de Ito tem pela primeira vez seu trabalho lançado no Brasil

Omelete
4 min de leitura
28.03.2023, às 12H36.

Quando se pensa em mangás de horror e suspense, um nome vem diretamente na cabeça dos leitores, especialmente no Brasil: Junji Ito. O mangaká começou sua carreira durante os anos 1980 e ganhou cada vez mais espaço a partir de 1990, especialmente com suas histórias curtas e tramas sombrias. Mas todas as frases usadas para descrever Ito podem ser também para falar sobre Kanako Inuki. A mangaká de terror também iniciou sua trajetória na década de 80 e virou um nome reconhecido no medo em formato de quadrinhos durante os anos de 1990. Seu impacto foi tão grande no Japão no período, que ganhou até a marca de “a rainha dos mangás de terror”.

Se o público brasileiro não fazia ideia de quem era ela, agora vai poder conhecê-la pela primeira vez em Contos Macabros de Kanako Inuki, lançada pela editora JBC. A coletânea de seis histórias curtas da autora é publicada apresentando um pouco do que a artista sempre foi capaz de fazer. Não à toa, o título em inglês da mesma publicação mostra bem o que esperar: “Be Very Afraid of Kanako Inuki!” (Tenha Muito Medo de Kanako Inuki!, em tradução livre).

Nascida em 1958 na ilha de Hokkaido, ela se mudou bem cedo para Tokyo, capital do país. Em uma entrevista para a editora Dark Horse, conta que tinha uma pequena loja próximo de onde morava chamada Manga Rental, em que era necessário apenas pagar um valor simbólico para levar o material. Por lá, começou a ter contato com o universo dos quadrinhos e conheceu Kazuo Umezu, o mangaká que seria sua grande inspiração. Ele é o fundador do chamado 'Kyoufu', mangás de horror, e desenvolveu muito o 'Kaiki', que trata sobre coisas grotescas e anormais.

Inuki mesclava o interesse no terror e em histórias de romance, mas foi o primeiro gênero que a conquistou desde cedo por causa das referências visuais. A quadrinista sempre pedia para os pais deixá-la ver filmes de terror, e isso foi acontecendo aos poucos. Só que, quando passou a ver e gostar, começava a se questionar por que havia uma repulsa de não deixar alguém como ela ver esse tipo de produção.

Essa foi a base fundamental para seu lado mais “macabro” passar a florescer. Kanako diz que a mãe, apesar de gostar de mangás, nunca foi a favor dela se tornar uma criadora desse tipo de obra. Por isso, ela trilhou uma vida como muitos, fazendo faculdade, conseguindo emprego em um trabalho mediano e se casando.

Capa de Contos Macabros de Kanako Inuki
Divulgação

Como o interesse nunca tinha se dissipado, ela teve um grande estalo logo que teve o primeiro filho. A empresa Asahi Sonorama tinha acabado de publicar a primeira revista focada em mangás de terror, em uma espécie de retomada do gênero que tinha sido renegado no país.

Kanako Inuki não perdeu tempo e começou a criar algumas histórias e enviar para editoras. Uma delas chamou a atenção do editor da Kodansha, que estava nos planos de criar uma revista focada em terror. Com isso, ela conseguiu um trabalho de criação de capaz, até trazendo alguns de seus contos – entre eles, Orusuban, de 1987, sua estreia oficialmente.

O nome da mangaká causou grande repercussão, assim como de outros autores. Dessa forma, de um jeito meio indireto, ela fez parte de uma geração de autores de terror no Japão, que ganhou um subgênero sob nome de "shoujo horror manga." Entre eles, estava também o já citado, Junji Ito, mais famoso de todos os artistas.
Inuki teve uma produção bem vasta nos anos 1990. Foi nessa época que criou sua série mais famosa “School Zone”, publicada entre 1996 e 97. É nela que os estilos da autora ficam mais evidência, como o uso do folclore japonês como parte da mitologia do terror, um sarcasmo com a estética mais “fofa” e o humor.

Dentro das suas narrativas também as crianças sempre aparecem ou como protagonistas ou como personagens importantes. Para ela, o fato de ser uma mulher a torna alguém mais perceptível ao mundo e a psicologia dos seres humanos. Por isso, ela acredita que crianças sejam tão interessantes de escrever, já que seriam figuras mais “puras”.

Apesar do vasto número de publicações durante essa década, ela lançou poucas coisas posteriormente. A maioria foram ou pequenas tramas ou participações em coletâneas, como em Horror Anthology Comic Shikaku, de 2015.

De toda maneira, enquanto outras editoras não se aventuram pelos seus desenhos perturbadores, Contos Macabros de Kanako Inuki é uma ótima oportunidade de conhecer os mangás de terror para além do nome mais conhecido do estilo.

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