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Marvel afasta desenhista que incluiu mensagem política em HQ dos X-Men

Ardian Syaf diz que arca com as consequência e que sua carreira está "encerrada"

12.04.2017, às 12H21.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

A Marvel Comics anunciou que está encerrando o seu contrato com o desenhista indonésio Ardian Syaf, depois que leitores identificaram nos últimos dias mensagens políticas na primeira edição de X-Men: Gold, um dos novos títulos dos X-Men após Inhumans vs X-Men. A decisão tem "efeito imediato", segundo a editora, mas a arte do indonésio ainda será vista nas edições 2 e 3, já impressas.

As mensagens apareceram numa camiseta vestida por Colossus, com a inscrição "QS 5:51", e depois em uma fachada de loja, com o número 212. O primeiro se refere a um verso do Alcorão que pede que muçulmanos não tomem judeus e cristãos como aliados e que diz que "Alá não guia pessoas de má fé". O verso tem sido repetido em protestos políticos na capital da Indonésia, Jacarta, contra o governo de Basuki Tjahaja Purnama, cristão. "212" cita um protesto ocorrido em 2 de dezembro de 2016 em que 200 mil pessoas marcharam contra Purnama depois que o governador supostamente blasfemou contra o Alcorão durante um discurso.

A religião predominante na Indonésia é a muçulmana. No seu Facebook, Syaf escreveu que "sua carreira terminou". "Isso é consequência do que eu fiz, e aceito. Por favor, parem com a chacota, a discussão e o ódio. Espero que todos fiquem em paz."

Segundo o desenhista, o verso em questão "é o número da justiça. É o número do amor. Meu amor ao sagrado Alcorão, meu amor ao último profeta, o mensageiro... Meu amor a Alá, o Único Deus".

R.B. Silva assume os desenhos das edições 4 (que originalmente ficaria com Syaf), 5 e 6. Já Ken Lashley desenha as três edições seguintes. O plano original da editora era ter Syaf como titular da série e colocar Silva e Lashley na rotação dos artistas secundários.