Uma das estreias mais aguardadas da televisão em 2016, Westworld chegou de forma impressionante, batendo recordes de audiência e agradando tanto público quanto crítica. Depois de problemas nos roteiros que forçaram a interrupção das filmagens, a série finalmente saiu do papel e tem tudo para ser inovadora e grandiosa. Porém, não foi só a produção da HBO que sofreu com atrasos. A história da criação de Westworld remete a quase meio século, em um processo que começou com um filme que quase não aconteceu e uma franquia esquecida por décadas.
Em maio de 1969, um jovem escritor de Chicago chegou ao estrelato ao escrever um livro sobre uma invasão alienígena. Com apenas 26 anos, Michael Crichton virou um nome de peso dentro da ficção norte-americana e viu seu Andromeda Strain se transformar em filme (conhecido no Brasil como O Enigma de Andrômeda), rendendo indicações ao Oscar e sucesso de bilheteria. A fama fez o autor querer ir além. Crichton pensou em um parque de diversões para adultos, onde humanos em busca de escapismo visitavam lugares imaginados e interagiam com robôs, se comportando da forma mais imoral possível. Os estúdios de Hollywood não demonstraram a mesma empolgação de Crichton. A única que se mostrou minimamente empolgada foi a MGM, conhecida na época por pesar a mão na direção e na montagem dos longas que produzia.
Se não bastasse o orçamento reduzido e apenas 30 dias para filmar, Crichton tinha um desejo claro na produção de Westworld: efeitos visuais feitos em computador para mostrar o ponto de vista do andróide Pistoleiro, personagem central do filme, vivido por Yul Brynner. Porém, em 1973 o uso de computação gráfica em filmes era limitado e assustadoramente caros. Após muita negociação, o diretor encontrou uma solução com o animador John Whitney Jr, em um processo de criação tão complicado e demorado que a data de estreia do filme quase foi cancelada.
Tanto esforço valeu a pena, e Westworld, mesmo não tendo agradado Michael Crichton, foi o filme mais bem-sucedido da MGM em 1973. O sucesso nos cinemas fizeram o estúdio criar Futureworld, sequência de 1976 estrelada por Peter Fonda e Blythe Danner e sem qualquer envolvimento de Crichton. O filme provou-se um fracasso, mas, graças a popularidade da ficção científica nos anos 70, a franquia conseguiu uma sobrevida com uma série de TV da CBS chamada Beyond Westworld, com Jim McMullan sendo o chefe de segurança da Delos, a empresa que controla o parque de diversões. Apesar do esforço do canal na promoção da série, apenas três episódios foram ao ar e a obra parecia destinada ao esquecimento.
No entanto, Westworld foi encontrado espaço em diferentes obras da cultura pop nas décadas seguintes. Por ironia do destino, um remake do filme foi cogitado em 2002 com a participação de Arnold Schwarzenegger, que ficou famoso ao interpretar um exterminador inspirado no Pistoleiro. O projeto estava avançado, mas a carreira política de Arnold entrou no caminho e o projeto nunca saiu do papel. Anos depois, até Quentin Tarantino foi especulado para dirigir uma nova versão, mas novamente tudo não passou de rumores.
Foi só em 2013 que um retorno de Westworld tornou-se realidade. Empolgado com o sucesso de sua criação Minha Vida com Liberace (Behind the Candelabre), o lendário produtor Jerry Weintraub entrou em contato com Jonathan Nolan e Lisa Joy, que viram uma chance de usar o clássico de Crichton como base para criar algo ainda mais ambicioso. A pausa nas gravações e os problemas de roteiro não desanimaram o J.J Abrams, Jonathan e Lisa Joy Nolan, que deram a volta por cima e entregaram uma série surpreendente que certamente marcará época dentro da televisão.
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