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Star Trek: Strange New Worlds traz de volta o otimismo da jornada humana

A nova série, que acaba de estrear no Paramount+, resgata o tão necessário otimismo da franquia Star Trek; confira as nossas primeiras impressões

09.05.2022, às 10H27.

A vida precisa ser aproveitada gloriosamente. Porque, até o nosso último momento, o futuro é o que fazemos dele”. A fala, já nos minutos finais do primeiro episódio de Star Trek: Strange New Worlds, parece resumir o objetivo geral da nova produção de Jornada nas Estrelas: uma visão otimista sobre o nosso amanhã.

Décima primeira série da franquia, Strange New Worlds é a quinta dessa revitalização do agora chamado Star Trek Universe, iniciado com Star Trek: Discovery e com foco maior no streaming. Porém, ao mesmo tempo em que é um produto para um novo mundo, ela resgata conceitos (pertinentes) de antigamente.

Esse primeiro episódio, chamado simplesmente de "Strange New Worlds" e lançado no Paramount+ na sexta-feira (6), joga tudo às claras. Em termos de história, reencontramos a clássica USS Enterprise após os eventos do primeiro piloto da série clássica de Jornada nas Estrelas ("The Cage") e dos eventos da segunda temporada de Discovery.

Ou seja, temos uma NCC-1701 liderada pelo capitão Christopher Pike (Anson Mount), ao lado de uma tripulação composta por Spock (Ethan Peck) e da Número Um (Rebecca Romjin), além das adições de Uhura (Celia Rose Gooding), da enfermeira Chapel (Jess Bush), do dr. M'Benga (Babs Olusanmokun) e de La'an Noonien-Singh (Christina Chong), em um sobrenome que causa calafrios nos trekkers, entre outros.

Todos eles funcionando em harmonia logo na primeira cena, nos primeiros minutos. Se Star Trek: Discovery demorou para construir uma química entre os protagonistas, Strange New Worlds faz isso em segundos - o que se encaixa não só no contexto da história, mas também facilita na hora de engatar a dobra fator 3 dessa aventura espacial.

Destaque para o Spock de Ethan Peck, já completamente à vontade no icônico papel, fazendo uma dobradinha irretocável com Pike - com Anson Mount sabendo equilibrar uma energia ao estilo Kirk com uma personalidade única, além de adicionar uma camada de medo sobre o tenebroso futuro do personagem (como vimos na segunda temporada de Discovery, mas também no episódio duplo "A Coleção", da série clássica).

Aventura do amanhã

Para além dos nomes conhecidos, esse começo resgata a ideia de aventuras serializadas, tão comuns na televisão de antigamente e que pareciam perdidas no mundo do streaming, com suas temporadas que mais parecem filmes de dez horas. Para além dos grandes arcos dos personagens, cada episódio desta série será também uma aventura da semana, como Jornada nas Estrelas: A Série e Jornada nas Estrelas: A Nova Geração foram.

"Strange New Worlds", o episódio de estreia, também indica o retorno de uma visão otimista para o futuro. Se Discovery lida com a luz em meio à escuridão e Star Trek: Picard brinca com os fantasmas do passado, Pike e sua trupe estão aqui para explorar novas formas de vida e novas civilizações com uma mensagem de otimismo.

Não por menos, esta é uma produção clara, colorida, em uma estética que lembra os filmes de JJ Abrams, mas que também traz elementos clássicos. Não só em termos da história contada, a série quer nos trazer um bom sentimento geral, de otimismo e luz, algo extremamente necessário no mundo em que vivemos em 2022.

É aqui que voltamos ao diálogo da abertura deste texto. Ele acontece após a USS Enterprise encontrar um planeta que teoricamente estaria pronto para receber o primeiro contato da Federação Unida dos Planetas e da Frota Estelar, após criarem o seu primeiro motor de dobra. Porém, a tripulação encontra um povo pronto para a guerra civil.

Como uma metáfora para os nossos próprios problemas terrenos atuais, Pike se posiciona. Pode soar intervencionista e pedante - e soa mesmo quando paramos para refletir que é um diálogo escrito por um americano em uma produção dos EUA -, mas é também um recado mais do que atual para nós mesmos.

Como o povo daquele planeta, nós, terráqueos do século XXI, nunca estivemos tão separados, tão inconciliáveis. Medimos quem tem o maior porrete e não buscamos o diálogo, o entendimento do próximo. Podemos nos destruir - como prevê em certa instância o próprio futuro de Star Trek, diga-se - ou fazer desse futuro algo melhor.

Você pode, claro, ouvir essa mensagem e acusar Star Trek: Strange New Worlds de “lacração” ou qualquer palavra do tipo. No entanto, a mensagem geral dos criadores Akiva Goldsman, Alex Kurzman e Jenny Lumet nunca esteve tão próxima dos ideais do homem que concebeu a franquia, Gene Roddenberry.

Serão dez os episódios para essa primeira temporada de Strange New Worlds, com um segundo ano já garantido. Ou seja, teremos bastante tempo para conferir como será essa nova jornada nas estrelas, como ela lidará com o nosso presente e se podemos aprender alguma coisinha, por menor que seja, com a ficção.

Afinal, como disse o ainda jovem Spock: “Sofrimento pode ser transformado em sabedoria”. Só não precisamos esperar mais de 200 anos para isso acontecer.