Séries e TV

Entrevista

"Vlad não ataca o povo como os políticos de Brasília", diz Ney Latorraca sobre volta do vampiro em peça

Ovacionado na CCXP 2015, o eterno Barbosa revive o personagem da novela Vamp

16.03.2017, às 11H59.
Atualizada em 16.03.2017, ÀS 12H11

Astro de um drama rural inédito sobre desejos reprimidos, o filme Introdução à Música do Sangue, que estreia no segundo semestre após trafegar por alguns dos maiores festivais de cinema do país, Ney Latorraca vai tirar da tumba o mais famoso vampiro da ficção brasileira, o conde Vlad, que agora voltará nos palcos. Imortalizado na novela Vamp, de 1991, ele voltará a morder jugulares a partir desta sexta (16), com a estreia carioca de uma versão teatral, em forma de musical, do folhetim homônimo da Rede Globo, nos palcos do Teatro Riachuelo. Responsável pelo roteiro original, Antonio Calmon assina o texto do espetáculo, dirigido por Jorge Fernando (de Êta Mundo Bom) e centrado na luta da cantora Natasha (Claudia Ohana) para derrotar Vlad. Com um projeto de série de humor em desenvolvimento para a TV (na qual vive um sujeito implicante, o Seu Neyla), Latorraca diz que o vampirão está mudado e mais sóbrio.

Mais velhinho e mais sábio, Vlad está mais calminho: ele não sai mordendo pescoços a esmo por aí. Ele escolhe bem suas vítimas e bebe sangue em doses homeopáticas musicadas. Vlad tem alvos certos, não ataca o povo, como os políticos de Brasília fazem”, explica Latorraca, que fica em cartaz com Vamp, o Musical até 4 de junho no Teatro Riachuelo. “Na época em que a novela foi exibida, ela virou álbum de figurinhas, ganhou a capa da revista Mad e inspirou moda. Tinha gente que saía toda de preto, usando capa e carregando dentinhos postiços.Mas eu não tenho muito a medida desse sucesso. O sucesso, na arte, pertence ao público. Na época eu gravava Vamp no Rio e corria para SP para encenar a peça Irma Vap. Mal tinha tempo para avaliar o que estava se passando comigo. Mas, de vez em quando, eu andava na rua e via pessoas gritandoEra um sinal de que a gente era querido”.

Em 2015, Latorraca foi ovacionado durante a CCXP - Comic-Con Experience em um painel da TV Globo dedicado ao humorístico TV Pirata, no qual encarnava Barbosa, um velhinho de boca mole e mão boba. “A melhor lembrança que eu guardo da Comic-Con foram os aplausos daquela multidão pra Marília Pêra (atriz e grande amiga de Ney, que morreu na semana da CCXP) e o reconhecimento para um tipo de comédia de alto nível que a gente fazia naquele programa. Foi um evento emocionante. É muito bom ser querido pelos jovens”, diz Latorraca. “Sempre que você me vir atuando, quem está ali não sou apenas eu e sim a soma de uma série de personagens, um histórico de trabalhos. Tem Barbosa, Vlad.. todos juntos”.