O produtor Chris Brancato participou do evento Rio2C como palestrante de um painel que enfocava o apelo dos anti-heróis masculinos em séries policiais. É uma especialidade de Brancato, que depois de trabalhar como roteirista por anos em séries como Law & Order se tornou produtor de sucessos como Hannibal e Narcos. A nova aposta do criador se chama The Westies, minissérie que em março ganhou sinal verde do MGM+ para ser produzida.
J.K. Simmons será o protagonista, integrante da gangue irlandesa que dá nome à minissérie. Por que Simmons levou tanto tempo para ser alçado de coadjuvante de luxo a protagonista? “Ele simplesmente é ótimo em qualquer papel de cara durão. E você está certo; depois do Oscar por Whiplash ele atraiu muita atenção mas sempre trabalhou muito sendo o cara de apoio. O que está sendo ótimo a respeito de ter J.K. [na minissérie] é que isso está gerando o interesse de outros atores, mais ou menos como aconteceu quando conseguimos Forest Whitaker para estrelar Godfather of Harlem. Grandes atores atraem outros atores. E em séries assim, acredito que não importa tanto o tamanho do orçamento, é muito sobre a qualidade do texto e da atuação”, diz Brancato ao Omelete durante o Rio2C.
The Westies se ambienta na região de Hell’s Kitchen em Nova York numa época em que a criminalidade compete com os especuladores da Bolsa de Valores no imaginário de párias da cidade. “Os anos 80 são um período muito particular de Nova York. Os Westies operaram na cidade entre os anos 1960 e 1980, e nós vamos focar no período entre 1980 e 1986, quando a gangue acabou. É a época de Fogueira das Vaidades, muita festa e cocaína, Gordon Gekko anunciando que ‘cobiça é bom’ [no filme Wall Street]. Não havia uma guerra americana em curso, nem ameaças terroristas, só as pessoas vivendo excessos sem pensar no amanhã”, diz o produtor.
Brancato diz que gosta de acrescentar elementos novos às narrativas de gangsterismo; no caso de Godfather of Harlem são os movimentos de direitos civis, e no caso de The Westies pode-se esperar até especulação imobiliária e gentrificação. “Os Westies eram cerca de 20 a 30 capangas trabalhando para a Máfia italiana, que era muito mais forte, mas os Westies ganharam destaque por serem muito brutais e espertos - e ameaçadores. E de repente chegam os yuppies expulsando da vizinhança essa comunidade irlandesa; era o fim de uma era e eles lutam como podem para manter seu território.”
“Ao longo dos anos houve em Hollywood muitos projetos para contar essa história mas ela nunca pegou tração. Se eu fosse fazer um documentário sobre os Westies o apelo seria muito limitado porque eles eram de fato caras do mal. Gosto de fazer ficção histórica porque eu parto do factual e nesse caso o desafio é tornar os Westies interessantes - colocá-los com gente que é muito pior e quem sabe fazer você torcer pelos Westies”, comenta o produtor. “No fim das contas eu gosto de escrever esse tipo de material porque é muito divertido. Não levo tão a sério assim [como ficção histórica], mas levo muito a sério a qualidade da escrita e do elenco.”
The Westies terá oito episódios e ainda não tem data de estreia definida no MGM+.