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Entrevista

The Handmaid's Tale | "Imaginei pelo menos 100 episódios", revela criador da série

Bruce Miller fala sobre o futuro do premiado programa

05.04.2018, às 15H47.
Atualizada em 07.04.2018, ÀS 02H01

O criador de The Handmaid’s Tale, Bruce Miller (conhecido por seu trabalho em ER, Eureka, Alphas, entre outras séries), esteve presente no RioC2, evento de negócios e audiovisual que acontece a semana toda na Cidade das Artes. O showrunner apresentou a série para a plateia de convidados (a primeira temporada acabou de começar a ser exibida no Paramount Channel) e aproveitou para falar um pouco sobre o processo de produção, suas decisões criativas e também algumas previsões para o futuro do programa.

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Bruce começou apresentando um trailer da primeira temporada e falando bastante sobre como seu trabalho na série esbarraria no impedimento de gênero. A rede queria uma showrunner mulher, mas ele lutou pelo posto e hoje garante questões importantes ao cercar-se de uma equipe de mulheres com quem tem longos debates sobre pontos de vista: “Estou tentando pensar em algum tópico sobre o qual conversamos muito e sobre o qual eu possa falar... Menstruação. Já ficamos horas falando sobre como a mulher se sente sobre isso”, revelou. “Eu tenho um histórico muito diferente do que fazemos nessa série, mas soube que o trabalho estava disponível, fui atrás e eles disseram sim”.

Handmaid’s Tale está cercada de debates sobre sua importância no cenário feminino e a realidade distorcida que apresenta impressionou o mundo por ser mais relevante do que os domínios da ficção previam. A trama foi baseada no livro de Margaret Atwood (que faz uma ponta e acompanha as filmagens) e; a exemplo do que aconteceu com The Leftovers, a primeira temporada cobriu quase todo o livro e a segunda seguirá com mais material original. “Vamos cobrir algumas coisas que ficaram de fora, como as colônias. Enquanto estou aqui eles estão filmando o final da temporada e agora mesmo recebi uma mensagem me perguntando se o bebê da foto que enviaram era gordo ou magro demais”, brincou.

Na nossa conversa exclusiva, Bruce comentou o quanto o visual da série se tornou um ícone de cultura pop: “É maravilhoso o trabalho de Ane Crabtree. Tivemos longas conversas simplesmente sobre a cor vermelha. É incrível ver como isso se traduziu no imaginário dos fãs”. Ao falar sobre as questões feministas, ele afirmou sentir-se um pouco pressionado, mas sublinhou a forma como a série ampliou seu ponto de vista sobre muita coisa: “Depois de um tempo você começa a notar como se torna capaz de perceber mesmo pequenas doses de sexismo na forma como o mundo lida com as mulheres. Falamos muito sobre isso na sala de roteiristas”.

Bruce ainda falou um pouco mais sobre as mudanças entre o livro e a série: “Decidimos não aproveitar a ideia do 'Mundo Branco', sem negros, porque acho que muita coisa mudou desde 1985, quando o livro foi escrito. Queríamos falar de racismo sem sermos um programa racista”. Sobre a atuação de Elisabeth Moss, ele foi categórico: “Ela memorizava todos as narrações em off e as passava na cabeça quando estava em silêncio. É simplesmente a melhor atriz que já vi”. E completou a respeito do elenco: “Prefiro contratar alguém que não seja tão bom, mas que seja uma boa pessoa. Odeio a ideia de um set cheio de gente idiota. Alexis Bledel, por exemplo, é uma pessoa maravilhosa e tão linda que parece de mentira”.

Sobre o futuro do show, Bruce foi cuidadoso: “Quando começamos a trabalhar na ideia, pensei em ao menos 100 episódios, dez temporadas. Mas, não tem como ter certeza de um futuro tão longínquo”. Ao apresentar o trailer do segundo ano, ele afirmou que as pessoas que já assistiram afirmaram sentir-se muito mais desconfortáveis que durante o primeiro ano. “Não penso em questões políticas quando escrevo, mas compreendo a importância do que a série tem a dizer”, completou.

A primeira temporada de The Handmaid’s Tale está sendo exibida no canal Paramount, todos os domingos às 21 horas. A segunda temporada começa em abril nos EUA.