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Tediosa, Tales From The Loop desperdiça premissa tentando ser inteligente demais

Ritmo lento e personagens mal desenvolvidos impedem nova ficção científica da Amazon de realizar seu potencial

NG
03.04.2020, às 01H16.

Créditos da imagem: Amazon Studios/Divulgação

Não há nada de errado em desacelerar um pouco de vez em quando. Na vida ou na ficção, diminuir o ritmo alucinado  dá uma oportunidade única para refletir sobre o passado e considerar como se desenvolver melhor para o futuro. Na cultura pop, títulos como Blade Runner, Neuromancer, Ghost in The Shell, 2001: Uma Odisseia no Espaço, A Chegada e até mesmo Game of Thrones aproveitaram momentos de delicioso silêncio como forma de seguir não só com a trama, mas a construção de suas histórias e protagonistas. Tales From The Loop, nova série de ficção-científica do Amazon Prime Video, infelizmente, não soube aproveitar estes espaços.

Inspirado no livro de artes e contos do suíço Simon Stalenhag, a antologia se passa em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, onde uma instituição conhecida como The Loop realiza misteriosos experimentos científicos a partir de um misterioso material pulsante. Seu visual deslumbrante e cheio de anacronismos, retirado diretamente do livro de Stalenhag, encanta, mas é rapidamente substituído pela decepção que é a trama de cada episódio.

Viagens no tempo inexplicáveis, universos paralelos e desaparecimentos esquisitos, elementos diversas vezes explorados no mundo da ficção científica, são a grande base de Tales From The Loop, mas acontecem sem a menor explicação. No primeiro capítulo, uma garota acidentalmente viaja para o futuro, conhece sua versão adulta e descobre que o deslocamento temporal “apenas aconteceu”, assim como o desaparecimento da sua mãe.

Acumulando subtramas que nunca vão a lugar nenhum a cada minuto, os capítulos, todos com mais de 50 minutos, se estendem em períodos desnecessariamente estáticos, em que seus protagonistas aparentemente refletem sobre acontecimentos recentes, sem nunca chegar a uma conclusão. Unidos à delicada trilha sonora da série, esses momentos, que vão de um garoto rolando um jarro com moedas a um homem olhando por uma janela, chegam a dar sono e rapidamente perdem a atenção do espectador.

Não ajuda o fato do elenco, formado por Rebecca Hall (Homem de Ferro 3), Jonathan Pryce (Dois Papas) e Paul Schneider (Parks & Recreation), praticamente sussurrar as próprias falas, como se guardassem um grande segredo do espectador. Não são poucas as vezes em que o ritmo e os diálogos sonolentos tiram a atenção de quem está assistindo, que se vê obrigado a repetir algumas cenas para encontrar algum sentido na série.

Claramente mais inspirado pelas ilustrações que pelos contos de Stalenhag, Tales From The Loop mal tenta desenvolver seus personagens. Do mesmo jeito em que as coisas mais fantásticas apenas acontecem, os atores simplesmente estão lá, servindo praticamente como objetos de cena.

 

Grande desperdício do potencial não só do elenco, mas também da premissa criada por Stalenhag, Tales From The Loop tenta parecer inteligente, mas isso se traduz em arrogância. Com uma história pouco inspirada e períodos tão vazios quanto seus personagens, a série tem muito a evoluir se quiser ao menos ser lembrada.

Ritmo lento e personagens mal desenvolvidos impedem nova ficção científica da Amazon de realizar seu potencial