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Séries e TV
Entrevista

Noah Emmerich sobre cinema vs. streaming: "Me importo mais com a história"

Ator acha a discussão “agonizante” e, em última análise, fútil

CC
03.02.2022, às 12H05.
Atualizada em 03.02.2022, ÀS 16H46

Créditos da imagem: Noah Emmerich e Uma Thurman em cena de Suspicion (Reprodução)

Não conte Noah Emmerich entre os profissionais de Hollywood revoltados ou preocupados com a dominação do streaming na indústria. Em entrevista ao Omelete sobre sua nova série, Suspicion (que estreia amanhã no Apple TV+), o ator contou que se importa mais com a qualidade da história do que com o tamanho da tela onde ela será assistida.

Esse debate agonizante sobre como as coisas são assistidas - em uma tela grande ou pequena, um cinema ou um celular... Isso é algo que não podemos controlar, temos que nos render à realidade e entender que a tecnologia está avançando”, refletiu o ator de The Americans e O Show de Truman. “Não duvido que em breve teremos lentes de contato para assistir aos filmes e séries direto em nossos olhos. Isso importa menos para mim do que a qualidade das histórias sendo contadas, o valor de produção - e esses aspectos parecem estar evoluindo em uma direção positiva nos últimos anos”.

Para Emmerich, inclusive, a transformação provocada pelo streaming na indústria se dá exclusivamente na ponta do consumo, ao invés de mudar o processo de criação: Claro que, com a tecnologia, você pode colocar mais efeitos especiais no seu filme ou na sua série, mas a realidade é que você ainda precisa de uma boa história, uma boa equipe, um bom elenco. A distribuição, consumo e percepção mudou muito, mas a experiência de produção é a mesma. E ainda bem, porque essa é uma experiência que eu amo”.

Há muito mais séries sendo feitas hoje em dia do que em qualquer outro período da história. Nos EUA, temos 600 temporadas de séries por ano, se não me engano [o levantamento mais recente aponta 559 produções em 2021]. Antes, tínhamos 10 ou 20! São muito mais histórias sendo contadas, mais trabalho para as pessoas nessa indústria, e mais entretenimento para o mundo. Tudo isso parece muito positivo para mim”, completou.

“Eles devem achar que eu sou meio filho da p*ta”

Noah Emmerich interroga Georgina Campbell em cena de Suspicion (Reprodução/YouTube)

Em Suspicion, Emmerich volta a interpretar um agente do FBI após seis anos como Stan Beeman em The Americans, papel que lhe rendeu um Critics Choice Award em 2019. Na entrevista, no entanto, o ator brincou que as semelhanças entre os dois personagens param por aí: Bom, e eles tem um visual muito parecido, porque ainda sou eu na tela. Não consigo controlar isso”.

Para começar, o agente Scott Anderson de Emmerich em Suspicion trabalha nos dias de hoje, e não nos anos 1980, e sua função é bem diferente: ele é um especialista em casos de sequestro que é enviado para o Reino Unido quando o filho de uma poderosa mulher de negócios (Uma Thurman) é levado por bandidos mascarados em um corredor de hotel em Nova York. Os suspeitos são cinco britânicos que estavam no hotel naquele dia, e Scott precisa trabalhar com os oficiais locais para interrogá-los e descobrir a verdade por trás do crime.

Nas tais cenas de interrogatório, Emmerich brilha ao mostrar como o agente procura desestabilizar os suspeitos, interpretados por atores como Elizabeth Henstridge (Agents of SHIELD) e Kunal Nayyar (The Big Bang Theory). Da mania de estalar a língua quando acha que eles estão mentindo às perguntas invasivas que faz, o Scott Anderson do ator se transforma rapidamente em um daqueles investigadores memoráveis da ficção - mas a experiência de filmar essas cenas em meio aos protocolos contra a covid-19 no set foi, digamos… curiosa.

Eu não tinha conhecido os atores [que interpretam os suspeitos] antes. Eles não são amigos meus de antes da série, e nem tivemos oportunidade de conviver socialmente fora do set, por causa dos protocolos. Como resultado, o nosso relacionamento realmente só aconteceu na tela”, explicou o ator. “Eles não conheciam Noah, só o meu personagem, e o meu personagem está lá para provocá-los, irritá-los, tirá-los da zona de conforto. Em certo momento, pensei: 'Uau, eles devem achar que eu sou meio filho da p*ta'”.

“É quase uma trama de comédia romântica”

Emmerich garantiu que mandou mensagem ao elenco convidando-os para uma cerveja depois das filmagens, mas confessou que a relação com uma outra colega de cena foi bem mais natural: em Suspicion, Angel Coulby interpreta Vanessa Okoye, agente do serviço de inteligência britânico que trabalha ao lado de Scott no caso, mas que tem um estilo bem diferente do dele.

Ela é uma atriz incrível, e é quase como uma premissa de comédia romântica: duas pessoas de culturas diferentes que precisam trabalhar juntas, e percebem que a forma como abordam esse trabalho é completamente distinta”, descreveu. “Meu personagem é mais agressivo, enquanto Vanessa é mais sutil, e os dois raramente concordam em algo. Eles enlouquecem um ao outro, e só com o tempo conseguem entender a apreciar de verdade que estão perseguindo o mesmo propósito, o mesmo objetivo.

Definindo Suspicion como uma exploração de questões fascinantes sobre identidade e confiança, a oposição entre quem somos e quem parecemos ser para o mundo”, Emmerich para no meio da própria frase e emenda: Mas não me leve a mal, a série é muito divertida e sexy como thriller. [...] É uma história de mistério clássica, com muita ação em uma escala internacional, e você vai ficar roendo as unhas tentando descobrir quem é culpado”.

Suspicion estreia os seus dois primeiros episódios amanhã (4) no Apple TV+, e depois seguirá lançando capítulos semanais às sextas-feiras.