A longevidade é um fator que nem sempre joga a favor de uma série. Não raro, produtores de TV ficam tão animados com o êxito de certas obras que tentam prolongar ao máximo sua permanência na telinha, com temporadas a perder de vista – o que pode acabar cansando parte da plateia.
No entanto, há também séries que enfrentam o problema inverso. Seja por problemas de audiência ou por outras questões de bastidores, elas acabam tendo sua história acelerada ou mesmo interrompida, deixando na plateia um gostinho amargo de quero-mais.
Recordemos abaixo casos marcantes em que os fãs ficaram na saudade:
Sense8
Criada pelas irmãs Lana e Lilly Wachowski (Matrix), esta série explorava a conexão mental que surgia inexplicavelmente entre oito indivíduos, de locais e culturas completamente diferentes – que, sem nunca terem se visto pessoalmente, passavam a compartilhar pensamentos e até mesmo emoções, numa interessante alegoria sobre a empatia.
Sense8 fez sucesso em sua primeira temporada e ganhou, dois anos depois, uma segunda entrega de episódios. Em seguida, porém, a Netflix deu um balde de água fria nos fãs ao anunciar que encerraria a obra sem direito a um terceiro ano, por conta de seus altos custos de produção.
A decisão revoltou os fãs, que passaram a cobrar da rede de streaming, ao menos, um desfecho digno para a história. Diante das pressões, a companhia concordou em produzir um episódio especial para encerrar, de vez, o arco narrativo.
Anne with an E
A adaptação do clássico literário de Lucy Maud Montgomery garantiu uma estadia de três temporadas no catálogo da Netflix – mas acabou cancelada sem desfecho ao fim destas, por desentendimentos entre o streaming e o canal de televisão CBC, que a co-produziam.
Indignados, os fãs de Anne se mobilizaram em uma campanha nas redes sociais exigindo a renovação da série.
A iniciativa chegou a contar com o apoio de atores do elenco e até de grandes astros hollywoodianos – mas mesmo assim foi vã, e Anne with an E segue até hoje sem uma conclusão apropriada.
Grand Hotel
A série espanhola de mesmo nome foi o ponto de partida para esta produção da atriz Eva Longoria – que usou e abusou da liberdade criativa, transformando o tom dramático e sóbrio da trama de época original em um enredo solar e moderno, com diálogos afiados e humor mordaz.
O resultado, para surpresa de alguns, foi até bem interessante – mas nada que garantisse uma maior longevidade à obra, que não passou da primeira temporada (contra três da matriz europeia).
Dupla Identidade
As séries nacionais também costumam sofrer com o encurtamento precoce. Em 2014, a novelista Glória Perez (O Clone) conseguiu causar rebuliço nos fins de noite da Globo com esta trama focada na figura de um serial killer, interpretado por Bruno Gagliasso.
Repleta de cenas de ação e suspense e elogiada pela crítica, Dupla Identidade encerrou sua primeira temporada com um cliffhanger de tirar o sono.
A autora chegou a confirmar nas redes sociais que uma segunda temporada seria produzida. No entanto, o projeto foi sendo adiado pela Globo até ser finalmente engavetado, deixando de vez na mão os fãs ansiosos pelo destino dos personagens.
iCarly
O reboot da série teen que foi febre nos anos 2007 conseguiu mobilizar os órfãos da obra original, assegurando três temporadas completas. Entretanto, ao fim desse período, acabou cancelada pela Paramount+.
Felizmente para os fãs, a atriz Miranda Cosgrove confirmou que o arco narrativo moderno de Carly Shay será continuado através de um filme, ainda em processo de pré-produção.
El Internado: Las Cumbres
O drama sombrio lançado em 2021 pela Prime Video é reboot da série homônima – que não chegou a muito ser conhecida no Brasil, mas fez sucesso em vários países do mundo.
El Internado contou inicialmente com duas temporadas redondas, que entretinham dignamente ao mesmo tempo em que iam, pouco a pouco, desvelando os mistérios em torno dos personagens e do colégio interno onde esta transcorria.
O terceiro ano, entretanto, caiu na superficialidade, ao acelerar a resolução de conflitos e enigmas que teriam sido melhor explorados com um maior tempo de tela.
O encerramento não foi insatisfatório de todo, mas deixou a sensação de que tanto limão poderia ter rendido muito mais limonada.
Go On
Tentativa de trazer de volta ao mainstream o saudoso Matthew Perry, ainda recordado pelo sucesso estrondoso de Friends.
Aqui, o eterno Chandler Bing vivia um radialista esportivo deprimido pela perda da esposa, cuja vida mudava ao entrar para um grupo de apoio a pessoas em situação de luto.
Go On arrancou elogios da crítica especializada, e até estreou com uma boa audiência – mas esta foi se esvaindo ao longo dos 22 episódios de seu primeiro (e único) ano, tornando o cancelamento inevitável.