Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Séries e TV
Entrevista

Omelete Entrevista: Produtores de Lost

Damon Lindelof e Carlton Cuse falam do que vem por aí

MF
04.12.2008, às 22H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H42

No início dessa semana aconteceu um bate-papo online com os veículos dos Estados Unidos para promover o lançamento do DVD da quarta temporada de Lost, que já saiu no Brasil (e está disponível aqui), mas só agora está sendo lançada por lá. O Omelete estava representado na entrevista pelos parceiros do Collider.

Lost

Carlton Cuse e Damon Lindelof na Comic-Con 2008

Lost

Lost

Cuse presenteia os fãs com uma foto de Niki e Paulo...

Os produtores Damon Lindelof e Carlton Cuse (que mandaram um oi aos leitores do Omelete durante a Comic-Con 2008) passaram uma hora respondendo às perguntas dos jornalistas - e fãs da série. Da diferença entre trabalhar em uma temporada mais curta a dúvidas sobre quem morreu e quem continua vivo, os dois falaram de tudo. Sem estragar nenhuma surpresa, como sempre acontece quando os dois se juntam para conversar com o público. Antes de ler os melhores momentos do chat veja (ao lado e maior na galeria) a nova imagem promocional da quinta temporada :

Como vocês vêem os DVDs do Lost? Na opinião de vocês, eles fazem parte do pacote que é a série? São extensões? E qual a opinião de vocês das pessoas que consomem Lost semanalmente na TV contra os que vêem de uma vez só, sem comerciais no DVD?

Damon Lindelof: Os DVDs são com certeza parte do pacote. Nós sempre pensamos nos episódios de Lost sendo vistos nas suas diferentes formas e mais de uma vez. Na verdade, nosso costume de esconder "easter eggs" é algo feito sob medida para a experiência do DVD. Eu adoro assistir aos meus programas preferidos (em particular os que têm uma história seqüencial, como Dexter) um colado no outro. Às vezes penso como seria decepcionante se tivesse de ler os livros da série Harry Potter um capítulo por semana. Eu me mataria.

Com a possibilidade de ver a série em DVD em uma ou duas "sentadas", você vê uma quebra no estilo entre os episódios que aconteceram antes e depois da greve dos roteiristas?

DL: Espero que não. A verdade é que nós pensamos - ao menos grosso modo - todos os 16 episódios da temporada, marcando o território do que aconteceria neste grande painel. Neste desenho original, havia alguns episódios mais focados no "Povo do Cargueiro" (Faraday, Miles e Charlotte) que entraram nessa temporada, mas mais importante, coisas como a apendicite do Jack e Keamy chegando à Vila dos Outros e a morte de Alex aconteceram muito mais cedo do que tínhamos planejado por causa dos problemas que tivemos na agenda. Acho que se há uma "quebra" é entre os oito primeiros episódios (terminando no episódio "Meet Kevin Johnson") e os seis finais, que tiveram um tom mais acelerado do que usamos normalmente.

Tendo temporadas mais curtas, você acha que ficou mais fácil contar as histórias ou você sente falta e fica pensando "cara, como seria bom ter mais três episódios"?

DL: Contar as histórias nunca foi fácil, mas nós sempre achamos que "menos é mais." A reclamação que nós mais recebemos nos duas primeiras temporadas do programa é que não estávamos fazendo a história andar rápido o suficiente, que estávamos enrolando, o que, infelizmente, é uma tática necessária quando se está preparando 25 episódios por ano. A verdade é que nós gostávamos desses episódios em que pouca coisa acontecia ("Claire mandando uma mensagem em um passarinho, alguém?"), mas é muito mais divertido escrever quando podemos pisar fundo e dar a vocês uma refeição completa do que um zilhão de salgadinhos que nunca matam a fome de ninguém.

Com o fim da série apontado para 2010, vocês já pensaram em fazer um longa-metragem para o cinema?

DL: A resposta é não. Pelo menos não com a gente. Nós sempre imaginamos o programa terminando onde ele começou:. na televisão. Levar os nossos personagens para um final aberto e que deixa as pessoas na expectativa e sem resposta e daí dizer "Agora me dá 10 paus, compre uma pipoca e vamos te deixar descansar" seria a pior coisa de todos os tempos.

Quais os programas que vocês viam quando eram crianças e influenciaram na hora de decidir tentar uma carreira na televisão?

DL: Muito obrigado por perguntar isso porque eu sempre fui maníaco por televisão. Além de ficar assistindo a desenhos animados sem parar (Thundercats, Voltron e, sim, Smurfs), eu adorava assistir aos programas "adultos" com meus pais. Como Dallas. Talvez seja por isso que eu goste tanto de um melodrama! Mas o programa que realmente me marcou foi Twin Peaks, que eu assistia toda semana com meu pai. Ele gravava o programa no vídeo-cassete (lembram disso?) e nós assistíamos ao episódio de novo, logo depois que ele acabava, numa busca pessoal de achar todas as pistas deixadas. A idéia do programa ser um mistério e um jogo que criasse centenas de teorias claro que foi uma grande influência (que é um jeito bonito de dizer "roubo") para Lost.

Já é do conhecimento de todos que Ben foi um personagem que veio e se encaixou muito bem com o público e a história. Quais outros personagens/atores surpreenderam vocês ou não pegaram?

Carlton Cuse: Boa pergunta. E você está certo sobre Michael Emerson. Ele é o maior exemplo de um personagem que todos nós nos apaixonamos além de nossas expectativas. Eu diria que Desmond também estaria nessa categoria. Ele caiu nas graças do público logo que apareceu e rapidamente entrou para o elenco principal. Já Nikki e Paulo não se deram bem. Nós tentamos incluí-los no meio do programa, mas o público reclamou. Nós ouvimos e os matamos.

Por falar em Nikki e Paulo, como você separa a vontade de atender ao que a audiência quer e contar a história que você quer contar?

CC: Agora meio que não tem mais discussão. A partir de agora vai ser virtualmente impossível adaptarmos a temporada ao que o público está dizendo. Quando começarmos a exibir a quinta temporada, em 21 de janeiro, já teremos escritos 14 das 17 horas e provavelmente estaremos atolados trabalhando na forma como vamos terminá-la. Essa temporada estaremos confiando completemamente nos nossos instintos e julgamentos - combinando com o retorno de nossos colaboradores aqui, no estúdio e na rede.

A trama chegou a um ponto em que os aspectos da ficção científica e fantasia não podem mais ficar como pano de fundo. Isso é algo que dá mais liberdade a vocês como roteiristas ou às vezes bate uma vontade de voltar atrás na ambiguidade entre ciência e fé dos primeiros episódios?

DL: Na verdade, é algo que nos dá liberdade, mas, ao mesmo tempo, o programa nos força a evoluir constantente. Não podemos de jeito nenhum voltar para a ambiguidade da primeira temporada porque nossos personagens já passaram por isso. Eu e o Carlton sempre conversamos sobre The Stand (livro de Stephen King), como a história começa com algo científico - uma epidemia que mata 99% da população mundial -, mas firme e lentamente ela se transforma em um conto místico, em que as pessoas têm sonhos proféticos, e finalmente termina que a mão de Deus literalmente saindo do céu e detonando uma arma nuclear. Nossa história sempre foi sobre uma jornada, mas não é porque englobamos alguns dos aspectos mais fantásticos da ilha que abandonaremos completamente o embate entre a ciência e a fé.

A próxima temporada terá flashbacks e flashforwards?

CC: Com certeza, mas não nos limitamos aos flashbacks e flashforwards que fazem a transição entre histórias. Adoramos fazer os dois e eles vão continuar a aparecer sempre que forer apropriados. Ainda há alguns ótimos flashbacks dos nossos personagens.

As experimentações dos flashbacks e flashforwards na quarta temporada levaram vocês a explorar ainda mais a estrutura na quinta temporada? Por quê?

DL: Sim. O fato de o público ter aprovado a troca de marchas no programa nos deixou um pouco mais livres sobre a maneira de dirigir a história - desde que nunca seja no ponto morto! O mais legal da quinta temporada é que demora um pouco para que seu cérebro absorva totalmente o desenvolvimento da história. Mas, se Deus quiser, assim que você entender, vai perceber que estamos novamente experimentando algo inédito.

Ao que parece, a próxima temporada terá histórias ambientadas em dois períodos temporais diferentes. Isso significa que você tem de traçar a história da temporada antes, de um jeito que nunca fez?

CC: Nosso modo de contar a história mudou drasticamente desde que nos permitiram negociar a data do fim da série. Antes disso, não sabíamos se a mitologia teria de durar duas ou sete temporadas. Uma vez que tínhamos em mente que haveria apenas mais 48 episódios do programa, pudemos começar a planejar o restante da jornada. E nossa abordagem ocorre em três níveis. Primeiro, discutimos sobre a "uber-mitologia" e fazemos marcas gerais nas locações. Em seguida, no final de cada temporada, discutimos sobre cada detalhe da temporada seguinda. Depois, separamos os episódio para vermos o resultado de cada quebra. Assim, temos bastante espaço para ver a sére e reagir a ela, escrevendo mais ou menos para vários personagem ou situações, dependendo de como eles funcionam.

Muitos fãs se perguntam como a série vai manter sua química sem o grupo todo. A separação é algo que vocês vão abordar na próxima temporada? Ou isso será tratado melhor nas últimas duas temporadas de Lost?

DL: Nos preocupamos com isso também. Acho que todo mundo - roteiristas e fãs - sente que o programa atinge seu auge quando os personagens estão juntos. Mas o fato é que a história está constantemente mudando para mantê-los separados. Então, vamos encarar a verdade: a saudade amolece o coração e por isso não há nada melhor do que o reencontro. O que estamos querendo dizer nesse ponto é que se tentássemos passar toda a quinta temporada com um dos Oceanic Six tentanto voltar para a ilha, temos certeza que o público ia nos estrangular.

Vocês acreditam que acompanhar as campanhas virais que estão ligadas ao programa é essencial para entender sua mitologia? Existe o risco de acabar perdendo expectadores mais casuais, que não conseguem seguir a trilha dessa mitologia, que é tão complexa?

CC: Pra nós, as campanhas virais não são essenciais, são apenas um aditivo. Nossa regra é que você não precisa seguir a nada além da nave-mãe - o programa na TV - para entender a história totalmente (ou, pelo menos, o que for possível).

O Dr. Christian Shepherd apareceu bem mais na quarta temporada. Essa volta do personagem tem a ver com o caixão vazio que Jack descobre na primeira temporada?

DL: Sim, as duas coisas estão relacionadas. E podemos dizer que você verá Christin novamente na próxima temporada. E aquele tênis branco que ele usou na primeira temporada?

Falando nisso, qual é a da estátua de quatro dedos e de outras coisas loucas que já apareceram na série? Nunca teremos respostas para essas perguntas?

CC: Ah, você verá mais sobre a estátua de quatro dedos. SPOILER: Na verdade, ela pode ganhar vida da temporada dos Zumbis. À medida que nos aproximamos do fim da quinta temporada - e certamente na seguinte - vocês terão várias questões respondidas.

Vamos saber mais da história de Rousseau, Libby e Walt ou isso agora fica em segundo plano?

CC: Vamos dizer apenas que você terá mais informações sobre Rousseau e Walt. Não podemos dizer quem terá ou não flashbacks completos. É claro que, à medida em que a série avança, vamos respondendo as questões mais rapidamente. Mas sentimos que algumas histórias - como a da Libby - já estão concluídas.

Vocês já disseram que Michael estava morto. Parece que a Claire foi pelo mesmo caminho. Mas ainda estamos em dúvida sobre o destino de Jin. O futuro dos dois personagens será esclarecido na quinta temporada?

DL: Boa pergunta. Eu não apostaria no sumiço da Claire - não a vimos pela última vez sentada na cabana com o misterioso Christian Shepard? Quanto a Jin, com certeza iremos ver mais sobre ele na quinta temporada. Mas como estamos tratando do passado, do futuro e do presente, quem sabe quando iremos vê-lo...

Se vocês tivessem de escolher um momento crucial na quarta temporada, qual seria?

DL: Difícil dizer, mas o que vem imediatamente em minha mente é a cena final entre Jack e Locke na estufa. Obviamente, as conseqüências de Locke ter dito ao Jack (de novo) que ele não devia deixar a ilha, mas que se ele o fizesse deveria mentir sobre o que acontece nela, isso afeta toda a história dos Oceanic Six. Achamos bacana que a idéia é na verdade do Locke, mesmo que Jack não mostre isso dessa maneira. E agora que o Jack está ao lado do caixão do Locke, a relação entre esses dois homens se torna realmente central na reta final da história.

Você falou sobre o Desmond... O encontro dele com Penny no final da temporada quatro foi um dos melhor momentos da série até agora - aliás, foi um dos melhor momentos da TV neste ano. Na próxima temporada, não vai acontecer nada que ameace a felicidade dois dois, certo? Certo?

DL: Me desculpe. Errado. Errado.

Lost volta a ser exibido nos Estados Unidos em 21 de janeiro de 2009, uma quarta-feira, com um especial de três horas, começando com um clipe das temporadas anteriores e seguindo com o primeiro episódio da quinta temporada com duas horas.