Aproveite as ofertas da Chippu Black!

Veja as ofertas
Termos e Condições Política de Privacidade
Séries e TV
Artigo

O Pantanal que termina e a Travessia que começa

Pantanal e seu final nostálgico abrem espaço para a imprevisível Travessia de Glória Perez

5 min de leitura
HH
10.10.2022, às 14H43.

Créditos da imagem: Omelete

Já é possível dizer que estamos diante de um sucesso... Pantanal chegou ao fim na última sexta-feira (7) e seu final calculadamente planejado para pegar pela nostalgia (e pela fotografia) fechou um ciclo positivo, responsável por deixar o remake marcado como um dos mais bem-sucedidos na carreira da TV Globo; lugar esse já ocupado por títulos como A Viagem, Mulheres de Areia e Anjo Mau. Em seus tons de sépia, Pantanal passou pelo horário das 21 horas com mais acertos que equívocos, recuperando um prestígio de horário nobre que cai como uma bênção para a Travessia de Glória Perez.

E vamos atravessar esse “rio”... No texto sobre os problemas da condução de Zaqueu (Silvero Pereira) já tinha falado um pouco sobre como Bruno Luperi não ousou em nada na hora de adaptar a obra de Benedito Ruy Barbosa. Em todos os casos que envolviam o perigo da ótica datada, um discurso protocolar servia como escudo, a fim de garantir que ao menos parte dos equívocos da época fossem corrigidos. No final das contas, o que aconteceu na Pantanal de 1990 também aconteceu na Pantanal de 2022.

É curioso como apesar de ter se acovardado pelos caminhos da ousadia, Bruno Luperi conseguiu manter o carisma da novela em alta, escondendo em esquinas dramatúrgicas parte dos entraves da história. Marcos Palmeira e Murilo Benício, por exemplo, foram acertos de escalação tão grandes, que eclipsaram a evidência maior de que a rivalidade entre Leôncio e Tenório nunca saiu do lugar. O desvio de protagonismo na direção de Maria Bruaca (Isabel Teixeira) era a evidência de um novo planejamento estereotipado pelo antigo planejamento.

Luperi preferiu manter José Lucas (Irandir Santos) como uma aresta desnecessária, tal qual ele já era em 90. Preferiu manter o final poético de José Leôncio, entregue ao lúdico do desaparecimento na mata, sem nenhuma razão prática, mesmo com toda uma vida de colheita familiar pela frente. Preferiu manter Zaqueu na fronteira do patético de sua relação submissa com Alcides (Juliano Cazarré) e dar ao personagem um selinho descontextualizado no meio de uma comemoração repentina. Preferiu apostar em romances esdrúxulos (Guta e Marcelo) e saídas rocambolescas (Irma recebendo o capeta)... Preferiu seguir a cartilha à risca e perdeu a chance de melhorar o que já tinha muito potencial para ser bom.

Divulgação

Nada disso, contudo, alcançou a maioria da audiência. Os trabalhos lindos de Isabel, de Marcos, de Silvero, de Murilo... protegeram a novela de todas as problematizações. As fantasias da sucuri e da onça foram usadas com equilíbrio, com cuidado, servindo à história em momentos especiais. A direção usou os belos cenários que tinha para explorar e não teve medo de “fantasiar” também através deles. O texto assumiu suas “benedices”, com muitos “aras” e “larga mão”, típicas da linguagem que povoava o universo do autor. Pantanal foi refeita para ser nostalgia... e ela cumpriu esse papel.

O maior objetivo de um remake é trazer de volta tramas que possam ser vistas por outras gerações, que aproveitem a memória; e que ela possa ser remoldada pela ótica do tempo vigente. Pantanal só fez isso com a forma e não com o conteúdo. E está tudo bem... O tanto que ela nos fez admirar nosso país e o tanto que ela falou de preservação, já fez tudo valer a pena.

Travessia

Hoje quem chega até o horário nobre é Travessia, a nova empreitada de Glória Perez depois de A Força do Querer. Estive no imenso lançamento promovido pela Globo nos estúdios MG4 e na cidade cenográfica, onde fomos apresentados aos ricos liderados por Jade Picon e aos pobres que residem na elusiva versão novelesca do bairro de Vila Isabel. Aquela mágica, linda, incrível, de passear entre tantos mundos, presentes no mesmo espaço.

E eis que essa é a sinopse da novela:

"Em Travessia acompanhamos Brisa (Lucy Alves), uma jovem maranhense que é vítima de um crime virtual. Quando montagens com o seu rosto são espalhadas pela internet, Brisa precisa descobrir o que está acontecendo com ela e quem pode ser o responsável. Para ajudá-la nesta investigação pessoal, Brisa se aproxima do hacker Otto (Rômulo Estrela). No entanto, a relação entre Brisa e Otto desperta os ciúmes de Ari (Chay Suede), namorado de Brisa, que fará de tudo para afastar os dois. Enquanto isso, a delegada Helô (Giovanna Antonelli) e o advogado Stenio (Alexandre Nero) de Salve Jorge, retornam para resolver novos casos e mostrar que a internet não está livre da lei".

Viram o nome da personagem de Picon nessa sinopse? Não. Travessia tem Lucy Alves como protagonista, mas quem nos recebeu no início da ação foi a influencer. Conhecemos os cenários da casa dela, os figurinos dela, o quarto dela... e era ela a personalidade mais procurada da festa que aconteceu logo em seguida. A decisão de levar jornalistas e influencers para um contato direto com Jade foi calculada para provocar burburinho, mas colocou a novela numa posição arriscada, em que um nome gera mais expectativa que o enredo; numa receita controversa e imprevisível. Mais um motivo para ligar a TV hoje à noite... Glória Perez está de volta, senhores. Para o melhor e para o “voar”.

Aqui abaixo tem um pouquinho de tudo que aconteceu no evento, com direito a recado de Giovanna Antonelli e Chay Suede. Só dar play.

Está Definido...

Divulgação

... que Isabel Teixeira saiu de Pantanal com status de grande estrela. Já começou a ser sondada para outros papéis de destaque e merece cada um dos elogios que conquistou. A personagem foi conduzida com dignidade, mas poderia ter sido ainda maior se não fosse tratada pelo enredo somente como uma vítima.

Está a definir...

Divulgação

... como será a abordagem ao metaverso em Travessia. O enredo vai falar sobre a vida através de códigos virtuais, onde as pessoas assumem avatares que podem resultar em personalidades e traços completamente novos. Glória é conhecida por falar de mudanças sociais importantes e de usar muito embasamento científico e tecnológico para isso. Há quem ache que o metaverso será diluído demais em suas práticas, a fim de tornar o assunto acessível ao público. Mas, é preciso lembrar que Glória criou um Clone humano perfeito e conseguiu convencer o Brasil inteiro disso. Não duvidemos... Não duvidemos...