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Entrevista

Joe Wright quer continuar série sobre Mussolini com filme focado em Hitler

Diretor fala ao Omelete sobre nova série lançada pelo MUBI, o legado de Orgulho & Preconceito, e mais

4 min de leitura
10.09.2025, às 06H00.

Créditos da imagem: Cena de Mussolini: O Filho do Século (Reprodução)

Joe Wright topou fazer Mussolini: O Filho do Século por achar que a série cumpria um papel importante no discurso político contemporâneo. "Dada a reemergência da palavra 'fascismo' nos últimos anos, acho fundamental entender de onde ela veio", conta o cineasta ao Omelete.

A produção, que traça a trajetória de Mussolini (Luca Marinelli, de The Old Guard) da organização fascista Fasci Italiani di Combattimento até o discurso no Parlamento que muitos consideram o início do período ditatorial de seu governo, chega hoje (10) ao catálogo brasileiro da MUBI.

A seguir, Wright conversa com o Omelete sobre dirigir em italiano, a influência de Mussolini na atualidade, uma possível continuação dessa história, e muito mais - incluindo um papo rápido sobre o legado do seu Orgulho & Preconceito (2005).

OMELETE: Olá! Sou o Caio, do Omelete, no Brasil. Muito prazer em conhecê-lo.

WRIGHT: Olá, Caio. Prazer em conhecê-lo.

OMELETE: Bom, esta série, desde que foi anunciada, tem gerado muito debate. Por que você acha que é importante conhecermos e entendermos a história de Mussolini hoje em dia?

WRIGHT: Para mim, foi importante, dada a reemergência da palavra "fascismo" nos últimos anos, entender de onde ela veio. E tentar realmente desvendar o que ela significa. Usamos essa palavra de forma pejorativa contra a polícia, ou professores, ou qualquer autoridade do tipo - mas, realmente, me pareceu que temos a responsabilidade, na contemporaneidade, de entender o que o fascismo realmente é.

OMELETE Certo! O título da série, tirado do livro [de Antonio Scurati], é muito intrigante por si só, proclama Mussolini como o filho do século. Mas, se ele é o filho do século XX, qual você acha que é a relação de Mussolini com o que estamos vivendo agora?

WRIGHT: Acho que ele realmente inventou - ou talvez reinventou - o populismo moderno. A forma como ele usava a mídia... não é por acaso que Mussolini começou como editor de jornal. A forma como ele usava a mídia para transmitir ideias muito simples de ressentimento e ódio, a forma como ele explorava as preocupações legítimas de pessoas desfavorecidas para seu próprio ganho. Todas essas ideias continuaram a se manifestar ao longo do século XX, mas também no século XXI.

OMELETE: É claro que, neste projeto, também houve uma barreira linguística para você. Você estava dirigindo em uma língua que não fala. Quão diferente foi essa experiência? Como você abordou seus atores, ou o processo de edição, por exemplo?

WRIGHT: É interessante, o processo de edição foi mais difícil. Quando você está filmando, precisa lidar com três, quatro páginas de roteiro a cada dia. É mais fácil se familiarizar com essa quantidade de diálogo e realmente digeri-lo, entendê-lo. Os atores italianos são tão maravilhosamente demonstrativos que, ao contrário dos atores britânicos ou mesmo americanos, tudo se torna muito físico e vocal. As tradições desses atores estão na commedia dell'arte e na ópera, que são linguagem universais. Portanto, eu não sei se eu poderia ter feito isso com outras nacionalidades, mas com os italianos parecia sempre fazer sentido.

OMELETE: Perfeito. Bom, assim como o livro, esta série foca na ascensão de Mussolini ao poder e no início de sua ditadura. Você consideraria continuar essa história, seja em uma segunda temporada ou em um filme? Como você abordaria isso?

Joe Wright com Keira Knightley no set de Orgulho & Preconceito, em 2005 (Reprodução)

WRIGHT: Eu gostaria, sim. Gostaria, em particular, de fazer um filme. E gostaria que esse filme examinasse a relação entre Mussolini e Adolf Hitler.

OMELETE: Interessante. Também quero falar rapidamente sobre seu próximo filme, que se chama Alignment. Já o vi descrito por aí como um thriller sobre inteligência artificial. Gostaria de saber: qual é a sua abordagem para esse tema, e seus efeitos na comunidade artística?

WRIGHT: Acho que estamos em uma encruzilhada extremamente perigosa, realmente. E isso é para todos nós, não apenas para a comunidade artística. A IA vai transformar a sociedade como um todo, e por isso eu acho que é realmente importante cobrarmos responsabilidade daqueles que estão no controle disso.

OMELETE: Ótimo. Finalmente, quero falar também sobre Orgulho & Preconceito, que completa 20 anos em 2025. Para muitas pessoas, especialmente da minha geração, ele foi um dos primeiros pontos de contato com as obras de Jane Austen. Qual é a sua relação com o legado do filme?

WRIGHT: Sim, é maravilhoso perceber isso. Fizemos muitas exibições do filme este ano, relançamos nos cinemas dos EUA e fiz alguns eventos, sessões de perguntas e respostas. Foi realmente emocionante, para mim, ver como as pessoas reagiam ao filme - algumas pessoas recitavam as falas em voz alta, junto com os personagens! Foi muito divertido, e acho que eu realmente não tinha entendido antes o efeito que esse filme teve.

OMELETE: E só para encerrar - não sei se você está ciente disso, mas há uma nova minissérie baseada em Orgulho & Preconceito em produção pela Netflix. Como cineasta, você tem algum interesse em assistir outros artistas abordarem as mesmas histórias que você?

WRIGHT: Sim, eu acho que será interessante de assistir. Tenho certeza de que será muito diferente do meu filme, e sei que a série tem um elenco adorável. Então, estou animado para ver o que eles farão com a história.

OMELETE: Certo! Muito obrigado, Joe, e parabéns pela série.

WRIGHT: Obrigado! Tchau, tchau.

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