O filme S.W.A.T. (de Clark Johnson, 2003) foi baseado numa série de TV. E esta, de outra série, num dos melhores exemplos do que Hollywood mais gosta: aproveitar o público que uma história já tem e usar a mesma idéia até sair pelas orelhas. Principalmente, se o que transbordar for lucro e audiência.
S.W.A T. nasceu como um episódio de Os Novatos (The Rookies), série produzida por Aaron Spelling e Leonard Goldberg, que mostrava a vida de três jovens policiais, Willie, Terry e Mike, interpretados por Michael Ontkean, Georg Stanford e Sam Melville. Mike era casado com uma enfermeira, interpretada por Kate Jackson, que mais tarde seria Sabrina em As Panteras, outra série produzida por Spelling.
O episódio que deu origem à S.W.A.T. foi exibido nos Estados Unidos em 17 de fevereiro de 1975. A nova série mostrava o trabalho de uma unidade de elite da polícia, a Special Weapons And Tatics (Equipe de Armas e Táticas Especiais), liderada pelo Tenente Dan Harrelson (Steve Forrest), chamado de Hondo pelos amigos, e o sargento David Kay (Rod Perry), o Deacon. Selecionados após uma seqüência de testes físicos exigentes, o time era completado por T.J. McCabe (James Coleman), o atirador de elite do grupo, Dominic Luca (Mark Shera) e James Street (Robert Urich).
Durante a produção, os personagens se dividiram, buscando atrair camadas diferentes do público, numa época em que a programação ainda reunia a família toda. O mais jovem do time, Luca, tornou-se logo o namorador residente e ídolo das adolescentes. McCabe era mais quieto e já comprometido com uma noiva, enquanto Street mantinha o perfil responsável. Aos comandantes ficava o papel de bons pais e líderes. Eram todos bons rapazes dedicados ao serviço, num retrato ainda longe dos problemas emocionais de Third Watch, ou do cinismo de The Shield.
Durante a seleção, o tenente ressalta que, além do treinamento na Academia de polícia, todos tinham experiência militar - provavelmente extraída de uma passagem pelo Vietnã. O objetivo da equipe era lidar com situações de alto risco, como assaltos com reféns, ou confrontos armados. A chamada da série no Brasil, "Quando a cidade precisa de ajuda, chama a polícia. Quando a polícia precisa de ajuda, chama a S.W.A.T.", já avisava o que vinha a seguir, embora alguma vezes o grupo tenha cuidado da segurança de pessoas ameaçadas e enfrentado problemas mais pessoais, como a ida de Hondo para um trabalho de escritório por conta de um tiro recebido em serviço.
A ação da série sempre começava com a corrida até o caminhão azul, que servia de transporte e QG. Lá os policiais trocavam de roupa e se equipavam com armas pesadas, bombas de gás, cordas e o que mais fosse necessário. O trabalho garantia pelo menos um tiroteio por episódio, às vezes dois, quase sempre com o pessoal do time alojado no alto de prédios, pronto para acabar com o bandido ao primeiro sinal.
Exibida entre fevereiro de 75 e junho de 76, em uma época muito diferente de hoje, S.W.A.T. ganhou o título de "uma das séries mais violentas da década" e foi pressionada a sair de cena. No Brasil, a série foi exibida pela Globo no tradicional horário de enlatados depois da novela. Diz uma lenda que S.W.A.T. quase ganhou o nome de Esquadrão da Morte por aqui, algo muito pouco provável num Brasil pré-abertura política.
Com o final da série, os atores naturalmente se espalharam. O mais bem sucedido na TV foi Robert Urich, falecido ano passado, que enfileirou uma série atrás da outra em seu currículo, várias como protagonista, como Vega$, também produzida por Spelling, Spencer for Hire, Lazarus Man, e a nova versão de O Barco do Amor. Seu personagem foi um dos que permaneceu na versão para cinema. A maior honra, no entanto, coube a Rod Perry, que ganhou uma respeitosa pontinha como pai do personagem de LL Cool J, e Steve Forrest, que aparece como motorista do caminhão do esquadrão, uma definitiva queda de posto em relação ao seriado de TV. O papel de Forest, aliás, responde a um grande mistério da série, a identidade do motorista sempre pronto para a ação e nunca convidado para tomar uma cerveja no final do expediente com o restante da equipe.