Mas que raios é Galáctica&qt;&
Criada na esteira de Star Wars, quando os estúdios descobriram que ficção científica dava lucro, Galáctica (Battlestar Galactica) estreou nos EUA em setembro de 1978. A série inspirava-se em Erick Von Daniken (Eram os deuses astronautas), que dizia que deuses e povos antigos nada mais eram que seres de outro planeta. As personagens tinham nomes de divindades e constelações, bem como capacetes dos pilotos copiavam o sarcófago de ouro de Tutancamon.
A décima terceira colônia
A história começava com uma conferência de paz entre humanos e cilônios numa galáxia distante (outra, não aquela). Originalmente répteis, os tais alienígenas eram agora uma raça de máquinas, com quem os humanos lutavam havia muito tempo.
| Os Cilônios |
Tudo não passava de uma cilada. No meio da festa, que marcava o desarmamento de ambos os lados, os cilônios surpreenderam os humanos e destruiram a maior parte da frota. Com 5 mil tripulantes cada uma, mais de 1600 metros de comprimento, dezenas de canhões laser, mísseis termonucleares e 75 caças Viper a bordo, as astronaves eram a base da defesa humana. Na confusão, apenas uma delas escapou, a Galáctica, do Comandante Adama (Lorne Greene de Bonanza), que passa a ser responsável pela defesa dos poucos humanos que restaram nas doze colônias.
Sem possibilidade de voltar aos planetas que ocupavam antes, os sobreviventes se reúnem sob a proteção da Galáctica e o comboio parte em busca de uma lendária décima terceira colônia. Ou seja, além do aquecimento global e da poluição, ainda vamos ter de hospedar parentes distantes.
O Elenco
Aqui no Brasil, o piloto foi exibido nos cinemas como um longa metragem. Por isso, quando o programa estreou na Globo, todo mundo pensou que o filme havia virado série. Ao todo, existem doze versões do piloto exibidas na TV, no cinema, lançadas em VHS, LD e DVD nos EUA, Canadá e Europa.
Cancelamento
Outros problemas, entretanto, também interferiram. Para começar, o plano original era de uma mini-série de sete horas, algo muito diferente da produção de 22 episódios semanais de uma hora. A mudança transformou todo o calendário de produção num pesadelo. Além disso, a idéia de um grupo de sobreviventes fugindo por sete horas é muito boa. Manter essa fuga por várias temporadas é muito mais difícil. Para piorar, a produção foi processada pela Fox, alegando problemas de direito autoral em relação à novelização de Star Wars.
Para cortar os custos, a segunda temporada veio como o nome de Galactica 80, só com Lorne Greene e um bando de novatos. O espaço foi substituído por ruas e prédios normais, já que a série passou a mostrar o que acontecia após a chegada dos aliens na Terra. A manobra pode ter sido muito boa para o orçamento, mas não enganou o público, que rejeitou esse arremedo de continuação, e tudo chegou ao fim em maio de 1980, após dez tristes episódios.
O retorno
Infelizmente, quando a decisão foi tomada, Hatch ficou de fora e os direitos foram para Bryan Singer e Tom de Santo. Para alegria dos fãs, no entanto, os dois são os caras que comeram o pão que um mutante amassou, produzindo X-Men sob os olhares raivosos de milhões de leitores de quadrinhos e se saíram muito bem.
De modo nada sutil, em entrevistas, os dois foram sabatinados a respeito de Lúcifer, Apolo e Adama, e deram respostas próprias de quem assistiu à série e sabe no que está se metendo. Em troca, De Santo e Singer pediram só uma coisa: tempo para planejar os novos episódios e evitar os problemas da versão original.
Diplomaticamente, Hatch colocou uma declaração em seu website, dizendo-se feliz com a escolha e pedindo a todos que dêem espaço aos novos produtores. Só não se sabe ainda se a cortesia garantirá a participação do homem que manteve o público aquecido por 20 anos.
Ainda não se tem certeza também se o sucesso de Singer e De Santo pode convencer os executivos a tirar o escorpião do bolso. É esperar pra ver. Antes, porém, há outro obstáculo, a greve dos roteiristas e atores que promete parar tudo em Hollywood durante meses. Se isto acontecer, todos os pilotos que deveriam estrear no outono americano (setembro/outubro), sofrerão atrasos, o que, em linguagem de produtor significa gastos. Afinal, os atores e técnicos já contratados continuam recebendo, mas não trabalham. Mesmo assim, Galáctica já recebeu o "go ahead" (prossiga).
Seu retornou coloca mais uma ficha no debate sobre a falta de idéias da indústria. Afinal, se houvesse algo de novo no fronte, Galáctica não teria a menor chance. Resta saber se a gente vai comemorar ou lamentar esta oportunidade.