Em
1965, Frank Herbert escreveu Duna, uma das maiores obras
de ficção-científica da humanidade. O romance, por sua
extensão e inventividade, só pode ser comparado à obra
de Arthur C. Clarke (Encontro com Rama, 2001), Isaac Asimov
(Os robôs, Eu robô) e J.R.R. Tolkien (O Senhor
dos Anéis, O Hobbit). Entre a lista de prêmios que o livro
recebeu estão o Hugo e o Nebula, os mais cobiçados da sua categoria.
Também ganhou continuações: O Messias de Duna, Os Filhos
de Duna, O Imperador-Deus de Duna, Os Hereges de Duna e As Herdeiras
de Duna.
Dezenove anos depois
de seu lançamento, o livro ganhou uma versão cinematográfica.
Dune, de 1984, foi dirigido pelo polêmico e inovador David
Lynch (Twin Peaks, Veludo Azul, Estrada Perdida). O filme recebeu
muitas críticas negativas, o que é recorrente em adaptações.
Transpôr um livro para as telonas é um desafio. E algo que se torna
maior ainda quando falamos de uma obra complexa como Duna. Lynch fez um ótimo
trabalho considerando que teve que retalhar seu filme, inicialmente com quase
oito horas de filmagens, para chegar nas duas horas e dezessete minutos finais.
Ano
passado, o Sci-Fi Channel americano recriou a obra de Frank Herbert na
forma de uma mini-série. É injusto comparar cada uma das versões.
Enquanto, obviamente, o livro continue sendo o melhor, as duas adaptações
para as telas são ótimas e têm seu lugar ao sol. Todas merecem
ser apreciadas, levando em consideração suas limitações.
Por exemplo, a versão de Linch parece um sonho, é melhor dirigida
e tem visual mais perturbador, porém a mini-série tem uma melhor
narrativa e respeita mais a obra de Herbert, sem falar nas quase 5 horas de
filme.
Como a mini-série
Duna do Sci-Fi chegou recentemente ao Brasil, ela é o objeto de
nossa resenha. Além de ler aqui no Omelete, você pode conferi-la
em VHS, DVD ou no canal a cabo Fox a partir de 15 de agosto. Divirta-se.
Revisitando
Duna
A
mini-série dirigida por John Harrison, não tem a verba
de uma mega-produção hollywoodiana, mas não faz feio. Recria
em detalhes o planeta Arrakis, local em que se passa a maior parte da
mini-série, mostrando um mundo que apesar de desértico é
fértil em termos de fauna e cultura. A capital do planeta e os Sietchs
(as cidades dos nativos), são muito bem exploradas. Comércio,
hábitos e vida cotidiana têm espaço na narrativa.
O pricipal problema
é obviamente a falta de verba para os efeitos especiais. Em algumas tomadas
o croma-key (o famoso fundo azul, usado depois para incluir os personagens
onde nunca estiveram) é evidente, bem como os cenários pintados.
Entretanto, em outras cenas, tudo está perfeitamente alinhado e verossímil.
Um detalhe em particular salta aos olhos, literalmente: Os brilhantes olhos
azuis das pessoas expostas ao Tempero (substância pela qual o planeta
é crucial para a política interplanetária) são feitos
em computação gráfica e muito mais interessantes que os
do filme de Lynch, que não tinha tal recurso.
Com
tempo nas mãos, o diretor pode explorar melhor a narrativa, explicando
alguns pontos com maior esmero. Entretanto, uma obra como Duna não
será adaptada ainda tão facilmente... Diversos pontos são
deixados de lado e um pouco da dimensão de como os fatos ocorridos em
Arrakis terão influência por todo o Universo, perdem um pouco da
força.
Apesar disso, a
nova versão da saga de Duna continua sendo uma diversão
como poucas na televisão. Mas se o que você busca é uma
aventura realmente densa, recheada de níveis complexos e imaginação
desenfreada, prefira o livro. Esse sim, é uma aula.
Imagens ©
Sci Fi Channel
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