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Séries e TV

Crítica

3ª temporada de Titãs não entende material que adapta nem tom que usa

Série ignora tudo o que faz da HQ de Marv Wolfman e George Pérez um clássico da DC

10.12.2021, às 19H02.

Desde 2005, quando Batman Begins chegou aos cinemas, a DC passou a ser vista por grande parte do público como a casa de produções sombrias e adultas. Perpetuada por produções cada vez mais melodramáticas na TV, essa imagem só foi ser questionada 13 anos depois, com a estreia do Aquaman de James Wan. De lá para cá, títulos como Shazam!, Harley Quinn, Stargirl, Aves de Rapina, Patrulha do Destino e Superman & Lois conseguiram mostrar o lado verdadeiramente apaixonante do selo, abordando situações identificáveis sem nunca abrir mão dos elementos fantasiosos e por vezes exagerados do material que adaptam. Essa alteração de percurso, no entanto, nunca se refletiu em Titãs, que já parecia datada desde sua estreia no falecido DC Universe. Presa a uma falsa maturidade caracterizada por palavrões e cores sombrias, a série chegou à sua terceira temporada sem qualquer compreensão sobre o material clássico que adapta.

Teoricamente apoiado na fase de Marv Wolfman e George Pérez à frente de Novos Titãs, o seriado faz pouco mais do que usar nomes e uniformes de personagens clássicos, abandonando qualquer vestígio da profundidade vista nas páginas. Ignorando o tom jovem e questionador levado pela dupla para os gibis, Titãs se prende a uma angústia adolescente obsoleta, especialmente quando se leva em consideração que a maior parte dos heróis retratados já está na casa dos 30 anos de idade.

O novo ano também toma caminhos que são, na melhor das hipóteses, questionáveis. Dick Grayson (Brenton Thwaites) e Jason Todd (Curran Walters), são resumidos aos seus problemas com Bruce Wayne (Iain Glen), Mutano (Ryan Potter) e Ravena (Teagan Croft) aparecem como espectadores de luxo até os últimos momentos da temporada e o Espantalho (Vincent Kartheiser) é construído como uma máquina de reviravoltas constrangedora.

Esses problemas de roteiro são evidenciados pelas atuações pouco inspiradas dos protagonistas. Thwaites e companhia levam a série no piloto automático, explicitando seu tédio com a sequência infinita de plot twists e falas forçadas. Os trabalhos de Joshua Orpin e Damaris Lewis talvez sejam os mais problemáticos, com a dupla interpretando o apático casal formado por Superboy e Estrela Negra sem conseguir imprimir qualquer química que justifique a união dos personagens.

As grandes exceções à regra são Conor Leslie, que vive Donna Troy, e Anna Diop, intérprete da Estelar. Indo na contramão dos colegas, as atrizes esbanjam carisma e charme, sendo as grandes responsáveis por tornar essa terceira temporada de Titãs suportável. Mesmo prejudicadas pelo roteiro, as duas entregam atuações de qualidade que revelam camadas de suas personagens que o texto foi incapaz de explorar.

Dispensável, Titãs é produto de um estilo ultrapassado e há muito tempo superado pela DC na TV e no cinema. Com uma quarta temporada já garantida, a série tem muitas correções a fazer pela frente, especialmente se deseja honrar o legado que a HQ que a inspirou deixou na editora.

Nota do Crítico
Ruim