Santa Clarita Diet/Netflix/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Santa Clarita Diet - 3ª Temporada

Série estrelada e produzida por Drew Barrymore continua no caminho de criar a própria mitologia sobre mortos-vivos, mas sem se preocupar muito com isso

13.04.2019, às 10H57.
Atualizada em 04.07.2019, ÀS 17H43

Santa Clarita Diet não deve ser consumida pelo espectador desavisado, que foi levado pelo algoritmo da Netflix por ter visto Nunca Fui Beijada, Afinado no Amor ou Como se Fosse a Primeira Vez. A presença de Drew Barrymore no elenco, porém, é um dos ingredientes que tornam a série de mortos-vivos e cavaleiros medievais sérvios uma opção única no catálogo do serviço de streaming.

Parte dessa personalidade vem da sua assinatura de “filme B”, sem medo do gore e do humor. No terceiro ano essa ideia fica ainda mais clara, com a mitologia se expandindo e os atores cada vez mais à vontade na brincadeira. Há exagero em cada gesto, em cada diálogo, mas aqui a caricatura é sempre bem-vinda. Barrymore (a corretora de imóveis transformada em morta-viva por um marisco suspeito Sheila Hammond) e Timothy Olyphant (o marido atrapalhado Joel Hammond) dão vida a cada momento estapafúrdio, assim como Liv Hewson (a filha badass do casal) e Skyler Gisondo (o vizinho versado nas artes nerds). Em torno deles, um elenco de apoio igualmente sintonizado povoa um universo apto a transformar nazistas e machistas em comida.

Santa Clarita Diet não é uma série essencial, mas a retribuição é imediata quando se compra a proposta. Sem exigir compromisso ou mesmo a atenção plena do público, o seriado é uma distração com doses catárticas, dirigida e estrelada por quem sabe o que é e o que quer. Só não é uma boa opção para acompanhar as refeições, por mais que alimentação seja um tema recorrente, constantemente comparando partes humanas com iguarias culinárias para melhor entendimento - “Orelhas, crocantes e salgadas. Os anéis de cebola do corpo humano”.

Barrymore, que também produz a série, encontrou nessa dieta revigorante da pacata Santa Clarita, uma forma de brincar com sua persona, sempre entre a figura de queridinha da América e a rebelde. Se nos primeiros anos a piada era ironizar as vidas aparentemente perfeitas do subúrbio, a terceira temporada se aprofunda, à sua maneira, em temas existenciais, da busca por propósito à aceitação de si mesmo. É um subtexto que não tem a pretensão de ensinar nada, mas enquanto transforma cabeças em decomposição no funcionário do mês deixa alguma coisa para ser compreendida. A substituição do intérprete de Gary, por sinal, rende um easter egg para fãs de outra série B: Alan Tudyk entra para ocupar o lugar do colega de Firefly Nathan Fillion, que estava ocupado com as gravações de The Rookie.

O gancho do décimo episódio assina uma boa promessa para uma possível quarta temporada ainda mais absurda. Não que isso importe para que se continue a acompanhar a série. A espera não precisa ser ansiosa, mas a chegada de Santa Clarita Diet na Netflix é sempre bem-vinda.

Nota do Crítico
Ótimo