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Crítica

Indomável | Eric Bana brilha em bom suspense para maratonar no final de semana

Com muitos temas, mas nem todos bem explorados, história de assassinato abre caminho para diversos outros mistérios

18.07.2025, às 21H38.

Algumas coisas são certas na vida e uma delas é que a Netflix vai lançar um novo suspense para os assinantes maratonarem no final de semana e que, em alguns casos, o mistério viralizará nas redes sociais. Indomável, minissérie em seis episódios, estrelada por Eric Bana é o novo exemplar do streaming e tem tudo que os amantes do gênero e do binge-watching mais amam. 

Escrita por Elle Smith (A Filha do Rei do Pântano) e Mark L. Smith (O Regresso), a história acompanha o agente federal Kyle Turner (Bana), que vive no Parque Nacional de Yosemite, nos EUA, e precisa investigar a morte de uma jovem desconhecida após o corpo dela cair - ou ser jogado - do alto do El Capitán, formação rochosa de mais de 900 metros, famosa entre os praticantes de escalada. Se você assistiu Free Solo, documentário vencedor do Oscar, sabe o perigo que representa. Turner recebe a ajuda da guarda novata Naya Vasquez (Lily Santiago) e descobre que o parque tem outros segredos que vão se misturar com o assassinato.

Se o suspense de investigação funciona bem e a dinâmica entra Bana e Santiago, com o clássico oficial-veterano-ranzinza-treina-novato, seja bem construída, o elemento a mais que Indomável insere na história é o drama familiar. Há um motivo para Turner viver há anos em Yosemite e esse trauma se mistura na investigação. Claro, a série não deixa alguns clichês do gênero de fora, como o chefe do protagonista (Sam Neill), exemplo de família que o  apoia nos problemas, o vício em álcool, um outro guarda que rivaliza com ele (Wilson Bethel praticamente repetindo seu papel em Demolidor). 

Quem não deixa a coisa desandar é Eric Bana e uma ótima atuação, que nunca perde o tom e passeia bem entre o violento, o traumático e inesperados momentos de ternura quando tem que lidar com Gael, filho de Vasquez. É um clássico lobo solitário de western, com roupagem moderna, que se conecta com a natureza selvagem onde decidiu se isolar, mas não perde tempo para utilizar o celular na investigação, fugindo do trope batido do cara mais velho que briga com a tecnologia.

Falta à série, no entanto, o talento de um Taylor Sheridan, por exemplo. Na hora de amarrar todas as histórias, fica evidente que algumas ficam sem a atenção devida. É quase impossível não assistir Indomável e comparar diretamente com o ótimo Terra Selvagem, escrito e dirigido pelo criador de Yellowstone. Sheridan parece entender muito melhor o ambiente onde o crime acontece e os fatores históricos que moldaram aquele lugar do que os realizadores da série da Netflix. Existe o drama das comunidades indígenas que vivem em Yosemite, da crise econômica que leva outros a viverem em barracas no parque, entorpecentes e remédios e até questões de violência doméstica. Nenhuma delas realmente pesa como deveria. Há um monólogo aqui, outro momento mais incisivo ali, mas o grande interesse está nos problemas de Turner apenas.

Indomável é um bom suspense, daqueles que o assassinato principal vai desencadear uma onda de revelações e descobertas sobre quase todos os personagens da trama. Os ganchos entre os episódios são ótimos e favorecem o modus operandi de consumo na Netflix. Uma boa dupla de protagonistas, um mistério previsível, mas cativante e você tem a pedida perfeita para assistir em um final de semana. Pelo menos até a estreia do próximo e aí Indomável não será tão lembrado assim.

[Crítica publicada originalmente em 17 de julho de 2025]

Nota do Crítico
Bom