Séries e TV

Crítica

Game of Thrones - 6ª Temporada | Crítica

Em excelente temporada, série caminha para o final com interessantes tramas mais focadas

27.06.2016, às 02H05.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H38

A sexta foi a primeira temporada de Game of Thrones em alguns sentidos, mas o principal foi por ser o debute da série sem ter os livros como base. Claro, a história de George R.R. Martin nunca será contada sem o aval de seu criador, mas esse foi o ano que os criadores do programa, roteiristas e produtores Dan Weiss e David Benioff tiveram uma liberdade criativa maior para seguir com a história da maneira que bem entendesse, seguindo apenas as diretrizes predeterminadas pelo escritor dos romances.

Sendo assim, a sexta temporada da série seguiu em rumos que os fãs não conheciam. Teorias e mais teorias surgiram, todas baseadas em acontecimentos do material-base, da própria série e outras sem fundamento algum, mas a conversa girou em torno da produção durante pouco mais de dois meses seguidos. Independente de números de audiência, Game of Thrones cresce cada vez mais em todos os sentidos e talvez o mais perceptível deste ano foi em orçamento. Mesmo sem valores exatos divulgados, a Batalha dos Bastardos pode ter sido a maior e mais cara sequência televisiva da história.

[Cuidado, spoilers sobre a sexta temporada de Game of Thrones abaixo!]

Independente de mortes ou reviravoltas, o sexto ano de Game of Thrones foi o melhor e mais consistente de todos até agora. Ao longo dos dez episódios, a série deu continuidade a diversas de suas tramas, sabiamente focando mais em algumas do que em outras. Mesmo tendo todos os seus episódios gravados de uma só vez, como em uma produção cinematográfica, a revolta que Dorne causou entre os fãs no primeiro capítulo pareceu indicar aos envolvidos na produção que aquele núcleo deveria ser deixado de lado - mesmo que tudo já estivesse pronto quando o episódio foi exibido.

É essa percepção - e talvez a liberdade criativa tomada pelos roteiristas nessas dez partes - que tornou esse ano tão especial. Mesmo que alguns episódios tivessem um certo problema em encontrar seu ritmo, o sexto ano foi o que menos delongou as tramas. Uma das dificuldades de Game of Thrones nas temporadas anteriores era exatamente definir qual história contar, picotando seus episódios em curtas cenas que tocavam, mesmo por poucos minutos, em cada um dos principais personagens. Hoje fica claro que os verdadeiros concorrentes ao Trono de Ferro são poucos, mas determinados a ocuparem a posição de rei dos sete reinos: Cersei (Lena Headey) não deve permanecer ali por muito tempo, já que Daenerys (Emilia Clarke) já cruza os mares com seu gigantesco exército.

Apesar de ter como única ambição reconquistar Winterfell, Jon Snow (Kit Harrington) momentaneamente não é uma ameaça à liderança dos sete reinos, mas a visão de Bran (Isaac Hempstead Wright) e a revelação dos verdadeiros acontecimentos tão teorizados da Torre da Alegria podem indicar mudanças no norte e uma possível nova adição à concorrência pelo Trono. Será curioso ver quando a visão de Bran começar a chegar ouvidos, mais ainda quando chegar em Daenerys.

Acima de todos os méritos, no entanto, o sexto ano de Game of Thrones pareceu começar o encerramento da série. Além de declarações dadas pelos próprios atores de que a produção não deve durar mais muito tempo, a narrativa indica que estamos chegando ao fim. É como se as peças do tabuleiro estivessem próximas de um xeque-mate, mas quem será o rei a ser derrotado? Quem derrubará o regente? Ainda há diversas teorias de fãs que, assim como R+L=J, precisam ser esclarecidas ou derrubadas; tudo o que Maggy disse à Cersei em sua profecia se realizou até agora, com única exceção de sua morte, que deve ser causada pelo valonqar (irmão mais novo ou menor em valiriano), entre outras.

Independete do rumo da produção, a série aprende cada vez mais com seus deslizes. O sexto ano foi a prova de que é possível contar tantas histórias desconectadas e seguir uma linha lógica de pensamento, mesmo quando há deslizes na linha temporal. Ao terem completo controle sobre a obra, Weiss e Benioff encontraram sua linha lógica de pensamento, sem ter a influência dos livros para, de certa forma, atrapalhá-los. Foi encontrada, finalmente, a essência da adaptação.

Nota do Crítico
Excelente!