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Black Mirror | Saiba tudo sobre a quarta temporada da série

Durante painel na New York Comic-Con, criadores e Jodie Foster deram prévia do que vem por aí

09.10.2017, às 11H54.
Atualizada em 09.10.2017, ÀS 13H02

Que Black Mirror é um fenômeno global não é novidade. A série britânica criada por Charlie Brooker e Annabele Jones em 2011 usa o formato de antologia para contar histórias que às vezes chegam perto demais da realidade, deixando-nos com receio do que o futuro tecnológico pode nos proporcionar. O curioso, no entanto, é o quanto a série demorou para realmente ganhar tração nos Estados Unidos, tornando-se um sucesso após sua chegada à Netflix.

Durante o painel da série na New York Comic-Con, que foi mediado por Jodie Foster, ambos Brooker e Jones falaram um pouco sobre a série no geral, o que podemos esperar do novo ano e, mais especificamente, sobre “Arkangel”, o primeiro episódio do quarto ano que foi dirigido pela própria Foster.

Inicialmente, o roteirista e produtora explicaram que Black Mirror não é a série mais fácil de divulgar da carreira deles: “é complicado porque não há personagens recorrentes, então não podemos só chegar e dizer ‘bem, é isso que Jon Snow vai fazer por essa temporada’! Além disso, você meio que não quer saber”, explicou Brooker. “Mas o que podemos dizer é que dessa vez nós acabamos explorando vários gêneros diferentes”.

Apesar de estar no formato televisivo e seriado, vale apontar que durante toda a uma hora de painel Jones se referia aos capítulos como “filmes”, sempre falando deles como produções completamente independentes entre si. “A nossa vantagem é que podemos fazer tanto os filmes grandiosos como aqueles menorzinhos, quase que filmes Indies. Além disso, o bom de Black Mirror é que você sempre tem a sensação de surpresa, nunca dá pra saber exatamente o que vai acontecer dali para a frente”, revelou Jones.

Mesmo em tratando-se de filmes, esse ano de Black Mirror também deve explorar mais o mundo dos easter eggs, fazendo referências a si mesmo durante o decorrer da temporada. “Abrimos a mangueirinha dos easter eggs essa temporada, então fiquem de olho e prestem atenção em tudo”, sugeriu Brooker. Um desses momentos acontece logo no primeiro episódio, que necessitava de uma cena violenta e acabou usando o próprio arquivo da série como base.

Essa temporada também tem algumas temáticas mais leves. Segundo Brooker, a realidade atual deixa as coisas muito macabras, portanto, era interessante que a série explorasse também outros temas além daqueles mais sombrios que tanto foram explorados no passado - sem tirar a assinatura da produção, que é a capacidade do roteirista de quase prever nosso futuro da maneira mais realista e bizarra possível.

Brooker ainda contou que recebeu muitas reclamações dos fãs quando Black Mirror foi encomendada pela Netflix e passou a ser produzida nos Estados Unidos. “Todo mundo me dizia que a série ficaria muito americanizada, que perderia sua essência… Então pensei, que se dane, e ambientei o primeiro episódio na Califórnia dos anos 1980”, disse o roteirista sobre “San Junipero”. Ao longo de todo o painel, aliás, fãs da produção e de Brooker parabenizaram o time pela vitória do Emmy, além de sempre revelar seus capítulos favoritos antes de fazer sua pergunta durante o Q&A.

Uma dessas questões vindas dos fãs foi exatamente sobre “Waldo”, o terceiro episódio da segunda temporada de Black Mirror que mostra um personagem viral das redes sociais que se candidata ao cargo de primeiro ministro do Reino Unido. A questão foi exatamente a dificuldade da fã de se relacionar com o capítulo à época, já que Waldo era apresentado como fruto de uma sociedade brincalhona que talvez quisesse entender seus limites. A questão foi exatamente a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que acabou trazendo uma certa veracidade ao assunto, traçando ainda mais um paralelo de Brooker com a realidade.

Durante o decorrer do painel, nos foi apresentado um clipe de “Arkangel”, o primeiro episódio da quarta temporada que foi dirigido por Jodie Foster. O vídeo explicou brevemente a trama do filme, revelando que se trata de uma realidade em que as pessoas vivem muito e a tecnologia é muito avançada para auxiliar exatamente nessa sobrevida humana, mas foca especialmente na relação entre mãe e filha. Querendo proteger sua menina dos traumas do mundo, essa senhora leva-a a um experimento médico no qual é instalado uma espécie de programa no cérebro da menina e absolutamente tudo é controlável a partir de um tablet, que fica sob a responsabilidade da mãe.

É possível, por exemplo, controlar o que a garota vê e adicionar um filtro caso a cena em questão seja muito violenta para os olhos da criança; assim como é possível controlar sua localização e alertar a polícia caso ela desapareça. Apenas alguns exemplos são dados e, por tratar-se de Black Mirror, é possível prever o caos que isso pode causar na vida da jovem.

O quarto ano de Black Mirror vem por aí nos próximos meses, sem data definida, na Netflix.