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American Crime Story | Primeiras impressões de The Assassination of Gianni Versace

Episódios iniciais apresentam bela fotografia e introduzem bem caso emblemático da morte de Versace

10.01.2018, às 16H20.
Atualizada em 11.01.2018, ÀS 20H03

Após a primeira temporada de American Crime Story render nove Emmys e dois Globos de Ouro para Ryan Murphy, o anúncio da segunda remessa de episódios, intitulada The Assassination of Gianni Versace, veio rodeado pelas mais altas expectativas. Para alívio dos fãs, os dois primeiros capítulos da nova fase da série antológica são um bom atestado de que o padrão de qualidade visto na adaptação do julgamento de O.J. Simpson será mantido ao longo da temporada, ainda que mudanças significativas na narrativa tenham sido feitas. A trama, dessa vez, acompanha os eventos que culminaram na morte do estilista Gianni Versace pelas mãos do serial killer Andrew Cunanan em 1997 - os novos episódios estreiam dia 17 de janeiro no FX.

Divulgação/ Fox

Há um tom de grandiosidade em todo o primeiro capítulo: as cenas gravadas com drones dentro da mansão onde de fato Gianni Versace viveu, e onde foi assassinado a tiros, transmitem a sensação de um império estabelecido: o estilista é um rei dentro do seu próprio castelo. Há luxo e preciosismo nos detalhes - Ryan Murphy se preocupou em ser fiel à estética da segunda metade dos anos 1990, dando atenção a pontos que vão desde capas de revistas até a paleta de cores característica do período. Para curiosos acerca dos fatos por trás da produção, as cenas aéreas da mansão de Versace em Miami Beach mostram a propriedade de todos os ângulos imagináveis, destacando o padrão de luxo no qual o estilista viveu até os último dias.

Logo nos dois primeiros episódios, uma coisa fica clara: Penélope Cruz é a melhor coisa de The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story. Havia muita expectativa sobre o trabalho da atriz ganhadora do Oscar em 2008 por Vicky Cristina Barcelona em sua primeira performance televisiva. Na série de Murphy, Cruz vive Donatella Versace e a versão criada pela atriz é tão fiel quanto possível ao que o mundo conhece da famosa estilista italiana. Além das adaptações externas, como maquiagem, cabelos e figurino - todos impecáveis - o mais surpreendente é o trabalho corporal e o forte sotaque por vezes ininteligível empregados em cena: Penélope Cruz fala e anda como a mais perfeita cópia de Donatella Versace.

O trabalho de caracterização, em geral, é primoroso. É difícil ver Édgar Ramírez embaixo do já cansado Gianni Versace; o próprio Darren Criss se aproxima tanto quanto é possível da fisionomia do jovem assassino Andrew Cunanan. Até mesmo a versão de Ricky Martin para Antonio D’Amico, o namorado de longa data de Gianni, convence apesar da enorme diferença estética entre os dois. Sobre as atuações, o cenário é mais irregular. Enquanto Ramírez dá conta do recado, o astro porto-riquenho Ricky Martin soa um pouco mais apático do que deveria em algumas ocasiões que pedem mais energia. Sobre Criss, o ex-Glee tem nas mãos seu papel mais desafiador até então e parece ter tudo sobre controle: há, pelo menos, dois momentos nos dois capítulos iniciais em que ele domina a cena dando vida ao perturbador psicopata.

Dá para entender, é claro, os motivos pelos quais a família Versace escolheu tentar reduzir a adaptação literária de Murphy a uma obra de ficção - saiba mais - em todas as entrevistas dadas sobre o assunto: os primeiros episódios já introduzem algumas dinâmicas problemáticas dentro da família. Nunca foi segredo, por exemplo, que Donatella Versace e Antonio D’Amico tinham um relacionamento conturbado e isso, como era obviamente esperado, será abordado pela série - a estilista já disse em uma entrevista ao NY Times dois anos após a morte do irmão que nunca gostou de D’Amico, apenas o respeitava como namorado de Gianni. Outro ponto que a série deverá tocar ao longo da temporada de forma crítica, além, é claro, da homofobia, é a espetacularização da morte de um ícone midiático: há críticas pontuais à histeria coletiva e a busca por rentabilizar a todo custo situações como a do assassinato base da trama já nos episódios iniciais.

The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story começa com o impacto a série merece. Provavelmente, a segunda temporada não deverá fazer o barulho da primeira, mas é bastante provável que ela volte a figurar entre as indicações das principais premiações televisivas - Penélope Cruz tem grande potencial para ser a Sarah Paulson da vez, que levou Emmy, Globo de Ouro e SAG Award de Melhor Atriz em Minissérie ou Filme de TV por sua atuação no primeiro ano da série. Há diferenças narrativas consideráveis que distanciam a primeira e a segunda temporada, mas, ao invés de serem prejudiciais, abrem novas portas para a atração. Em seu segundo ano, ao que tudo indica, American Crime Story seguirá sendo a cereja no bolo de Ryan Murphy.

The Assassination of Gianni Versace terá 10 episódios e estreia em 17 de janeiro no canal pago FX.