Conhecida por suas produções próprias de alta qualidade, a Netflix faz sua primeira aposta no mercado nacional com 3%, sua primeira série produzida no país, que chega ao serviço de streaming no próximo dia 25.
A trama é situada em um Brasil distópico, onde a maior parte da população vive no Continente, um lugar devastado onde falta tudo: água, comida, energia. Porém, ao completarem 20 anos de idade, todas as pessoas têm o direito de passar pelo Processo, uma seleção que inclui várias provas e escolhe apenas 3% dos candidatos para irem ao Maralto, um local cheio de oportunidades, tecnologia e onde não falta nada.
A série começa quando uma nova turma de candidatos é aprovada e logo percebemos que cada um tem uma estratégia para vencer a disputa. Conheça abaixo um pouco sobre sobre eles:
A jovem misteriosa
Já conhecida do público brasileiro, Bianca Comparato ficou com a responsabilidade de fazer a protagonista Michele. Em entrevista ao Omelete, a atriz conta que seu envolvimento com o projeto é bem antigo: "Foi um convite feito há algum tempo, acho que há um ano e meio, quando não tinha nem os roteiros, era um embrião de projeto, e rolou um 'namoro' entre a Netflix, eu e a Boutique Filmes, que é a produtora. Ainda não tinha nem diretor, o que eu consegui ver na época é o que tem no YouTube, achei o tema interessante, fomos conversando e eu fui me apaixonando cada vez mais".
Apesar de não revelar muitos detalhes de sua personagem, Comparato diz que Michele é misteriosa: "Ela é uma dessas jovens que está buscando passar no processo, fazer parte dos 3%, mas ela esconde as motivações para isso. Ela não é tão óbvia na questão do 'quero melhorar de vida', ela tem várias camadas de intenção de estar ali, pensa muito sobre isso. Uma menina bem densa. Ela não está na 'massa' com todo mundo, simplesmente querendo ganhar a prova e passar".
A fugitiva
O grupo conta também com Joana, personagem de Vaneza Oliveira. Ao contrário de Comparato, a atriz fez o primeiro teste sem nem saber que a série era da Netflix: "Eu só sabia que era 3%. E isso foi ótimo também, fiz algumas coisas mais à vontade". Ela cita que sua preparação para as provas foi além da parte física: "Começamos o trabalho de preparação em fevereiro, principalmente para as provas psicológicas e para algumas que são físicas e psicológicas ao mesmo tempo. Essas foram as mais difíceis. Com o decorrer da série vai dar pra entender que cada prova reúne um pouco dessas duas coisas".
Oliveira também explica que sua personagem vive marginalizada e tem uma ideia muito diferente sobre seu futuro no Maralto: "O que move Joana para ir ao Processo é fugir, sobrevivência, ao contrário dos outros, que têm a esperança de um mundo melhor. Então o próprio Processo vai ser uma outra porta para a Joana, que ela nem sonhava".
O competidor perfeito
Outro nome que integra o elenco é Rafael Lozano, que faz o papel de Marco. O ator revela que ficou sabendo sobre a série ainda na época da produção do YouTube: "Eu conheci o pessoal que criou a série mais ou menos em 2008, 2009. Na época eles estavam chamando as pessoas para fazer o piloto, que é o que está no YouTube. Eu não fiz o teste, mas me arrependi de não ter ido. Depois eu fiquei sabendo do projeto da Netflix e conversei com a minha empresária sobre o teste, ela enviou o material e me chamaram. Foram mais ou menos seis testes".
Marco é de uma família conhecida por sempre ser aprovada no Processo, o que diz muito sobre o personagem. "Como estamos nesse momento do Brasil, com essa maluquice e meritocracia, etc, acho que meu personagem representa um pouco esse pensamento conservador. Minha inspiração foi ver o que o jovem de vinte e poucos anos está pensando, que tipo de discurso ele reproduz, focando nessa galera que tem o pensamento mais conservador, mais aristocrata, porque a história dele é essa. As pessoas o reconhecem e isso pesa também, porque vai determinar o que ele vai fazer para conseguir passar", completa.
O odiado por todos
Rodolfo Valente entrou para a série no papel de Rafael, e foi um sonho realizado. Como ator, ele acreditava que não conseguiria fazer um trabalho tão grande no Brasil: "Descobri a série pelo primeiro vídeo que a Netflix divulgou e quis fazer pelo menos um teste. Enviei meu material, mas no final do segundo teste eu achei que tinha ido muito mal, mas passei em todos. Foi algo muito especial, porque era um trabalho que eu queria muito fazer. Sendo sincero, sendo ator no Brasil, eu nunca pensei que conseguiria fazer algo assim. Sempre achei que teria que ir para os EUA".
Ao invés de tentar fazer amigos, Rafael já começa a disputa mostrando que está disposto a tudo - até mesmo trapacear - para conseguir chegar ao Maralto. "Acho que Rafael é um grande jogador. Ele vê que o Processo é um jogo, que tem regras próprias e muito estabelecidas. E, infelizmente, só 3% passam. Ele não tem um plano B, C. Ele vai passar, ele tem certeza disso, ele precisa passar. Ele não pode sequer pensar em uma alternativa que não seja passar para o lado de lá. Então ele pensa que vai passar por cima de quem for, fazer o que for preciso, mesmo que isso elimine outra pessoa".
O subestimado
Já Fernando, vivido por Michel Gomes, é o único personagem do grupo que possui deficiência física e isso se tornou um grande desafio também para o ator: "Fiz dois testes até descobrir que faria o personagem e foi bem legal e desafiador, por ser um cadeirante. Minha grande ideia era que Fernando e a cadeira fossem como um só. E foi uma experiência muito louca, porque eu faço um cadeirante, mas sinto minhas pernas, então em algum momento coça, algum bicho pica, etc. Porém, ainda na primeira semana de preparação, arrumaram uma cadeira de rodas para que eu convivesse com ela".
Fernando, porém, não quer ser tratado de forma diferenciada no Processo: "Na cabeça dele, a cadeira é mais um motivo para ele passar. As pessoas com deficiência sempre querem se mostrar fortes, que conseguem fazer as coisas, apesar das dificuldades. E Fernando é assim. Quando ele quer ajuda, ele pede. Inclusive há uma cena onde um rapaz vem ajudá-lo e ele discute com o cara. Acho que as pessoas com deficiência vão se identificar, porque apesar dessa deficiência física, ele é um cara inteligente, que tem sonhos, que ultrapassa barreiras".