John Mayer optou por "No Such a Thing", canção dos primórdios da carreira e que quase nunca entra em seus shows, para abrir a apresentação de sábado, no Palco Mundo do Rock in Rio 2013. O sucesso foi recebido com muita comemoração da plateia que, assim como diz a letra da música, parecia querer cantar a música "a plenos pulmões".
"Wildfire", do sexto e mais recente álbum de carreira do cantor, Paradise Valley, e "Queen of California", de seu penúltimo CD, Born and Raised, vieram na sequência, sem tempo para a banda respirar. O público retribuiu a energia do palco nessas três primeiras canções. E para quem esperava pelo Mayer das baladas, teve "I Don't Trust Myself With Loving You", com direito a dancinha do vocalista e guitarrista.
A calma do artista no blues revelava que o sério problema de garganta já não o afetava mais. Mayer preferia as notas mais graves, enquanto nos álbuns se ouvia agudos extremos, mas talvez por pura questão de conforto, já que o cantor brincava com falsetes no meio da música aparentando tranquilidade. Ao chegar na beirada do palco, Mayer causou histeria, e no telão tudo o que se notava eram fãs chorando emocionadas por vê-lo ao vivo, carinho que ele retribuiu com um "obrigado", em português.
Ao apresentar "Half of My Heart", Mayer trouxe uma nova versão para a canção e aproveitou para inserir o nome do Brasil na frase - que, em tradução livre, diz algo como "me esforçando para compreender o que todo esse seu amor pode trazer, Brasil", provocando mais reações do público. Ao fim da música, o americano acrescentou em inglês: "Esperei tanto para ver vocês. Eu te amo, Rio".
A luz do palco ficou mais baixa na hora de "Slow Dancing in a Burning Room", talvez uma das mais aguardadas, momento romântico acompanhado em uníssono pela plateia, que seguiu assim na poderosa seleção de músicas que se seguiu: com "Daughters", novo coro, um dos mais fortes da noite; e para dar continuidade Mayer afinou rapidamente seu violão e tirou "Your Body is a Wonderland", dando ainda uma provinha de "Neon", tocando a intro, cantando uma única frase da letra, e acelerando o resto do instrumental da música, tudo para preparar terreno para seu grande hit: "Waiting on the World to Change".
Antes de emendar mais uma canção, Mayer agradeceu muito, para só então começar a nova "Dear Marie", também do disco Paradise Valley. Quando os músicos terminaram de tocá-la e as luzes do palco se apagaram, o público continuou cantando sozinho "oh, oh, oh, oh", como no refrão, e eles então voltaram e retomaram a música. O tempo de apresentação já estava se esgotando, a plateia pedia por "Free Falling" e Mayer sugeriu "Stop This Train". Apesar da comemoração ao ouvir o sugerido, ele pediu que o público escolhesse entre essa e "Vultures", que originalmente aparecia no setlist nesse momento, e foi na base do grito que "Stop This Train" chegou para substituir "Vultures" na apresentação.
"Why, Georgia? Why?" também foi uma surpresa aos cariocas, e seguida de "Gravity" o artista encerrou a noite em alto estilo, agachando-se e fazendo solo de guitarra com o instrumento no chão. Não fosse o cronômetro batendo às costas, é bem possível que John Mayer ficasse na Cidade do Rock com seu som relaxante para sempre.