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Sangue novo na nova Marvel

Sangue novo na nova Marvel

ÉA
02.01.2001, às 00H00.
Atualizada em 06.11.2016, ÀS 03H09
Desde que Joe Quesada tornou-se editor-chefe da Marvel Comics, em agosto de 2000, os fãs da editora começaram a sentir algo estranho nos previews de suas revistas.

As primeiras medidas de Quesada – e de sua eminência parda, Bill Jemas – foram grandes revisões nas duas principais linhas da editora: a do Homem-Aranha e a dos X-Men. Diversas revistas estão sendo canceladas, e quase todos títulos terão escritores e ilustradores novos. A mudança se estende a algumas séries e mini-séries da linha Marvel Knights e está chegando aos títulos “normais”.

A conclusão é simples: Quesada está fazendo a mesma coisa que fez quando criou, ao lado de Jimmy Palmiotti, a linha Marvel Knights, mas numa escala maior. Isso lhe rendeu a editoria-chefe, afinal de contas. No entanto, agora, em vez de pegar nomes já consagrados para brincar de Universo Marvel, ele está catando criadores que a recém-despontam na indústria, “headhunting” do alto da DC ao meio dos independentes.

A maioria dos nomes é desconhecida do público americano (o que se dirá do brasileiro&qt;&) – alguns ainda nem têm trabalhos publicados por lá. Mas o Omelete prepara aqui uma listagem dos nomes que você provavelmente vai ouvir muito pela frente.

Brian Michael Bendis

Brian Bendis já tem quase 10 anos de quadrinhos, escrevendo e desenhando. Começou na Caliber com suas criações AKA Goldfish e Jinx, que alguns anos depois ganharam espaço na reformulação da Image por Jim Valentino. Já era adorado pelo público cult, e começou a chamar mais atenção com a mini-série Jinx: Torso.

O verdadeiro sucesso só veio em 2000. Adotado por Todd McFarlane, escrevia duas séries para a linha Spawn: Sam & Twitch e Hellspawn. Na Image, lançou o fantástico Powers. Na Oni Press, o autobiográfico Fortune & Glory.

Entretanto, o melhor de tudo veio quando Joe Quesada emprestou sua coleção de “Bendis comics” para o chefão Bill Jemas. Jemas viu um criador moderno e com nome em ascensão, e contratou-o para o projeto que viria a ser a linha Ultimate Marvel.

Bendis agora é o nome mais falado da indústria dos quadrinhos. E, digamos assim, o líder da revolução na Marvel. Está recontando, para o público do ano 2000, a origem do Homem-Aranha de forma inesperada, em Ultimate Spider-Man, e vai escrever outra série mensal com Peter Parker. Também está lançando uma mini-série do Demolidor e fazendo uma rápida participação na série da personagem.

A consagração chegou, finalmente. E esse nome ainda vai durar muito...

Axel Alonso

Ele não é escritor, nem desenhista, mas sua participação pode representar mais para a Marvel do que a de qualquer outro nome citado aqui. Um dos principais editores da DC/Vertigo, Axel Alonso aceitou o convite de Joe Quesada para remodelar a decadente linha de revistas do Homem-Aranha.

Alonso tem reputação de “criador de nomes”. Nas antologias da Vertigo, lançou Brian Azzarello, Doselle Young, Essad Ribic, Marcelo Frusin e outros que ainda estão emergindo. Quesada, no entanto, pegou-o por outro motivo: sua excelente relação com Garth Ennis, que editava em Preacher, bem como com o já mencionado Brian Azzarello (mais sobre ele daqui a pouco).

Comprovação&qt;& A mini-série Spider-Man: The Thousand, por Ennis e Steve Dillon (a mesma dupla de Preacher), já foi anunciada para abril, iniciando uma nova série do Aranha no estilo de Um Conto de Batman. E mais para a metade do ano, uma mini-série com o Hulk por Azzarello e Richard Corben (ilustrador das antigas, famoso desde o auge do Underground, mas também conhecido de Alonso na Vertigo) será editada por ele.

Sem falar na reformulação da linha Homem-Aranha, que promete muito. A personagem vinha passando por uma fase péssima (da qual os brasileiros já estão padecendo) enquanto Howard Mackie escrevia suas duas séries. Paul Jenkins pegou uma e virou-a 180 graus. Para equilibrar a balança, J.M. Straczynski vai substituir Mackie na outra. Um terceiro título, com equipe rotativa de ótimos criadores, completa a mudança.

Falando em Straczynski...

J.M.Straczynski

Na sua primeira edição em Peter Parker: Spider-Man, Paul Jenkins colocou Peter diante do túmulo do Tio Ben, reavaliando toda sua vida e chegando a conclusões que ninguém tinha percebido em 35 anos. J.M. Straczynski diz que vai além.

Se você é ou foi fã da série de TV Babylon 5, provavelmente conhece esse nome. Straczynski criou a série e levou-a por diversos anos nos Estados Unidos, criando um franchise que, por algum tempo, assustou o pessoal que ainda vive de Star Trek.

Agora, o escritor está voltando suas atenções para os quadrinhos. Ele já tinha escrito alguns na década de 80, mas a maxi-série, na Image/Top Cow, Rising Stars foi tratada como sua primeira incursão na indústria. E a história já está sendo chamada de “o novo Watchmen”...

Straczynski (certamente o nome mais complicado até agora) acabou ganhando uma linha própria na Top Cow, a Joe´s Comics, onde lançou a também mini-série Midnight Nation. Foi por essa época que recebeu a proposta de Joe Quesada para trabalhar em Amazing Spider-Man.

Fiel, consultou o pessoal da Top Cow, que concordou alegremente em deixá-lo pegar trabalho na Marvel também. Agora, está deixando os fãs do herói sedentos. Na sua coluna semanal no site Psycomic.Com, costuma dar algumas idéias do que vai fazer com a personagem. E, baseado no que está fazendo em seus outros quadrinhos, é provável que consiga o que quer com muito sucesso.

Stuart Moore

Outro ex-editor da Vertigo, Stuart Moore deixou sua primeira casa há dois anos, depois que algumas das revistas que editava começaram a ser proibidas pelos altos chefões da DC.

Logo que virou editor-chefe, Joe Quesada providenciou sua contratação pela Marvel. Moore agora é o responsável pela linha Marvel Knights e está desenvolvendo uma nova linha de quadrinhos adultos para a editora. Ou seja, é a chance de criar a sua própria Vertigo, sem interferências.

O editor ainda não é muito mencionado nas notícias, e é meio vago sobre seus trabalhos nas entrevistas que dá. Mas, em poucos meses, seu esforço na Marvel vai ganhar espaço e o pessoal da DC, certamente, vai se arrepender.

Brian Azzarello

Brian Azzarello era desconhecido até poucos meses. Mas, como toda série da Vertigo, 100 Bullets, criação sua, começou a ganhar espaço aí pela décima edição. O público começou a notar sua inventividade e perceberam que ele também estava escrevendo a tradicional John Constantine: HellBlazer havia alguns meses.

Lembram quando Garth Ennis estourou com Preacher&qt;& Mesma coisa. Azzarello, que nunca tinha trabalhado fora da Vertigo, agora já tem uma mini-série na Marvel agendada. Rumores dizem que ele pode pegar The Authority na Wildstorm, e outros ainda acham que ele será o substituto do já mencionado Ennis na série do Justiceiro.

E, podemos dizer assim, se quiser ele vai. Da mesma forma que Ennis foi convidado até para WildC.A.T.s no pico de sua fama, Azzarello está vivendo o paraíso.

Como já mencionamos, sua vinda à Marvel é resultado do bom relacionamento profissional com o editor Axel Alonso. Por enquanto é só uma mini-série de três ou quatro partes do Hulk, mas pode ter certeza que vem muito mais pela frente.

Brian Wood

Designer por profissão, Brian Wood aventurou-se nos quadrinhos, com o manifesto Channel Zero, na Image em 1997. Só pegou um público mais alternativo, mas chamou a atenção do escritor Warren Ellis, que dois anos depois o convidou para escrever Generation X, parte dos x-títulos que Ellis deveria remodelar no projeto Counter-X.

A Geração X, então, passou de mais uma equipe de mutantes teens para um grupo de adolescentes preocupados com os problemas sócio-políticos do mundo, e com poderes para mudá-los.

Infelizmente, Generation X foi cancelada pelo chefão Bill Jemas. Não por falta de vendas, mas porque Jemas achava que já havia muitas revistas de mutantes adolescentes. Contudo, o nome de Wood ainda circula pelos corredores da Marvel, e mesmo que ele não diga qual será seu próximo projeto, é certo que tem lugar garantido na editora.

Judd Winick

O cartunista Judd Winick já tem uma reputação que o precede. Participante do programa da MTV, Real World, em 97, ficou nacionalmente famoso. Garantiu um espaço na Oni Press para publicar suas próprias criações: a história “Road Trip”, que levou de cara uma indicação para o Eisner Award, e a mini-série The Adventures of Barry Ween, hoje na sua terceira encarnação.

Winick também publicou recentemente Pedro & Me, uma graphic novel autobiográfica muito elogiada pela crítica, e foi contratado pela DC, por pressão do editor Bob Schreck, que o conheceu na Oni, para escrever as aventuras do Lanterna Verde.

Na Marvel, Winick vai escrever uma nova série com Blink, a mutante que fez sucesso entre os x-fãs durante “A Era de Apocalipse”. Ainda é uma participação pequena, mas representa a vontade da Marvel em buscar todos esses nomes emergentes na indústria.

Fiona Avery

“Afilhada” de J.M. Straczynski, de quem falamos lá em cima, Fiona Avery escreve regularmente para revistas especializadas em entretenimento nos Estados Unidos, especialmente na área de ficção científica. Contudo, seu primeiro trabalho para os quadrinhos será a mini-série da Top Cow No Honor, que trata da história de um samurai nos tempos medievais.

Ela representa a velocidade da Marvel em buscar novos nomes: pouco mais de um mês depois do anúncio de No Honor, ainda não lançada, Avery disse que já estava escrevendo uma mini-série com Vampira para a Marvel.


Mais para o futuro

Outros nomes ainda estão pipocando do nada nos previews da Marvel. Olhe quem vem por aí:

- Trent Kaniuga, adotado pela Wizard há alguns anos como o editor independente mais jovem dos quadrinhos (tinha uns 16 anos à época), passou algum tempo desaparecido depois do fim de sua série Creed. Na Marvel, está fazendo capas para a série Marvel Knights e desenhará uma mini-série do Motoqueiro Fantasma.

- David Mack, que o público brasileiro já confere nas atuais aventuras do Demolidor, está aguardando a publicação de sua nova participação na série do personagem, desta vez como desenhista sob os roteiros de Brian Bendis. Mack é criador de Kabuki, atualmente publicada pela Image, e não se sabe se voltará a fazer algo na Marvel.

- Sean McKeever, criador do independente The Waiting Place, é presença regular nos fóruns de discussão sobre quadrinhos na Internet, mas é ainda meio desconhecido do grande público. Isso deve mudar com uma edição de Incredible Hulk que escreverá em breve, sinal de que provavelmente estará envolvido em outros projetos da editora no futuro.

- Vindos do bat-escritório da DC Comics, Devin Grayson e Greg Rucka estão tendo sua mini-série Black Widow: Breakdown publicada agora. Grayson ainda escreverá outra mini, com o Motoqueiro Fantasma. Provavelmente terão mais trabalhos na Marvel em breve.

- Chris Gosset Jr. é o criador de Red Star, mini-série na Image que conta a história da União Soviética com elementos místicos, atual sucesso de público. Usa ambientes 3D em seus quadrinhos, o que levou a Marvel a convida-lo para ilustrar uma revista encartada num novo videogame do Homem-Aranha, tentando buscar leitores num público atualmente maior. Provavelmente, está sendo assediado pela editora para fazer mais trabalhos por lá.

- Kaare Andrews, outra artista digital, teve seu primeiro trabalho na mini-série da Image Intrigue. Fez algumas edições de Gambit, e agora está nas capas de Iron Man e Peter Parker: Spider-Man. Com trabalhos quase sempre feitos totalmente no computador, Andrews é a arma da Marvel para atingir o público mais ligado nos videogames.

Além desses todos, vale lembrar que vários excelentes escritores estão voltando à companhia: Garth Ennis, Mark Millar, Paul Jenkins, Joe Casey, Grant Morrison... e os desenhistas anunciados para as próximas edições de Ultimate Spider-Man Team-Up: Matt Wagner, Dave Gibbons, Dan Brereton, Terry Moore, Steve Rude, Phil Jimenez, Jim Mahfood, Mike Allred, John Totleben, entre outros.

Parece que o império dos Terry Kavanaghs e Tom DeFalcos está acabando, e certamente contribuindo para uma Marvel muito melhor e diversificada. Como quase todo mês tem aparecido algum nome inesperado nas notícias, fique de olho no Omelete: muita gente ainda está por vir.