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Polêmica no gibi da Garota-Aranha

Polêmica no gibi da Garota-Aranha

RM
08.08.2005, às 00H00.
Atualizada em 18.02.2017, ÀS 18H04

A revista da Spider-Girl May “Mayday” Parker, filha de Peter Parker e Mary Jane que herdou os poderes do pai em um futuro alternativo do Universo Marvel, ganhou um certo destaque na mídia estadunidense recentemente.

O motivo, no entanto, não foi mais uma das incontáveis ameaças de cancelamento pelas quais o gibi passou nos últimos anos (aqui), mas a história intitulada “The girl who fell to earth” (publicada na edição 89), que toca num tema polêmico: o dos relacionamentos abusivos, nos quais um dos membros da relação, geralmente o homem, abusa fisicamente de sua parceira.

A história mostra May tentando ajudar uma amiga a lidar com seu violento namorado e coloca a heroína em uma situação difícil, já que ela não sabe se conseguirá manter a calma (e seus poderes em controle) na hora em que confrontar o agressor da colega.

“Tudo isso me assusta, porque eu não havia percebido que adolescentes estavam tendo esse tipo de problemas com seus namorados. Quanto mais li sobre isso, mais fiquei assustado, então Ron Frenz (desenhista do gibi) e eu decidimos contar uma história baseada nesse problema crescente”, disse ao site The Pulse o roteirista e criador de Spider-Girl, Tom DeFalco.

O escritor disse que tomou consciência desse problema quando escutava ao noticiário. Ele escutou o caso de uma adolescente que havia sido esfaqueada pelo namorado e, conforme a história caminhava, DeFalco escutou as estatísticas sobre esse tipo de abuso.

Foi com tudo isso em mente que DeFalco introduziu a personagem Sandra Healy no gibi e começou sua história. Segundo ele, tudo começou num dia em que May chega em casa um tanto quanto machucada. Mary Jane decide então ensinar a filha um jeito de usar maquiagem para cobrir e disfarçar os hematomas. MJ já havia feito isso antes, ajudando Peter e também na adolescência, cobrindo os próprios machucados feitos por seu violento pai. Pouco tempo depois, May estava no banheiro do colégio Mid Town High e uma colega (Sandra) nota o que ela está fazendo e pergunta “Foi seu namorado ou seu pai?”. Essa seqüência introduziu a personagem de Sandra e deu uma dica sobre o problema que ela enfrentava.

Um problema que o roteirista não sabia exatamente como seria resolvido. Na verdade, ele pensou que havia encerrado a história de Sandra algumas vezes antes dessa edição do gibi. “Em pelo menos duas vezes, achei que a história estava acabada”, disse. “Mas o problema é que adolescentes, assim como mulheres maduras, voltam para seus namorados ou maridos; então, de alguma forma, essa história não está nunca realmente terminada. Então, devido a esse padrão de comportamento , Sandra e Howard (o namorado) acabaram reatando algumas vezes”.

O escritor ficou positivamente surpreso com o fato do gibi ter atraído a atenção da mídia, a ponto de ser mencionada no periódico New York Times. “Meu objetivo sempre é contar uma história pessoal da Spider-Girl em cada edição. Na minha cabeça, ela é uma pessoa de verdade. Do modo como Ron Frenz e eu vemos, essa foi apenas outra edição. Nesse gibi, nós tocamos em uma série de diferentes assuntos ao longo dos anos. Nós tentamos fazer com que cada edição seja especial e não fizemos nenhum estardalhaço em cima dessa história, porque sentimos que era apenas mais uma”.

Diferente da maioria dos gibis da Marvel, em que cada história é dividida em pelo menos duas partes para facilitar a compilação na hora de transformá-las em encadernados, DeFalco e Frenz trabalham de maneira diferente em Spider-Girl, preferindo que cada edição traga histórias fechadas.

Um dos melhores gibis publicados pela Marvel atualmente, Spider-Girl não encontra espaço nas editoras brasileiras. Desde que foi lançada, a Garota-Aranha, como foi conhecida por aqui, teve míseras oito histórias publicadas no gibi A Teia do Aranha, da Abril Jovem, e outras três no malfadado Almanaque Marvel, da falecida Pandora. A Panini, apesar do excelente trabalho que realiza com a Marvel no Brasil, já declarou mais de uma vez que não tem planos de publicar as histórias da escaladora de paredes por aqui. Quem perde são os leitores.