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Platinum End | Mangá dos criadores de Death Note aborda temas polêmicos com arte deslumbrante

Obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata chega ao Brasil

12.04.2018, às 11H51.
Atualizada em 12.04.2018, ÀS 13H56

Platinum End é a nova obra de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, a consagrada equipe por trás de Death Note e Bakuman. A dupla volta aos mangás em grande estilo, misturando temas polêmicos e arte espetacular.

A trama acompanha Mirai Kakehashi, um garoto insatisfeito com sua vida miserável que decide se suicidar. Ao pular de um prédio, Mirai é salvo por um anjo, que lhe dá poderes e revela que ele agora é um dos 13 candidatos a Deus, que está se aposentando.

Assim como em seus trabalhos anteriores, o roteiro de Ohba vai direto ao ponto. Sem rodeios apresenta o protagonista e seus dramas, enquanto faz suspense sobre a parte sobrenatural desse universo. Os traumas que motivam Kakeshi são expostos de cara, o autor dá pistas sobre o papel dos anjos, quem é Deus e por que ele está se aposentando, deixando o tema propositalmente nublado para que o leitor possa fazer a sua própria investigação.

Comparações com Death Note são inevitáveis, especialmente porque Platinum End trás características similares ao primeiro, como companhias sobrenaturais que só podem ser vistas pelo protagonista e um jogo de estratégia para não ser pego por um rival. Porém, essas similaridades são usadas de forma inteligente, muitas vezes subvertendo conclusões e tomando um rumo diferente do imaginado.

O roteiro falha é a forma superficial como trata um tema tão espinhoso como o suicídio. Apesar de deixar bem claro quão miserável era a vida de Mirai até aquele ponto, o roteiro não toma cuidado em desenvolver o tópico, tornando banal uma ação extrema. Sendo um mangá voltado ao público jovem adulto em tempos em que a taxa de suicídio cresce significativamente, uma reflexão sobre o assunto seria mais que bem-vinda.

Já a arte de Obata segue em alto nível, dando a carga dramática que a trama exige. O design de personagens é meticuloso, e as páginas têm uma composição de quadros fluida, que dão peso aos eventos. O traço é minucioso, caprichando tanto na beleza com que retrata anjos de aparência imaculada em cenários divinos, como na imundície humana, carregada de tragédias e brutalidade.

Em suma, Platinum End derrapa ao retratar assuntos delicados de forma banal, mas começa a construir uma trama promissora com arte deslumbrante.

O mangá, publicado desde 2015, está na edição 8 no Japão e começou a ser publicado este mês no Brasil pela Editora JBC.