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O Assassinato no Expresso do Oriente | Como um sequestro inspirou Agatha Christie a escrever o clássico

Longa baseado no romance da escritora será lançado nessa semana

28.11.2017, às 17H44.
Atualizada em 28.11.2017, ÀS 21H01

Agatha Christie é uma das maiores autoras de todos os tempos. Suas histórias continuam atuais até os dias de hoje e, entre seus grandes clássicos, está O Assassinato no Expresso do Oriente, livro lançado na década de 30 que é um thriller tão atemporal que nesta semana será lançada no Brasil uma adaptação cinematográfica com nomes como Kenneth Branagh, Daisy Ridley e Johnny Depp. A ficção é conhecida pelo suspense e o mistério, mas muito do trabalho da escritora foi baseado em fatos reais.

A história do futuro livro começa com a ligação da autora com o Expresso do Oriente, um serviço de trem de longa distância criado em 1883 que ligava a cidade de Paris, na França, com onde hoje é Istambul, na Turquia. Considerado um dos trens mais importantes do mundo, ele abrigava membros da alta sociedade europeia e, entre seus passageiros, sempre aparecia Agatha Christie - que em 1928 realizou sua primeira viagem no veículo.  

Segundo o livro Agatha Christie, A Biography, em 1931 um incidente a deixou presa dentro do trem junto com todos os outros passageiros. Após visitar seu marido, que trabalhava em uma escavação arqueológica em Nínive, ela pegou o Expresso do Oriente de volta para Europa e acabou parando por 24 horas por conta de uma chuva. Christie não perdeu tempo, e logo escreveu para o seu marido descrevendo o ocorrido e, em sua carta, deu detalhes de alguns dos passageiros, explicando características físicas das pessoas que mais chamaram sua atenção (mais tarde, muitos deles serviram de base para o futuro romance).

A ideia de criar uma história com o veículo teria nascido nessa época, mas o grande mistério da história que faria o livro ganhar forma aconteceu um ano depois, quando a autora descobriu sobre o sequestro envolvendo a família Lindbergh.

Em 1932, Charles Lindbergh Jr., o bebê de um famoso aviador da época, foi levado de seu berço enquanto dormia em sua casa em Nova Jersey. Apesar de diversas buscas, a polícia foi incapaz de encontrar o bebê que, tempos depois, foi achado morto. Imediatamente as suspeitas caíram em cima dos empregados do local e as autoridades começaram a investigar os possíveis envolvidos.

Uma empregada chamada Violet Sharp foi imediatamente apontada como a principal suspeita. Ela foi interrogada diversas vezes e chegou a ser acusada pela mídia de ser cúmplice do crime. Eventualmente, ela não aguentou a pressão em cima de seus ombros e acabou cometendo suicídio. Para surpresa de todos, após sua morte a polícia concluiu que ela não estava envolvida.

Com isso, o imigrante alemão Bruno Hauptmann acabou como principal suspeito do caso. Com a pressão da mídia para encontrar um culpado, a polícia o prendeu e o júri local o condenou à morte pelo crime de sequestro e assassinato. Porém, ele morreu jurando inocência e dúvidas sobre o caso existem até os dias de hoje.

Segundo o site oficial da autora, o caso inspirou Christie e ela o levou para o famoso Expresso do Oriente. Na trama, o trem é parado por uma tempestade de neve na Iugoslávia quando se descobre que na noite anterior um passageiro foi assassinado e se desenrola a trama com o detetive Poirot encarregado pelo caso que se desenrola de maneira semelhante a sua grande inspiração. 

O livro é um dos grandes trabalhos de Christie, que conseguiu transformar a vida real em um romance além de seu tempo. Agora, com o novo filme, a expectativa é que a história chegue até novos fãs e possibilite que um público diferente conheça o trabalho de uma das maiores escritoras de todos os tempos.