Será que aquele projeto que foi tantas vezes notícia aqui rendeu alguma coisa boa ou foi decepcionante? Quais são as novas séries que estão agitando os leitores americanos? Onde estão surgindo os novos nomes, seja de escritores ou ilustradores?
Vamos conferir aqui, sempre atentos às lojas especializadas americanas, as respostas para estas e outras perguntas.
Ultimate Spider-Man 50
Você piscou e, de repente, já estamos na edição 50. Soa estranho, mesmo, especialmente porque Brian Bendis decidiu fazer uma série que, cliffhanger a cliffhanger, não pára nunca. Aliás, às vezes, pisa de leve no freio, e é isso que soa ainda mais estranho. O número comemorativo vem justamente após algumas edições meio paradas. Peter continua crescendo e aprendendo a cada dia, e aqui encara pela primeira vez uma vilã que o vence mais rápida e fácilmente do que ele poderia imaginar. A Gata Negra, versão Ultimate, é uma ladra silenciosa que dá azar a todos que cruzam sua frente. E Peter acaba impregnando-se de azar, pois o pai de Mary Jane está perto de descobrir que ele é o Homem-Aranha. Ultimate Spider-Man é irretocável. Você não precisa tirar nem pôr nada. É obrigatório levar em conta que a publicação dirige-se a um público específico, o adolescente que está conhecendo o Aranha - e quem já é familiar com o herói tem que reconhecer que Bendis faz um excelente trabalho. As personagens são consistentes e críveis, os diálogos são ótimos e o relacionamento Peter-Mary Jane é algo para ser lembrado por décadas (sim, nesta versão também). Tem como melhorar? |
JSA All-Stars 7
A minissérie em si é daquelas fraquinhas (a não ser que você goste mesmo da Sociedade da Justiça), e mesmo o pessoal que foi chamado pra fazer histórias secundárias - Howard Chaykin, Darwyn Cooke, Jeph Loeb e Tim Sale, Brian Azzarello e Eduardo Risso - não se esforçou muito. A idéia deles, aliás, era fazer uma aventura no estilo da Era de Ouro. Acabaram caindo demais naquelas aventuras inocentes e, hoje, sem graça alguma. No entanto, a edição 7 (de 8) da minissérie tem um destaque, que muda tudo de figura. Michael Chabon, o romancista autor de As incríveis aventuras de Kavalier & Clay e Garotos incríveis, publica sua primeira história em quadrinhos. E não leva tão a sério a proposta de criar uma aventura dos anos dourados. Seu conto com o Sr. Magnífico passa-se nos anos 40, mas é apenas uma peça curta sobre o relacionamento entre o herói e seu irmão vagabundo. Não é uma história fantástica, mas é muito bem escrita. Michael Lark faz o ótimo trabalho de sempre nos desenhos, cada vez mais lembrando Alex Toth. E Chabon entra nos quadrinhos pela porta da frente, mostrando que a gente tem muito o que aprender. Tomara que continue por aqui. |
Invincible 6
Robert Kirkman é o cara. Depois de alguns anos penando para publicar seu independente Battle Pope e chamar atenção da crítica, ele finalmente conseguiu seu lugar ao sol com algumas dezenas de séries e minisséries na Image. E em breve deve deslanchar com algum trabalho para Marvel e DC. Olho no cara. Por quê? Porque Invincible é uma das boas e criativas séries que surgiu este ano. Nisso, lembra Runaways, que comentei faz alguns meses. São gibis bastante simples, com algumas boas idéias. No caso, Invincible é o nome que Mark, o filho adolescente do maior super-herói da Terra, adota quando descobre que também tem super-poderes. Não que isso seja uma surpresa, pois seus pais já esperavam a carreira de super-herói do herói desde que ele nasceu, como se fosse a chegada da puberdade. A publicação é, então, sobre o estranho cotidiano da família Grayson. Quando chega em casa dizendo que seu pai foi raptado por um ser de outra dimensão, Mark não se impressiona quando a mãe diz para eles jantarem antes que a comida esfrie. Tudo já foi feito, tudo já é normal. Só falta Mark se acostumar com seus poderes. O único problema na série talvez seja esse: em seis edições, a história andou lentamente e está começando a ficar repetitiva. Afinal, não há conflito. É de se acreditar, porém, que Kirkman está preparando algo para dar uma mexida - boas idéias parecem não estar em falta na sua cabeça. |
Trouble 5
| Começou meio mal e foi piorando a cada edição. Trouble foi Mark Millar usando mais clichês por metro quadrado a cada capítulo, e chegando a um final que até agora não chamou atenção de ninguém. Recapitulando pra quem perdeu: Trouble é a história de como as amigas May e Mary conheceram os irmãos Ben e Richard, e como nasceu Peter Parker (que você deve saber quem é). O bafafá antes do lançamento dizia que a minissérie colocaria em dúvida quem são os verdadeiros pais de Peter. E, bem, poisé... Seria canalhice minha revelar o final, né? Foi uma história sobre jovens com hormônios à flor da pele no verão de suas vidas, com camas tremendo, troca-troca de casais e descuidos que podem arruinar seu futuro. Só fique com uma coisa em mente: a Marvel não criaria bafafá de graça, desapontando leitores ao não fazer revelação nenhuma e deixando tudo como está. E não, não é necessariamente o que você está pensando. Mas, repito, não vou estragar a surpresa de quem ainda não leu. |
Wolverine: Snikt 5
| Na minissérie da linha Tsunami, Logan é levado ao ano 2058, onde o que resta da humanidade está lutando contra uma raça de robôs mutantes que só pode ser destruída por adamantium. Meio sem pé nem cabeça e semelhante demais com Matrix. Wolverine faz as vezes de Neo. Até no visual apocalíptico, Matrix foi copiado. O autor Tsutomu Nihei - que, reconheça-se, faz mangá de verdade nos Estados Unidos, coisa rara - estava sem qualquer criatividade no roteiro e só criou desculpas para mostrar garras dilacerando maquinário. Se você gosta de ver Logan rasgando tudo que vê pela frente, e também de mangás, ok. Se quer uma história consistente e criativa, bem... |
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