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Briga de gigantes nas comic shops dos Estados Unidos

16.06.2008, às 14H00.
Atualizada em 05.01.2017, ÀS 17H03

Na coluna "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos

1985

Batman

Giant Size Astonishing X-Men

All Star Superman

Final Crisis

Uncanny X-Men

Uma semana

Mensalmente você lê aqui no Omelete sobre a briga ferrenha por fatias do mercado de HQs nos EUA. Segundo os relatórios da Diamond Comics, que monopoliza a distribuição de quadrinhos por lá, Marvel e DC dominam juntas 70% da grana bruta que circula pelas comic shops, sendo que Dark Horse, Image e dezenas de outras editoras menores brigam pelos restos.

Os sites especializados (e você) só têm acesso a este relatório mensal das vendas. A briga, porém, é semanal. Toda quarta-feira, para ser mais preciso - é o dia sagrado em que as comic shops recebem gibis novos, lá fora.

Imagine: Assim como você tem os resultados das bilheterias do fim de semana na segunda-feira após as estréias, ter uma visão dos gibis mais procurados da semana aí pela sexta-feira pós lançamentos. Aposto que a gente teria uma visão um pouco diferente do mercado - com vaga inclusive para aquelas editorazinhas menores que brigam pelo vácuo de Marvel e DC.

(Um dos motivos pelos quais isso não acontece, acho, é que os números seriam decepcionantes: algumas dezenas de milhares de unidades vendidas contra os milhões arrecadados por cada filme do Top 10 semanal.)

Prova de que a gente faria bom uso destes relatórios semanais: a última semana de maio deste ano. No mesmo dia 28, as comic shops receberam ao mesmo tempo:

  • Final Crisis #1  
  • Giant-Size Astonishing X-Men #1
  • All-Star Superman #11
  • 1985 #1
  • Batman #677
  • e Uncanny X-Men #498

A primeira edição do evento DC do ano. O fim da mais comentada e mais bem-vendida saga mutante da década. O penúltimo capítulo da histórica série de Superman. O lançamento da nova minissérie de Mark Millar. E duas séries que têm freqüentado o topo dos relatórios mensais, ambas em novas fases.

O relatório mensal da Diamond para maio deve sair nos próximos dias, provavelmente trazendo todas elas no Top 20. Mas a minha curiosidade é grande: O fato de os leitores terem optado mais por Final Crisis ou por Astonishing X-Men - uma delas deverá estar no topo - diz muito sobre o estado atual da Marvel e da DC. Esta última anda mal das pernas, e o fato de perder espaço para Astonishing seria o prego definitivo no caixão. Pelo contrário, se Final Crisis, um projetão com o melhor escritor (Grant Morrison) e o melhor artista (J.G. Jones) da DC, com a promessa de mudar os rumos do universo de heróis, ficar no topo, taí um bom sinal de que a casa de Batman e Superman tem futuro.

Pessoalmente, gostei mais de Astonishing X-Men - que não é melhor a edição de Joss Whedon e John Cassaday com os mutantes, mas tem umas sacadas sensacionais. De qualquer forma, é difícil comparar o fim de uma saga com o início de outra. Inícios tradicionalmente são monótonos, como é o de Final Crisis.

Na segunda dobradinha, All-Star Superman contra 1985, outro páreo complicado. As duas lidam com nostalgia: Uma é para os fãs de todas as eras de Superman, outra para os que lembram um dos melhores momentos dos heróis Marvel. Ambas têm escritores da moda - Grant Morrison e Mark Millar - e desenhistas bem acima da média - Frank Quitely e Tommy Lee Edwards. All-Star Superman #10, a edição precedente, que comentei duas colunas atrás, é uma das HQs mais elogiadas do ano. Millar está na crista da onda com O Procurado (Wanted) chegando à telona. Quem ganha essa?

Nas vendas, não sei. Na leitura, complicado. All-Star sofre por ter tido uma edição precedente maravilhosa, talvez insuperável. 1985 segue a regra dos inícios monótonos, embora prometa bastante. Na dúvida, fico com as duas.

Por fim, Batman #677 e Uncanny X-Men #498 não trazem nenhum momento marcante para as best-sellers. É o segundo capítulo de "Batman R.I.P." e o quarto de "X-Men Divided", respectivamente, e as duas arrastam-se em suas tramas.

X-Men é o pior trabalho da vida de Ed Brubaker - o escritor, tão qualificado para outros projetos, está perdido no x-universo. E o Batman de Grant Morrison, embora tenha passado por edições fantásticas, anda simplesmente insano. Os leitores se perguntam há quatro ou cinco edições aonde a história maluca sobre morte, traumas e meditação vai levá-los.

Seja como for, ambas continuam vendendo bem. E Batman sai ganhando simplesmente porque Uncanny X-Men é, além de complicada (sim, você ainda precisa de um x-doutorado para ler), mal escrita.

Fim das contas: Não sabemos como foram nas vendas; em boas leituras, porém, DC e Marvel estão empatadas. Lembrando, claro, que estamos falando de uma semana específica, mesmo que de peso, entre as cinqüenta-e-duas do ano. Mas seria legal ter acesso a estes gráficos e fazer estas comparações toda semana.

Outra forma de ver o resultado é concluir que Grant Morrison domina: O cara é o escritor dos três títulos DC mencionados. Sem ele, a editora se afunda. Pensando daí, vale a pena a DC pensar em duas coisas. Primeiro, não encher o saco de Morrison. Segunda, conseguir logo outros escritores do mesmo calibre, pois parece que é esse o motivo do sucesso da concorrência.

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